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A cidade de Cachoeira, na Bahia, é considerada Monumento Nacional, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1971.
Situada no Recôncavo Sul, depois de Salvador, é a cidade baiana que reúne o mais importante acervo arquitetônico em estilo barroco e o maior estaleiro cultural independente do Brasil.
Durante os séculos XVIII e XIX, a riqueza gerada pela cana-de-açúcar e pelo fumo conferiu a Cachoeira poder e prestígio, o que se refletiu no requinte dos edifícios da cidade, considerada na época a segunda mais importante da Bahia.
Cachoeira, no Recôncavo Baiano, foi sede de governo durante a Guerra da Independência. Ali foram organizados e treinados os batalhões que lutaram em Salvador e em Cachoeira contra os ataques portugueses.
Nessa guerra, destacou-se Maria Quitéria de Jesus Medeiros, que lutou travestida de homem. Outra filha ilustre de Cachoeira foi Ana Néri (1814-1880), a primeira mulher a se formar como enfermeira no país, que participou da Guerra do Paraguai.
A cidade também teve grande importância na economia do estado em razão de sua indústria fumageira.
A partir da segunda metade do século XIX, fábricas instaladas na outra margem do Rio Paraguaçu, onde hoje se situa a cidade de São Félix, como a Vieira de Melo, a Costa Ferreira & Penna, a Dannemann, a Suerdieck, a Pimentel, e a Cia. de Charutos Pook, produziam charutos de alta qualidade.
Após o fim do ciclo açucareiro, no início do século XX, a cidade passou a comercializar produtos agrícolas menos lucrativos.
A expansão da indústria de fumos claros (cigarros) provocou o agravamento da crise com a redução da produção dos fumos escuros (charutos e cigarrilhas). A única fábrica de charutos remanescente é a Dannemann, em São Félix, voltada para a exportação.
Em 1971, Cachoeira foi tombada por seu conjunto arquitetônico dos séculos XVIII e XIX, em estilo barroco e neoclássico.
Infelizmente, boa parte desse patrimônio encontra-se em ruínas, e os investimentos governamentais para a recuperação dessas relíquias históricas têm sido liberados a conta-gotas. Recentemente, foram recuperados o Convento do Carmo, a Ordem Primeira do Carmo, e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo.
Obras também foram realizadas na Igreja de Nossa Senhora do Sagrado Coração do Monte Formoso (conhecida como Igreja do Rosário dos Pretos).
A ponte de ferro sobre o Rio Paraguaçu, que liga Cachoeira a São Félix, foi construída a mando do imperador D. Pedro II, que a importou da Inglaterra. Contudo, a ponte não se encontra em boas condições, e ao atravessá-la, seja de carro ou a pé, é necessário cuidado.
A cidade é famosa pelos muitos terreiros de candomblé. Suas festas religiosas e as juninas são monumentais, com missas, procissões, palestras, comidas típicas e samba-de-roda.
Não se surpreenda ao ouvir visitantes falando francês, inglês, espanhol, alemão ou mesmo japonês.
Em tempos de festa, tudo fica lotado, mas alguns moradores alugam quartos em suas residências. Informe-se no Posto de Informações Turísticas, na Rua Ana Néri, ao lado da Igreja Matriz.
É possível chegar a Cachoeira de carro, e a cada hora partem ônibus de Salvador, onde também se podem contratar excursões de um dia, passando por Santo Amaro, Cachoeira e São Félix, com visita à fábrica de charutos.
Vídeos sobre a História e Turismo em Cachoeira BA
Pontos Turísticos e a História de Cachoeira BA
- Museu Hansen Bahia
- Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário
- Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte
- Santa casa de Misericórdia e Capela de Santa Bárbara
- Casa da Câmara e Cadeia
- Chafariz Imperial
- Igreja da Ajuda
- Igreja da Ordem Terceira do Carmo
- Casa de Oração da Ordem Terceira do Carmo
- Convento do Carmo
- Fábrica de Charutos Dannemann
- Casa de Hansen-Bahia
1. Museu Hansen Bahia
Karl Heinz Hansen (1915-1978) nasceu em Hamburgo, Alemanha, e fez carreira como artista plástico na Suécia, onde realizou exposições e roteiros de filmes. Em 1950, mudou-se para o Brasil, trabalhando inicialmente em São Paulo. Posteriormente, apaixonado pela cultura baiana, fixou-se na cidade de São Félix, onde adotou o nome de Hansen-Bahia.
Artista polivalente, Hansen-Bahia atuou em diversos campos, como pintura, ilustração, gravura, xilografia, escultura, cinema e poesia. Suas obras foram expostas em importantes museus e galerias de cidades como Salvador, no Museu de Arte Moderna da Bahia, além de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 1967, lançou o álbum de gravuras intitulado Via Crucis do Alemão e Brasileiro, com texto de Jorge Amado, dedicado à Mãe Senhora, a ialorixá do terreiro Ylê Axé Opô Afonjá.
Obras de Hansen-Bahia estão expostas em museus de renome mundial, como o Hermitage em São Petersburgo, o Albertina em Viena, o Musée de l’Homme em Paris, a Library of Congress em Washington, e também em instituições na Alemanha e em Israel.
2. Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário
O belo templo do século XVII, tombado e restaurado, destaca-se pela sua portada revestida em mármore de Lioz.
No interior, os painéis de azulejos portugueses que revestem suas paredes estão entre os maiores do país.
Além disso, a igreja abriga o Museu das Alfaias, cujo acervo inclui imagens sacras, peças de ouro e prata, e paramentos religiosos.
3. Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte
A Irmandade foi idealizada por mulheres negras, escravas que, impedidas de praticar sua religião, formaram uma confraria afro-católica para venerar Nossa Senhora da Boa Morte, uma figura que sincretizava seus deuses e orixás.
Para fazer parte da irmandade, as mulheres precisam estar vinculadas a uma casa de candomblé, que pode ser Gêge, Ketu ou Nagô Batá.
Na sede da Irmandade, há uma capela e um memorial que expõe fotografias, objetos usados em cultos africanos e a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, cuja festa ocorre tradicionalmente no mês de agosto.
4. Santa casa de Misericórdia e Capela de Santa Bárbara
O edifício barroco, datado de 1734, abriga a capela, que possui um altar em estilo rococó.
5. Casa da Câmara e Cadeia
No prédio de 1698, restaurado, funciona hoje a Câmara Municipal.
6. Chafariz Imperial
Construído em 1827 para abastecer a cidade de água, o edifício tem estilo neoclássico. Sua decoração inclui sete carrancas e as armas do Império.
7. Igreja da Ajuda
A Igreja da Ajuda, também conhecida como Igreja da Boa Morte, foi a primeira igreja construída em Cachoeira.
Sua origem remonta à construção de uma capelinha em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, entre 1595 e 1606. Somente em 1637, a capela foi elevada à condição de matriz em louvor a Nossa Senhora D’Ajuda, durante uma obra de reconstrução que incluiu a nave, o copiar, a capela-mor, a sacristia e a torre sineira.
Um dos destaques seculares da construção é a pintura artística primitiva da cúpula, que apresenta um design em vermelho sobre fundo ocre claro, com frisos em preto. Essa pintura é considerada uma das primeiras em têmpera sobre argamassa confeccionadas no Brasil.
8. Igreja da Ordem Terceira do Carmo
A construção data do início do século XVII e apresenta um interior revestido com azulejos portugueses. Os altares possuem um estilo barroco, refletindo a riqueza e a sofisticação da arquitetura religiosa da época.
9. Casa de Oração da Ordem Terceira do Carmo
O conjunto arquitetônico, que inclui capela, sala da mesa, claustro e cemitério, teve seu início de construção em 1702, em um terreno doado aos carmelitas pelo Gal. João Rodrigues Adorno. Atualmente, o local abriga um Museu de Arte Sacra, que preserva e expõe importantes obras do patrimônio religioso.
10. Convento do Carmo
Assim como aconteceu com o convento dos carmelitas em Salvador, o prédio foi convertido em pousada e restaurante, proporcionando aos visitantes uma experiência que combina a história e a cultura local com opções de hospedagem e gastronomia.
11. Fábrica de Charutos Dannemann
A fábrica, inaugurada em 1873 pelo alemão Gerhald Dannemann, continua a produzir charutos de alta qualidade, comparáveis aos cubanos, confeccionados artesanalmente por mulheres que transmitem seu conhecimento de geração para geração.
No prédio, que abriga a Bienal do Recôncavo, funciona um centro cultural, promovendo a arte e a cultura local.
12. Casa de Hansen-Bahia
A casa onde morou o artista, conservada conforme ele a deixou, é agora um museu com um acervo de quatro mil obras, onde a população local tem acesso a atividades artísticas e cursos. No jardim, há um memorial onde estão depositadas as cinzas do pintor e os restos mortais de sua mulher, Ilse.
O espaço recebe mais de 10 mil visitantes ao ano, e a exposição é trocada sempre em 19 de abril, dia do aniversário de Hansen Bahia. Para quem quiser levar uma lembrancinha, há camisetas, DVDs e um catálogo de obras à venda.
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