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O Arquipélago do Marajó está localizado na foz do rio Amazonas, no Estado do Pará, fazendo fronteira da Amazónia com o Oceano Atlântico.
É formado por aproximadamente 3.000 ilhas, com destaque para a Ilha de Marajó, a sua maior ilha, com 49.602 m².
A Ilha de Marajó encanta os seus visitantes pela diversidade da sua fauna e flora, espalhadas por 12 municípios.
É considerada a maior ilha fluvial-marítima do mundo, superando a área da Bélgica ou da Holanda. Possui belas praias com águas calmas, com grande variedade de pássaros e peixes. É a terra do açaí, de ritmos quentes, como o carimbó e o lundu, e da cerâmica marajoara.
O lado Leste da Ilha apresenta uma planície coberta de savana.
O lado Oeste tem florestas densas. Cercada pelo oceano Atlântico e pelos rios Amazonas e Pará, a Ilha de Marajó também é palco da “pororoca” – fenómeno de formação de ondas gigantescas no encontro das águas fluviais e marítimas.
Durante o período de chuvas intensas – entre Janeiro e Maio -, parte do território de Marajó fica inundado. Isso propicia óptimas condições para a criação de búfalos e faz com que a Ilha abrigue o maior rebanho do Brasil.
Esses animais são utilizados normalmente no transporte – tanto no campo quanto nas cidades -, e sua carne é base de alguns dos pratos típicos da região.
Cultura marajoara
A cultura marajoara também está presente nas apresentações de danças folclóricas, como o carimbó e o lundu.
A cerâmica é outra grande atração oferecida pela Ilha e pode ser vista no Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, a 74 km de Soure.
As lojas de artesanato locais também oferecem exemplares dessa arte para compra.
Uma boa opção para conhecer de perto a cultura, a fauna e a flora da região é hospedar-se numa das fazendas adaptadas para alojar turistas.
Lá, o visitante pode fazer passeios em jipes, barcos ou a cavalo, conhecer os igarapés, alagados, pastos e matas. As cidades de Soure e Salvaterra são as mais visitadas pelos turistas.
História da Ilha de Marajó
Por volta do ano 400 depois de Cristo, sociedades hierárquicas e regionais emergiram na Ilha de Marajó.
Sob o domínio dos caciques, a nova forma de organização social passou a ser legitimada por rituais, durante os quais os pajés faziam a ponte entre o mundo terreno e aquele dos espíritos e dos antepassados.
Por essa ponte transitavam símbolos e imagens freqüentemente concebidos durante transes alucinógenos. Nascia a arte Marajoara.
O imaginário coletivo tornava-se visual na forma de desenhos que nos lembram labirintos, espirais, triângulos, círculos, retângulos, tridentes e
faces.
Com temática estreitamente relacionada à fauna local, os desenhos na cerâmica se constituíam em uma linguagem iconográfica, onde seres míticos eram representados de uma maneira lógica, coerente e harmoniosa, independente de técnicas, formas e superfícies.
A vivência coletiva legitimava uma arte que nascia da necessidade de se visualizar e comunicar emoções, sentimentos, verdades, tradição, posições sociais, história. Como em qualquer sociedade que não conhece a escrita, tal arte teria a função de armazenar e socializar conhecimento.
Como chegar na Ilha de Marajó
Via Fluvial: saindo de Belém, capital do Estado do Pará, há barcos que partem da Avenida Marechal Hermes Galpão 15 – Companhia das Docas do Pará – CDP. A duração da viagem é de, aproximadamente, 3 horas.
Quem vai de carro deve apanhar a balsa que parte da Rua Siqueira Mendes, s/n (1ª Rua) Icoroaci, a 13 km de Belém. Outro ponto de partida para os turistas que ali chegam de barco é Salvaterra, que fica a 83 km em linha recta, a quatro horas de barco de Belém.
Via Aérea: há a opção dos voos realizados por empresas de táxi aéreo. Agências de viagens de Belém organizam pacotes completos para a Ilha de Marajó.
O que fazer Ilha de Marajó
No Marajó não há pressa. No lugar, a tranqüilidade dita o ritmo do dia-a-dia da terra. Terra, aliás, povoada de histórias de um povo antigo. Onde as lutas, vitórias, derrotas e linguagem podem ser conhecidas em uma visita ao Museu do Marajó, na cidade de Cachoeira do Arari.
Lá, as nuances do povo do Marajó são traduzidas em peças e fragmentos expostos.
No Museu há também a Casa da Piranha – lugar destinado à preservação da espécie.
O visitante pode ter contato também com a realidade dos moradores do Marajó, saboreando o tradicional “queijo do Marajó” ou simplesmente se encantando pelo ritmo das danças folclóricas e belezas do artesanato marajoara, rico em detalhes e simbologias.
Mas se a finalidade é conhecer a ilha de forma peculiar, basta ir a uma das fazendas que existem no local e escolher a montaria. O búfalo ou o cavalo marajoara são ideais para descobrir as vastas extensões do lugar.
Há também trilhas ecológicas e passeios de barco.
As praias completam o cenário do Marajó. A do Pesqueiro, Araruna e Barra Velha ficam próximas do centro de Soure.
Em Salvaterra, estão as praias de Joanes, Monsarás e Grande. A maioria, de areias brancas, pequenas dunas e água azul. Nas praias mais movimentadas, há barracas rústicas que servem bebidas e petiscos.
Para quem procura esportes radicais, o Marajó também é ótima opção.
Na época da maré cheia, a prática do rafting, onde se desce os rios a bordo de um bote, é uma dessas emoções imperdíveis.
Já para os adeptos de um passeio mais tranqüilo, a dica é aproveitar a maré baixa e andar de bicicleta pelo litoral das lindas praias do Pesqueiro (Soure) e dos Pescadores (Salvaterra).
No Marajó também acontece um dos fenômenos mais apaixonantes da natureza: a pororoca. Nome dado ao encontro entre as águas do rio Amazonas e as do Oceano Atlântico e que acontece de maio a julho.
O melhor lugar para a observação é da Ilha de Caviana, com cinco mil metros quadrados.
Festas na Ilha de Marajó
Festival de Quadrilhas e Boi-Bumbá – SOURE E SALVATERRA
Ambos acontecem anualmente, na segunda quinzena de Junho.
Festa de Nossa Senhora de Nazaré – SOURE
Acontece em Novembro e encanta a todos com a mistura de cores e a alegria contagiante da população local.
Atrações na Ilha de Marajó
Campos
Secos no Verão e alagados no Inverno, os campos marajoaras possuem uma vegetação nativa e característica, com uma rica fauna.
A paisagem muda a cada estação: em Janeiro, desperta o verde, cobrindo os chãos; do meio do ano em diante, o solo parece rachado, com tom lacustre.
Mas faça chuva ou faça sol, é muito fácil avistar as aves locais. Entre elas, destacam-se guarás, mergulhões, garças e jaburus. Também é comum ver pacas, cutias e jacarés.
Devido às imensas fazendas espalhadas por toda a Ilha, a presença do búfalo é marcante, o que o tornou símbolo do Marajó.
Nem todas as fazendas têm acesso via estrada. Muitas, principalmente na época das cheias, têm acesso somente por barco ou avião.
Florestas
As florestas da região são muito ricas em frutos e alimentos, o que garante a presença dos animais. Entre as árvores, os açaizais são facilmente encontrados. Como a vegetação está, na sua maioria, embebida em água, a interferência do homem é dificultada, o que mantém a floresta preservada.
Praias
O litoral de Marajó é deserto e selvagem, repleto de praias e pequenos braços de rio, os igarapés.
O mar é o responsável pela transformação que ocorre na paisagem. São seis meses de água doce – a invernada da região –, quando as águas barrentas do rio Amazonas invadem os rios e os mares, influenciando as praias.
E seis meses de água salgada, devido à força do Atlântico, que penetra nos rios. As principais praias de Marajó são: Praia Sul, Joanes e Monsarás – em Salvaterra; e Praia Norte, Barra Velha, do Araruna e do Pesqueiro – em Soure.
Praia do Pesqueiro (Soure)
Esta praia, com 3 km de extensão, é uma das mais conhecidas. A sua areia é batida e amarela, com formação de dunas e muita sombra de coqueiros.
Praia do Araruna (Soure)
Para chegar a esta praia é preciso atravessar o Rio Araruna. A sua grande atracção são os mangues que as águas do mar vêm tomando.
Praia Grande (Salvaterra)
Toda cercada por coqueiros, a Praia Grande tem apenas 1,5 km de extensão. É possível visitar o farol que se encontra na praia.
Praia de Joanes e Monsarás (Salvaterra)
A 15 km de Salvaterra, a praia de Joanes é muito procurada devido à presença de ruínas do século XVIII. Tem um total de 2 km de extensão.
Outras atrações
Fazenda Bom Jesus (Soure)
Nesta fazenda, existe uma grande variedade de pássaros. Além disso, o turista pode passear de búfalo e, também, a cavalo.
Fazenda São Jerónimo (Soure)
Oferece trilhas por manguezais, cavalgadas e banhos nos igarapés e na praia.
Fazenda Sanjo (Soure)
Oferece observação de pássaros e animais silvestres, trilha ecológica, passeios a cavalo, de búfalo e canoa empurrada à vara, focagem de jacarés e pesca de piranhas.
Fazenda Camburupy (Soure)
Cavalgada marajoara, tradição do dia-a-dia do vaqueiro marajoara.
Cerâmica marajoara
Um dos pontos fortes da Ilha de Marajó é a sua cerâmica. Diz-se que os exemplares mais antigos da cerâmica marajoara são de 980 a.C. e os originais mais recentes datam do século XVIII.
Os objectos de cerâmica foram descobertos em escavações arqueológicas e são as únicas relíquias do povo marajoara – que dominou a região até ao século XIV.
Os mais representativos são os vasos e os jarros decorados com desenhos de animais ou partes do corpo humano e urnas funerárias, nas quais eram enterrados os líderes da tribo. É possível conhecer esta arte no Museu do Marajó – já premiado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) -, e no Museu Emílio Goeldi. Visite:
Compras
Réplicas de cerâmica marajoara
Arte em Barro – Tr. 20, entre 3ª e 4ª ruas. Funciona das 8h às 19h
Sociedade Marajoara das Artes – 3ª rua (entre travessas 18 e 19), aberta de segunda a sábado, das 8h às 12h e das 14h às 18h; aos domingos, das 8h às 12h.
Artigos de couro
Bovino e de búfalo (sandálias, botas e bolsas): Curtume Marajó – 1ª rua, 450 (B. Novo), funciona das 7h às 7h.
Guia de Turismo e Viagem do Arquipélago de Marajó