Biografia e as Obras de Jean-Baptiste Debret

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Jean-Baptiste Debret (1768–1848) foi um pintor, desenhista e litógrafo francês, reconhecido por documentar a vida no Brasil entre 1816 e 1831. Ele foi um dos principais membros da Missão Artística Francesa, um grupo de artistas que veio ao Brasil a convite de Dom João VI.

A missão tinha o objetivo de fundar a Academia Imperial de Belas Artes e promover o desenvolvimento artístico no país. Durante sua estadia, Debret capturou cenas da sociedade brasileira, incluindo aspectos culturais, sociais e históricos, que continuam sendo referências valiosas até hoje.

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Jean-Baptiste Debret

  1. Formação e Carreira Inicial
  2. Pintor da Corte de Napoleão
  3. Transferencia da Corte de Lisboa para o Rio de Janeiro
  4. Missão Artística Francesa
  5. Pintor da Corte de D. João VI
  6. Pintor da Corte de Dom Pedro I
  7. Livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil
  8. Obras de Jean-Baptiste Debret

1. Formação e Carreira Inicial

Jean-Baptiste Debret, nascido em Paris, estudou na Academia de Belas Artes, onde foi aluno de Jacques-Louis David, um dos maiores pintores do neoclassicismo francês.

Debret esteve envolvido em eventos significativos durante a Revolução Francesa, pintando obras patrióticas e retratos históricos. Ele também trabalhou para Napoleão Bonaparte, criando retratos imperiais e cenários grandiosos que celebravam as campanhas napoleônicas.

The arrival of Mary Leopoldine from Habsburg-Lorraine (Habsburg Lorraine) or Austria (1797-1826) to Rio de Janeiro in 1817, to marry Emperor Peter I of Brazil The two fiances are represented accompanied by King Joao VI of Portugal (John VI known as the Cle
A chegada de Maria Leopoldina de Habsburgo-Lorena (Habsburgo Lorraine) ou Áustria (1797-1826) ao Rio de Janeiro em 1817, para se casar com o Imperador Pedro I do Brasil Os dois noivos são representados acompanhados pelo Rei João VI de Portugal (João VI conhecido como o Cle

2. Pintor da Corte de Napoleão

Em 1806, Debret iniciou suas obras dedicadas à glória de Napoleão, encomendadas por Vivant-Denon, diretor de museus.

Entre seus trabalhos destacam-se: Napoleão Homenageia a Coragem Infeliz (1806), uma tela de 3,90m x 6,21m – que recebeu menção honrosa do Instituto de França, “Napoleão Condecora o Granadero Lazareff em Tilsitt” (1807) e “Napoleão discursa para as Tropas Bávaras” (1810).

Em 1814, com a queda de Napoleão, Debret perdeu o seu principal financiador.

Pouco depois, Debret recebeu duas propostas, uma do czar Alexandre I, que o convidou para trabalhar em São Petersburgo, e outra de Lebreton, que o chamou para integrar a missão artística francesa no Brasil, conforme solicitação do príncipe regente D. João.

Decidido a participar da missão francesa, Debret embarcou para o Brasil.

3. Transferencia da Corte de Lisboa para o Rio de Janeiro

A Missão Artística Francesa foi precursora da Academia Brasileira de Belas Artes no Rio de Janeiro.

Em 1808, com a invasão napoleônica da Península Ibérica, o imperador português Dom João VI transferiu a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro.

A chegada da corte portuguesa ao Brasil levou à contratação de um grupo de artistas franceses para organizar uma academia de arte nos moldes da Academia Francesa.

O objetivo era fundar a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que traria ao Brasil um modelo de cultura europeia, especialmente francesa, formando artistas e intelectuais locais. Essa iniciativa marcou a transição do barroco religioso para o neoclassicismo secular, alinhando-se às transformações políticas e sociais da época, como a abertura dos portos, o incentivo à produção industrial, a criação de academias militares, uma biblioteca nacional e a introdução da imprensa.

Por dificuldades financeiras e políticas, a formalização da Escola Real foi adiada até 1820, e, em 1824, foi renomeada Academia Imperial de Belas Art, título que manteve até a queda do Segundo Império em 1889.

Os artistas da Missão Artística Francesa foram mentores da primeira geração de artistas brasileiros formados academicamente, como Simplicio Rodrigues de Sá, Manoel de Araújo Pôrto Alegre e José Correia de Lima.

Jean-Baptiste Debret, em particular, documentou a vida no Brasil com seus retratos da família real e as celebrações da coroação.

Após seu retorno à França em 1820, seus alunos continuaram sua influência, com Dom Pedro I nomeando Simplicio de Sá como pintor da corte e Pôrto Alegre se tornando o quinto diretor da Academia em 1854.

4. Missão Artística Francesa

Em 1816, Debret deixou seu país e foi para o Rio de Janeiro com a Missão Artística Francesa, um grupo convidado pelo governo português.

Em 1817, Maria Leopoldina de Habsburgo-Lorena (também conhecida como Habsburgo Lorena ou Áustria) chegou ao Rio de Janeiro para se casar com o Imperador Pedro I do Brasil. Os dois noivos são retratados acompanhados pelo Rei João VI de Portugal.

O grupo da Missão Francesa era composto por figuras renomadas, como o pintor paisagista Nicolas Antoine Taunay (1755-1830); o escultor Auguste Marie Taunay (1768-1824); o arquiteto Auguste Henri Victor Grandjean De Montigny (1776-1850); o gravador Charles S. Pradier (1768-1848); o compositor Sigismund Neukomm (1778-1858); e o especialista em mecânica François Ovide.

Embora Debret fosse conhecido como pintor de história, suas primeiras obras no Brasil incluíram retratos da família real, além de pinturas decorativas para eventos públicos e cenários para o Teatro Real São João, no Rio de Janeiro.

A criação da Academia Brasileira de Belas Artes levou dez anos, durante os quais os membros da Missão Francesa deveriam lecionar. Nesse período, Debret dava aulas em uma casa particular.

A obra mais famosa de Debret é uma série de desenhos que retratam a vida e a cultura do Brasil, publicada em três volumes entre 1834 e 1839, com o título Voyage pittoresque et historique au Brésil.

Jean-Baptiste Debret - Portrait of John VI of Portugal
Jean-Baptiste Debret – Portrait of John VI of Portugal

Esses desenhos e seus textos explicativos são considerados registros valiosos da vida cotidiana no Brasil das primeiras décadas do século XIX.

Seguindo o que ele chamou de “ordem lógica”, Debret começa seu livro com descrições de diversas tribos de índios.

Embora não tenha viajado para além do Rio de Janeiro, Debret obteve informações de outros viajantes para representar a vida dos índios no interior do Brasil.

Debret retratou de forma incomparável a vida dos escravos no Rio de Janeiro, e seus desenhos chocaram os membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro pelo realismo impactante.

Como pintor de história, Debret também retratou acontecimentos históricos do final do período colonial:

  • o desembarque de Sua Alteza Real a Princesa Leopoldina no Rio de Janeiro
  • a coroação de D. João VI, o batismo da Princesa Maria da Glória
  • o juramento à Constituição e a coroação de D. Pedro I como imperador do Brasil

5. Pintor da Corte de D. João VI

Posteriormente, Jean-Baptiste Debret tornou-se o pintor oficial do Império. Produziu retratos da Família Real e, durante muitos anos exerceu a função de cenógrafo do Real Teatro São João.

Jean-Baptiste Debret - Dom Pedro I, Emperor of Brazil, 1816
Jean-Baptiste Debret – Dom Pedro I, Imperador do Brasil, 1816

Pintou quadros históricos e gravuras que mostram costumes e tipos humanos do Rio de Janeiro da época.

6. Pintor da Corte de Dom Pedro I

Em 1821, com a volta de Dom João VI para Portugal, Jean-Baptiste Debret passou a servir Dom Pedro I, de quem recebeu a Comenda da Ordem de Cristo. Em 1829 e 1830, realizaram-se as duas primeiras exposições de artes no Brasil.

Em 1831, com a abdicação de Dom Pedro I, Debret regressou à França, depois de 15 anos no Brasil, levando consigo Manuel de Araújo Porto Alegre para que este se aperfeiçoasse em Paris.

Os 350 originais das gravuras de Debret executadas no Brasil estão conservadas na Fundação Castro Maia, no Rio de Janeiro. As telas a óleo encontram-se no Museu Nacional de Belas Artes, também no Rio de Janeiro.

7. Livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil

Entre 1834, 1835 e 1839, Jean-Baptiste Debret publicou sua obra monumental, “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, em três volumes. No primeiro volume, ele retrata a cultura indígena. No segundo, foca na relação entre brancos e escravos. Já no terceiro volume, Debret dedica-se à corte e às tradições populares, sempre acompanhadas de textos explicativos que enriquecem as ilustrações e o contexto histórico.

8. Obras de Jean-Baptiste Debret

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