Literatura de cordel e a xilogravura no nordeste

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Xilogravura e literatura de cordel no nordeste
Xilogravura

A literatura de cordel e a xilogravura, técnica de gravura na madeira, foram trazidas pelos portugueses, mas ganharam no Brasil personalidade e se tornaram uma marca do Nordeste.

O trabalho do artista J.Borges une essas duas técnicas e é reconhecido no mundo inteiro.

Foi no mundo do sertão que J. Borges, cordelista e gravurista, nasceu, foi menino e se criou entre as escritas no avesso. “Aqui no Nordeste por conta do poder aquisitivo lá em baixo, criou-se muitos artistas.

Todo mundo tinha que viver e não tinha emprego, não tinha nada, a maioria não sabia nem escrever. E aí passava para escrever cordel, pra fazer gravura, boneco de barro”, conta o artista.

Nos anos 40, no sertão não tinha rádio, televisão nem existia no Brasil, jornal não chegava tão longe, livraria era nome que ninguém conhecia.

Tempo de letra fraca no sertão, foi assim que o cordel nas feiras, nos povoados, passou a levar notícias, história de amor e de humor. Muita gente aprendeu a ler com a literatura de cordel.

“Me criei no sítio e a única informação era dada pelo cordel que meu pai comprava na feira pra gente ler, a virada do trem, a virada do caminhão de Gravatá, a cheia de Maceió, saía os cordeis meu pai levava.

Era o jornalismo nosso. Eu entendi de comprar e vender o cordel, pelas praças, pelas feiras, me dei muito bem. Foi onde surgiu a necessidade de ilustrar. Sem a ilustração no cordel, não vendia. Se botasse só a letra, o povo não comprava”, explica.

Xilogravura
Xilogravura

Hoje o cordel não traz mais notícias, nem novidades para o povo sertanejo, descansam nas prateleiras o velho que enganou o diabo, a moça que virou cobra ,o pinto pelado, o grande debate de lampião com são pedro, a desventura do corno ganancioso.

J. Borges há muito tempo não vive do cordel, para ilustrar as antigas histórias aprendeu sozinho a fazer xilogravura: “Xilogravura é gravura em madeira e quem faz a xilogravura é o xilógrafo”.

É essa hoje é a sua grande arte. Da maneira mais artesanal, ele desenvolve o seu ofício e, na madeira cor de canela, esculpe as histórias do sertão do Nordeste, as paisagens, os bichos, os costumes daquela gente.

Vende gravuras para o Brasil inteiro e costuma dar aulas no exterior.

Vídeo sobre a Xilogravura

O vídeo a seguir mostra, passo a passo, como fazer xilogravura, essa técnica milenar que além de bonita, é fonte de renda para muitos dos nossos artistas populares.

Cordel e Xilogravura uma parceria que já dura mais de um século! Xilógrafos e Cordelistas são faces de uma mesma moeda, indispensáveis na produção dos folhetos.

Essa técnica, que se tornou tão popular no Nordeste, presente nas capas do livrinhos de cordel, ainda hoje ganha adeptos e admiradores da arte, graças ao barato custo e simplicidade de execução.

O que é xilogravura?

Xilogravura significa gravura em madeira.

É uma antiga técnica, de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução.

literatura de cordel
literatura de cordel

Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do desenho.

Na fase final, é utilizado um tipo de prensa para exercer pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte.

Um detalhe importante é que o desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao artesão.

Existem dois tipos de xilogravura: a xilogravura de fio e a xilografia de topo que se distinguem através da forma como se corta a árvore.

Na xilogravura de fio (também conhecida como madeira à veia ou madeira deitada) a árvore é cortada no sentido do crescimento, longitudinal; na xilografia de topo (ou madeira em pé) a árvore é cortada no sentido transversal ao tronco.

A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros.

A xilogravura era frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel.

Alguns cordelistas eram também xilogravadores, como por exemplo, o pernambucano J. Borges (José Francisco Borges).

A xilogravura também tem sido gravada em peças de azulejo, reproduzindo desenhos de menor dimensão. Esta é uma das técnicas que o artesão pernambucano Severino Borges, tem utilizado em seus trabalhos.

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História da xilogravura

Xilogravura
Xilogravura

Xilogravura que é uma técnica de reprodução de imagens, e textos também, que se utiliza de uma matriz de madeira.

A matriz é entalhada à mão com um buril ou outro instrumento cortante. As partes altas que receberão a tinta é que vão imprimir a imagem no papel.

A gravura mais antiga foi encontrada na China , era uma oração e data o ano de 868. Egípcios, indianos e persas, a usavam para a estampagem de tecidos.

Mais tarde, foi utilizada como carimbo sobre folhas de papel para a impressão de orações budistas na China e no Japão.

No Ocidente, começa a ser usada no final da Idade Média (segunda metade do século XIV), ao ser empregada nas cartas de baralho e imagens sacras. No século XV, pranchas de madeira eram gravadas com texto e imagem para a impressão de livros que, até então, eram escritos e ilustrados a mão. Com os tipos móveis de Gutemberg, as xilogravuras passaram a ser utilizadas somente para as ilustrações.

No Brasil, a xilogravura chega com a mudança da Família Real portuguesa para o Rio de Janeiro.

Os primeiros xilogravadores apareceram depois de 1808 e se alastraram principalmente pelas capitais, produzindo cartas de baralho, ilustrações para anúncios, livros e periódicos, rótulos, etc.

O primeiro folheto de cordel impressos, ou mais antigo, que se tem notícia é de autoria de Leandro Gomes de Barros – 1865-1918).

A xilogravura foi usada por muito tempo para ilustrações de periódicos como jornais. Um exemplo disso é o Jornal Mossoroense (RN).

Um dos mais antigos jornais em atividade no Brasil, continha xilogravuras como vinheta e ilustrações, elaboradas por seu dono João da Escóssia, considerado por isso, o primeiro xilógrafo potiguar.

A xilogravura popular nordestina ganhou fama pela qualidade e originalidade de seus artistas. Hoje em dia, muitos gravadores nordestinos vendem suas gravuras soltas além de continuarem a produzir ilustrações para as capas dos cordéis.

Quase todos os xilógrafos populares brasileiros, principalmente no Nordeste do país, provêm do cordel. Entre os mais importantes presentes no acervo da Galeria Brasiliana estão: Abraão Batista, José Costa Leite, J. Borges, Amaro Francisco, José Lourenço e Gilvan Samico.

José Francisco Borges, considerado um dos mais importantes nomes da gravura popular brasileira, fez sua primeira xilogravura para o folheto “O Verdadeiro aviso de Frei Damião (sobre os castigos que vêm)”, também de sua autoria.

Em quase 40 anos de carreira, J. Borges escreveu mais de 200 cordéis, que, com exceção do primeiro, foram ilustrados por ele próprio. O artista destaca a gravura “A chegada da prostituta no céu”, de 1976, como sua obra mais famosa.

Sua obra retrata o cotidiano do homem do Nordeste, a cultura e o folclore e a luta do povo na vida do sertão. Outro tema freqüente no cordel e gravuras de J. Borges é o cangaço.

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