Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife

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Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife PE
Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife PE

A Sinagoga Kahal Zur Israel foi fundada na primeira metade do século XVII, a congregação israelita da Rua do Bom Jesus é reconhecida como a mais antiga sinagoga das Américas.

Os vestígios que comprovam a existência do local de culto foram encontrados em escavações arqueológicas entre os anos de 1999 e 2000 e hoje estão expostos no espaço que funciona como museu e centro cultural judaico.

A Sinagoga Kahal Zur Israel (Congregação Rochedo de Israel) foi a primeira sinagoga das Américas e funcionou em Pernambuco durante o período de dominação holandesa (1630-1657).

Comunidade israelita participa da vida pernambucana desde a época da Colônia, com tradição cultural e religiosa preservada.

Mais que uma religião, o Judaísmo está vinculado à história de um povo que se constituiu em nação há três mil anos.

Atualmente, a Federação Israelense de Pernambuco (FIPE) estima que são cerca de 1,5 mil judeus vivendo no estado – a grande maioria deles mora na capital, exercendo pequeno impacto no cotidiano da cidade.

Vídeo”Sinagoga Kahal Zur Israel”

Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife

História da Sinagoga Kahal Zur Israel

Cenário bem diferente do encontrado no século 17, quando a população judaica no Recife era similar à de hoje, porém em uma província com pouco mais de 10 mil habitantes.

Atualmente são cerca de 1500 judeus em Pernambuco. Para ser judeu, é preciso ser filho de mãe judia ou ter se convertido ao judaísmo.

O primeiro fluxo migratório de judeus que chegou ao Recife ocorreu no século 17 e trouxe pessoas oriundas da Península Ibérica. “Elas fugiam da inquisição religiosa.

Em Portugal, houve conversão em massa de judeus ao cristianismo por esse motivo. Eles passavam a ser chamados de cristãos novos”, explica.

Os cristãos convertidos e os que fugiam da conversão chegavam ao Recife e praticavam os ritos e costumes judaicos dentro de casa para evitar a acusação de heresia.

A conversão e as práticas às escondidas não eram uma escolha, os criptojudeus – como ficaram reconhecidos aqueles que praticavam suas crenças de forma velada – tinham a morte na fogueira em praça pública como destino certo caso fossem de encontro à inquisição.

Conversão: o processo de conversão pode demorar até dois anos de estudos da história e cultura judaicas e um pouco da língua hebraica. Ao final desse período, a pessoa participa de um Beit Din (espécie de tribunal rabínico), composto por três membros que irão avaliar se o indivíduo se encontra apto a se incorporar ao Judaísmo.

O pesquisador da história judaica Odmar Braga aponta que antes mesmo da primeira grande migração, ocorrida no século 17, já ocorria a chegada de “cristãos novos hispano-portugueses” em solo pernambucano.Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife

“Duas sinagogas existiram entre 1580 e 1595. Uma no Alto da Ribeira e outra no engenho Camaragibe, de propriedade da mesma família”, explica.

No século 17, entretanto, as invasões holandesas mudaram, ainda que momentaneamente esse cenário. “A Holanda era um país calvinista, defensor de matizes religiosas diversas. Isso possibilitou a prática do Judaísmo com liberdade no Recife entre 1630 e 1654. Sai de cena o português inquisidor e entra o holandês tolerante”, ensina Tachlitsky.

Tradições: aos 8 dias de vida, os meninos judeus passam pela circuncisão, que consiste na retirada do prepúcio do pênis. Aos 13, esses meninos participam do Bar Mitzvah, que marca a “maioridade religiosa”. A das meninas ocorre aos 12 anos, no Bat Mitzvah.

Após a chegada dos holandeses, e a consequente liberdade religiosa, Braga relata que os remanescentes das sinagogas do Alto da Ribeira e de Camaragibe, juntamente com seus filhos, circuncidaram a si próprios e fundaram a Sinagoga Manguén Abraham.“Posteriormente, eles também foram responsáveis pela fundação da Sinagoga Kahal Zur Israel”, conta.

Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife
Sinagoga Kahal Zur Israel

A pesquisadora e fundadora do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco, Tânia Kaufman, conta que com o domínio da Holanda, esse contingente judeu de origem ibérica, chamado de sefaraditas, ao contrário dos cristãos novos que chegaram na cidade no início da colonização, não precisam ocultar suas crenças.

Eles já encontraram no Recife uma atmosfera judaica. “Começaram a desfrutar da proteção do governo de João Maurício de Nassau e privilégios da elite social e econômica existente na época”, detalha.

Diante do cenário favorável, a imigração de judeus atingiu seu ápice. Odmar Braga relata como auge a chegada do rabino Isaac Aboab da Fonseca, que tinha o nome católico de Simão da Fonseca e estudou para se tornar rabino após sua família fugir para Amsterdã.

Tânia Kaufman aponta este acontecimento como sinal de que os judeus começaram a fincar raízes na cidade, ao ponto de viabilizar o primeiro rabino das Américas

“É nessa época também que é construída a primeira Sinagoga das Américas (Sinagoga Kahal Zur Israel), ocupando um dos casarões da Rua do Bom Jesus, então chamada de Rua dos Judeus”, destaca Kaufman. A construção da sinagoga foi iniciada em 1638 e concluída em 1641.

Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife
Sinagoga Kahal Zur Israel em Recife PE

O período holandês, apesar de produtivo para os judeus, foi curto. Pouco mais de 20 anos depois, os portugueses retomaram o domínio da colônia, gerando uma migração em massa para o interior do estado – sobretudo o Sertão, onde era mais fácil manter os hábitos judaicos.

Lá estariam fora do alcance da inquisição portuguesa que, vez por outra, fazia incursões com o objetivo de perseguir hereges para, posteriormente, levá-los a Portugal para que fossem julgados pela Santa Inquisição.

“Diante do elevado número de judeus que viviam em Pernambuco e o espaço físico reduzido das embarcações daquele tempo, muitos não conseguiram sair do país e decidiram permanecer no Sertão e outras localidades além da fronteira de Pernambuco”.

Leia – Os judeus que construíram o Brasil – Fontes inéditas para nova visão da história.

Segunda migração judia e o bairro da Boa Vista

Pernambuco entrou novamente na rota dos judeus no final do século 19 e nas primeiras décadas do século 20.

Dessa vez, como destino dos que fugiam de perseguições realizadas na Europa, sobretudo no Leste do continente.

O próprio Jáder Tachlitsky tem na família histórias dessa migração.

Seus avós vieram da Ucrânia fugindo da perseguição promovida pelos czares russos na região. “Hitler não criou a perseguição aos judeus, mas ele a levou a um patamar mais extremo, matando milhões de pessoas. Antes, os judeus já eram perseguidos pela Europa”, aponta Tachlitsky.

Esses judeus, que recebiam o nome de ashjenazitas, chegaram na cidade com status diferente dos vindos na primeira migração, que se consolidaram como elite recifense. Tanto o bisavô como os avós do economista trabalharam no comércio informal na capital pernambucana.

“Chegaram em situação difícil. Eles percorriam bairros mais isolados na época, como Beberibe e Casa Amarela, e faziam venda de mercadorias a crédito, parcelada em 10 a 15 vezes. Assim, prosperaram”, relata.

Ele afirma que, por conta do histórico de perseguições, os judeus mantinham o hábito de viverem próximos uns aos outros, algo que se manteve no bairro da Boa Vista até a década de 70. “O bairro era sede da sinagoga, do Clube Israelita e do Colégio Israelita. Havia esse costume de ter tudo sempre por perto. A Praça Maciel Pinheiro, por exemplo, era um ponto de encontro da comunidade judaica”, frisa.

Roteiro Recife Sagrado

No roteiro Recife Sagrado a 1° Sinagoga localizada na Rua Martins Júnior, no bairro da Boa Vista, a Shil Sholem Ocnitzer ou Sinagoga Israelita do Recife foi inaugurada em 20 de julho de 1926. Atualmente, o local não recebe mais encontros religiosos.

Boa Vista: o bairro do Centro do Recife concentrava as moradias de judeus no Recife até a década de 70. De acordo com Tachlitsky, a Praça Maciel Pinheiro era uma espécie de ponto de encontro. A casa da escritora Clarice Lispector, que era judia, está localizada nas proximidades da praça.

O resultado é que a segunda comunidade se inseriu no Brasil pelas camadas menos privilegiadas da sociedade, conforme explica Tânia Kaufman.

“Os primeiros contatos foram com pessoas de menor poder aquisitivo através de relações comerciais. Rapidamente, os judeus tiveram êxito e se tornaram comerciantes de pontos fixos no bairro da Boa Vista”, avalia.

Em seguida, foram se estabelecendo em casas comerciais concentradas na Rua da Imperatriz Tereza Cristina e adjacências. Espaço que era ocupado tanto para o comércio, quanto para o uso residencial.

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