Boqueirão da Onça é um refúgio para animais no sertão nordestino

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Boqueirão da Onça

Caatinga ganha duas novas áreas protegidas, entre elas, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça na Bahia.

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que boa parte de seu patrimônio biológico não existe em mais nenhum outro lugar do planeta.

Apesar disso, ele é o mais desconhecido pela nossa população e também, o mais frágil: o uso insustentável de seu solo e dos recursos naturais e a imagem eterna de pobreza e da seca, sempre ajudaram a manter sua degradação. Atualmente resta somente 20% de sua cobertura nativa.

Ocupando cerca de 11% do território nacional – 850 mil km2, o que equivale ao tamanho da Alemanha e da França, juntas –, a Caatinga envolve dez estados, a maioria no Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais (este, na região Sudeste).

Mas no último dia 6/4/2018, a Caatinga recebeu um presente.

Depois de mais de quinze anos de negociações para sua criação, finalmente foi publicado no Diário Oficial da União, o decreto que estabelece o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no norte da Bahia, como uma unidade de conservação de proteção integral com 349 mil hectares.

Mapa do Parque Nacional do Boqueirão da Onça

Ao lado do parque, foi criada também de uma Área de Proteção Ambiental (APA), com 505 mil hectares.

No total, as duas áreas juntas somam 854 mil hectares. As novas unidades ficam entre os municípios do semiárido baiano de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro e Umburanas.

Vídeo sobre “Parque Nacional do Boqueirão da Onça”

Principais características da vegetação da Caatinga

– A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro. Atinge uma área de 850 mil km², ocupando cerca de 10% do território brasileiro.

Está presente, principalmente, no interior da região Nordeste do Brasil e norte do estado de Minas Gerais. – Não é uniforme em todo território que está presente. Embora apresente certas características comuns, ela muda de acordo com a pluviosidade, fertilidade e tipo de solo.

– É uma vegetação formada basicamente por plantas xerófilas, ou seja, adaptadas às condições de aridez (encontrado no semiárido nordestino).

– Já foram registradas cerca de mil espécies vegetais na caatinga. De acordo com especialistas, pode haver o dobro desta quantidade.

– Uma das principais características da vegetação da caatinga é que grande parte das espécies perdem suas folhas durante a estação seca. É um recurso para diminuir a perda de água durante o período seco. – Em grande parte da caatinga as árvores são de pequeno porte e encontram-se espaçadas.

– Grande parte dos vegetais possuem raízes profundas (para encontrar água em profundidades mais altas) e espinhos. – Muitas espécies vegetais estocam água no caule e nas folhas, para enfrentar o período seco. Principais espécies vegetais da Caatinga: – Palma – Xiquexique – Aroeira – Umbuzeiro – Caroá – Juazeiro – Mandacaru – Cacto.

Parque Nacional do Boqueirão da Onça

A região conhecida como Boqueirão da Onça na Bahia é um dos últimos remanescentes contínuos de Caatinga.

Com uma paisagem incomum, tem desfiladeiros e ecossistemas que abrigam riquíssima biodiversidade, importantes nascentes e cavernas com inscrições rupestres milenares – provavelmente do Período Paleolítico.

Além disso, o parque nacional é habitat de aproximadamente 900 espécies de plantas e outras centenas de animais como o tatú-bola, as araras-azuis-de–lear, o gato mourisco e o gato-do-mato.

Além destes, do bicho que dá nome ao local, estima-se que vivam ali 30 onças-pintadas e cerca de 200 onças-parda.

“Embora a Caatinga tenha ampla distribuição no semiárido nordestino, a maior área preservada contínua do bioma fica no Boqueirão, e as novas unidades de conservação incluem uma parte desse território”, diz Rogério Cunha de Paula, do Centro Nacional de Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ainda segundo ele, a Caatinga possui menos de 2% de seu território protegido por unidades de conservação. Apesar da criação das duas novas áreas de proteção, ambientalistas acreditam que ainda é muito pouco.

Originalmente, a área proposta para a criação das unidades era bem maior. O projeto aprovado agora teve o território de preservação reduzido a um terço do que se pretendia e aumento do tamanho das terras de uso sustentável.

Numa região do sertão nordestino onde não falta água e que pode se transformar numa grande reserva ambiental, o Boqueirão da Onça é um refúgio para vários animais e preserva espécies de plantas raras.

Sobre as serras do sertão baiano, uma imensidão de 800 mil hectares de mata nativa. A área é tão isolada, que tem apenas um habitante, por mil quilômetros quadrados.

Os raros povoados que existem são bem rústicos, com calçamento e paredes de pedras, ruas estreitas e pequenas casas. Os moradores ainda vivem da exploração de ametistas, que são encontradas nos garimpos artesanais. Terras desabitadas a perder de vista.

O ambiente ideal para proteger a fauna e a flora da região.

A mais de mil metros de altitude faz frio, numa região predominantemente quente e seca. O Boqueirão da Onça tem uma das maiores áreas de caatinga preservada do planeta. Um tipo de vegetação que só existe no Brasil. Um tesouro em biodiversidade.

No meio do mato, um laboratório de estudos para alunos de botânica e biologia, das universidades do Nordeste.

Os jovens têm aulas práticas para conhecer melhor a riqueza ainda inexplorada da região. Descobrem espécies endêmicas, originárias da região. Desfiladeiros, que apesar da beleza, inspiram solidão. São pontos isolados, longe de tudo, sem atividades de turismo. É no local que o Ibama solta os animais apreendidos em cativeiro.

Uma fenda, entre os imensos paredões do boqueirão da onça, forma este cenário cinematográfico. E uma raridade no sertão: água! Estamos na nascente do rio dos prazeres.

Ele não é perene. Mas em tempo de chuva, transborda e a água corre para o rio São Francisco. Mesmo sem a correnteza do rio, no auge da seca, nunca falta água na Nascente dos Prazeres.

“O Boqueirão da onça compreende a última grande área selvagem de todas as caatingas do Nordeste brasileiro. A vocação natural dessa região é se transformar no maior parque nacional extra-amazônico do país”, fala o professor da Univasf, José Alves Siqueira.

Boqueirão da Onça é um refúgio para animais no sertão nordestino.

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