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Graciliano Ramos marcou a literatura brasileira com obras que retratam a vida do homem nordestino no sertão.

O escritor fez parte da 2ª fase do modernismo, que teve o regionalismo como principal característica. Raquel de Queiroz, Jorge Amado, e José Lins do Rego foram alguns autores que compartilharam essa fase com Ramos.
Em importantes obras, como “Vidas Secas” e “São Bernardo”, é possível perceber o realismo utilizado pelo autor para descrever as dificuldades da vida no sertão. Por ter vivido grande parte da vida no interior de Alagoas, Graciliano conhecia de perto essa realidade.
Por sua ligação com o comunismo, Ramos foi preso durante a ditadura de Vargas. O período na prisão foi retratado em “Memórias do Cárcere”, que traz um episódio importante da história: a entrega de Olga Benário aos alemães.
O livro foi lançado sem o último capítulo, já que o autor morreu antes de terminar a obra.

Biography of Graciliano Ramos
Graciliano Ramos
- Movimento Literário
- Estilo
- Biografia
- Principais Livros
1. Movimento Literário
O autor nordestino faz parte da Geração de 30 ou modernismo da segunda fase, período no qual os temas nacionalistas e regionalistas se fortalecem.
Na época, de 1930 a 1945, os escritores nordestinos, em especial, retratam a realidade do sertão e a exploração do homem.
Alguns autores dessa fase regionalista são: Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado, e Érico Veríssimo.
2. Estilo
O autor Graciliano Ramos não faz grandes inovações linguísticas; seu foco está na narrativa. Como o principal objetivo é retratar a condição do homem nordestino, Ramos evita floreios na linguagem.
Seu estilo de escrita é claro e conciso, refletindo, em certos trechos, o modo de falar mais rude do interior que ele descreve.
O autor busca retratar a vida do povo nordestino e suas dificuldades no sertão. Nas suas obras, é possível identificar um forte pessimismo e uma contundente crítica social.
3. Biografia
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, no estado de Alagoas, filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos, sendo um dos 16 filhos do casal. Desde cedo, viveu em uma região marcada pela seca, tema central em grande parte de sua literatura.
Seu pai, de temperamento rígido, frequentemente usava a violência para disciplinar os filhos, o que influenciou a visão do autor sobre as relações humanas, muitas vezes retratadas em suas obras como baseadas na violência.
Aos 12 anos, em 1904, Graciliano criou o jornal infantil “Dilúculo”. Posteriormente, trabalhou como redator no “Echo Viçosense”, onde conheceu Mário Venâncio, uma figura que ele admirava. Nessa época, residia em Viçosa, Alagoas, e, no ano seguinte, foi estudar em Maceió, a capital do estado.
Seus primeiros sonetos foram publicados na revista carioca “O Malho”, sob o pseudônimo Feliciano de Olivença. Mais tarde, no “Jornal de Alagoas”, utilizou outros pseudônimos como Soeiro Lobato, Lambda, e Soares de Almeida Cunha.
Em 1911, iniciou suas atividades no “Correio de Maceió”.
Em 1914, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou com diversas publicações, como “Correio da Manhã”, “O Século”, “A Tarde”, e “Paraíba do Sul”, mas retornou a Alagoas no ano seguinte, fixando-se em Palmeira dos Índios. Lá, casou-se com Maria Augusta Ramos, com quem teve quatro filhos. Maria Augusta faleceu em 1920.
Graciliano foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios, mas renunciou após dois anos. Mudou-se para Maceió, onde ocupou o cargo de diretor da Imprensa Oficial e se casou novamente, com Heloisa Medeiros.
Mesmo atraído pela vida em cidades pequenas, Graciliano retornou a Palmeira dos Índios, onde começou a escrever o clássico “São Bernardo”. Seu primeiro livro publicado, no entanto, foi “Caetés”, em 1933. Outro marco em sua carreira, “Vidas Secas”, só foi lançado em 1938, e anos depois, essa obra foi adaptada para o cinema.
Durante a ditadura de Getúlio Vargas, Graciliano foi acusado de envolvimento na Intentona Comunista de 1935 e acabou sendo preso no Rio de Janeiro. Desse período surgiu a obra “Angústia”.
Após sua libertação, trabalhou como copidesque em jornais e, em 1945, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, liderado por Luís Carlos Prestes.
Graciliano Ramos faleceu em 1953, vítima de câncer de pulmão.
Sua obra inacabada, “Memórias do Cárcere”, foi publicada postumamente, sem o capítulo final, consolidando sua importância na literatura brasileira.
4. Principais Livros
Graciliano Ramos é conhecido por suas obras que retratam a realidade do sertão e as dificuldades do homem nordestino.
- Caetés (1933) – Primeiro romance publicado, centrado na vida de um funcionário público em uma pequena cidade nordestina.
- São Bernardo (1934) – Romance que narra a trajetória de Paulo Honório, um homem ambicioso que busca ascender socialmente, mas se depara com o vazio existencial.
- Angústia (1936) – Obra introspectiva, que explora os conflitos psicológicos de um homem atormentado por frustrações e ressentimentos.
- Vidas Secas (1938) – Seu livro mais famoso, retrata a vida de uma família de retirantes que luta pela sobrevivência no sertão castigado pela seca.
- Infância (1945) – Livro autobiográfico que narra as memórias da infância de Graciliano, destacando os conflitos familiares e a realidade do sertão.
- Memórias do Cárcere (1953, postumamente) – Relato sobre sua prisão durante a ditadura de Getúlio Vargas, mesclando memórias pessoais e reflexões políticas.
Essas obras consolidaram Graciliano Ramos como um dos maiores escritores da literatura brasileira.
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