Biografia e as Obras de Jean-Baptiste Debret

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Jean-Baptiste Debret (n. 1768; falecido em 1848), pintor francês. Sob a liderança de Joachim Lebreton (1760-1819), secretário da classe de belas-artes do Instituto de França, Debret deixou seu país em 1816 e foi para o Rio de Janeiro com o grupo francês conhecido como Missão Artística Francesa, que havia sido convidado pelo governo português.

The arrival of Mary Leopoldine from Habsburg-Lorraine (Habsburg Lorraine) or Austria (1797-1826) to Rio de Janeiro in 1817, to marry Emperor Peter I of Brazil The two fiances are represented accompanied by King Joao VI of Portugal (John VI known as the Cle
A chegada de Maria Leopoldina de Habsburgo-Lorena (Habsburgo Lorena) ou Áustria (1797-1826) ao Rio de Janeiro em 1817, para se casar com o Imperador Pedro I do Brasil Os dois noivos são representados acompanhados pelo Rei João VI de Portugal (João VI conhecido como o Cle

O grupo era composto por Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), pintor paisagista; seu irmão, Auguste Marie Taunay (1768-1824), escultor; Auguste Henri Victor Grandjean De Montigny (1776-1850), arquiteto; Charles S. Pradier (1768-1848), gravador; Sigismund Neukomm (1778-1858), compositor; e François Ovide, especialista em mecânica.

Embora Debret tenha sido classificado como pintor de história, seus primeiros trabalhos no Brasil foram retratos da família real, pinturas decorativas para festas públicas e cenários para o Teatro Real São João, no Rio de Janeiro.

Foram necessários dez anos para a criação da Academia Brasileira de Belas Artes, onde os membros do grupo francês deveriam lecionar. Enquanto isso, Debret ensinava seus alunos numa casa particular.

A obra mais conhecida de Debret é uma série de desenhos que retratam a vida e a cultura brasileiras, publicada em três volumes em 1834 e 1839 sob o título Voyage pittoresque et historique au Brésil.

Os desenhos e os textos explicativos que os acompanham podem ser considerados os documentos mais marcantes da vida quotidiana brasileira nas primeiras décadas do século XIX.

Seguindo o que ele chama de “ordem lógica”, Debret inicia seu livro com descrições de índios pertencentes a diversas tribos.

Embora não tenha viajado para fora do Rio de Janeiro, vários viajantes deram-lhe as informações necessárias para representar o modo de vida indígena no interior.

Ninguém melhor do que Debret retratou a vida dos escravos no Rio de Janeiro, e seus desenhos chocaram os membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro por causa de seu realismo.

Como pintor de história, Debret também retratou acontecimentos históricos do final do período colonial:

  • o desembarque de Sua Alteza Real a Princesa Leopoldina no Rio de Janeiro
  • a coroação de D. João VI, o batismo da Princesa Maria da Glória
  • o juramento à Constituição e a coroação de D. Pedro I como imperador do Brasil

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Pintor da Corte de Napoleão

Em 1806, Debret iniciou suas obras dedicadas à glória de Napoleão, encomendadas por Vivant-Denon, diretor de museus.

Entre seus trabalhos destacam-se: Napoleão Homenageia a Coragem Infeliz (1806), uma tela de 3,90m x 6,21m – que recebeu menção honrosa do Instituto de França, “Napoleão Condecora o Granadero Lazareff em Tilsitt” (1807) e “Napoleão discursa para as Tropas Bávaras” (1810). 

Em 1814, com a queda de Napoleão, Debret perdeu o seu principal financiador.

Pouco depois, Debret recebeu duas propostas, uma do czar Alexandre I, que o convidou para trabalhar em São Petersburgo, e outra de Lebreton, que o chamou para integrar a missão artística francesa no Brasil, conforme solicitação do príncipe regente D. João.

Decidido a participar da missão francesa, Debret embarcou para o Brasil.

Missão Artística Francesa ao Brasil

Missão Artística Francesa ao Brasil, precursora da Academia Brasileira de Belas Artes no Rio de Janeiro.

Em 1808, fugindo da invasão napoleónica da Península Ibérica, o imperador português Dom João VI (1767-1826) transferiu a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro.

Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, o imperador contratou um grupo de artistas franceses para organizar uma academia de arte no Rio de Janeiro, nos moldes da Academia Francesa.

Jean-Baptiste Debret - Portrait of John VI of Portugal
Jean-Baptiste Debret – Retrato de Dom João VI de Portugal

Os pintores, escultores, arquitetos, músicos e engenheiros franceses da Missão Artística Francesa chegaram ao Rio de Janeiro em 1816.

Faziam parte do grupo original o pintor Jacques Lebreton (1760-1819), o paisagista Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), o escultor Auguste Marie Taunay (1768-1824), o historiador Jean-Baptiste Debret (1768-1848), o arquiteto Auguste Henri Victor Grandjean De Montigny (1776-1850), o gravador Charles Simon Pradier (1786-1848) e o compositor Sigismund Neukomm (1778-1858).

O objetivo era a criação do que D. João VI chamou de Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.

A Escola Real elevaria o Brasil, então sede do Império Português, e impregná-lo-ia de cultura europeia, nomeadamente francesa.

Formados na Academia Francesa, os artistas implantaram modelos artísticos e pedagógicos de inspiração francesa. Substituíram as tentativas isoladas dos padres jesuítas no período colonial de incentivar o ensino artístico.

Substituíram os estilos barrocos religiosos da colónia pelo neoclassicismo secular francês, uma orientação estética que perdurou durante grande parte do Primeiro e Segundo Impérios.

Esta transformação cultural correspondeu às mudanças políticas e sociais que acompanharam a chegada da família real ao Brasil: a abertura dos portos ao comércio mundial, o levantamento das limitações à produção industrial na colónia, o estabelecimento de academias militares, a criação de uma biblioteca nacional e a introdução da imprensa.

As perturbações financeiras e políticas, coincidindo com as crises pessoais de alguns dos artistas, atrasaram a inauguração formal da Escola Real até 1820.

A escola passou por várias mudanças de nome até 1824, quando foi alterada para Academia Imperial de Belas Artes, nome que manteve até a queda do Segundo Império em 1889.

Os artistas originais da missão serviram de mentores para a primeira geração de artistas brasileiros com formação académica. Jean-Baptiste Debret fez a crónica dos acontecimentos da colónia com os seus retratos da família real e pinturas de coroação.

Seus alunos, Simplicio Rodrigues de Sá, Manoel de Araujo Pôrto Alegre e José Correia de Lima, continuaram suas influências estéticas.

O legado ficou para trás após o retorno de Jean-Baptiste Debret à França, em 1820.

Dom Pedro I nomeou Simplicio de Sá pintor da corte e Pôrto Alegre tornou-se o quinto diretor da Academia em 1854.

Pintor da Corte de D. João VI

Posteriormente, Debret tornou-se o pintor oficial do Império. Produziu retratos da Família Real e, durante muitos anos exerceu a função de cenógrafo do Real Teatro São João.

Pintou quadros históricos e gravuras que mostram costumes e tipos humanos do Rio de Janeiro da época.

Pintor da Corte de Dom Pedro I

Jean-Baptiste Debret - Dom Pedro I, Emperor of Brazil, 1816
Jean-Baptiste Debret – Dom Pedro I, Imperador do Brasil, 1816

Em 1821, com a volta de Dom João VI para Portugal, Debret passou a servir Dom Pedro I, de quem recebeu a Comenda da Ordem de Cristo. Em 1829 e 1830, realizam-se as duas primeiras exposições de artes no Brasil.

Em 1831, com a abdicação de Dom Pedro I, Debret regressa à França, depois de 15 anos no Brasil, levando consigo Manuel de Araújo Porto Alegre para pretendia se aperfeiçoar em Paris.

Os 350 originais das gravuras de Debret executadas no Brasil, estão conservadas na Fundação Castro Maia, no Rio de Janeiro. As telas a óleo encontram-se no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. 

Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil

Em 1834, 1835 e 1839 publicou em três volumes a obra, “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”. No primeiro volume retrata a cultura indígena, no segundo, a relação entre brancos e escravos.

No terceiro e último volume, Debret dedica-se à corte e as tradições populares, todas acompanhadas de textos explicativos. 

Galeria com as obras de Jean-Baptiste Debret

Biografia e as Obras de Jean-Baptiste Debret

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