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Catedral Basílica de Salvador é uma das mais importantes construções sacras do Brasil Colonial. Testemunho da história e do catolicismo no país, o templo possui, também, um acervo de grande valor, com telas de diversos autores seiscentistas, móveis em jacarandá e diversos objetos sacros em ouro e prata
Catedral Basílica de Salvador é uma preciosidade cravada no coração do Pelourinho é símbolo da arte sacra e da arquitetura religiosa no Brasil.
A Catedral Basílica de Salvador é considerada uma das igrejas mais importantes da Bahia. Monumento do século XVII, foi o quarto templo construído pelos jesuítas na capital baiana, entre 1652 e 1672, e é o último remanescente do conjunto arquitetônico do Colégio de Jesus.
A Catedral Basílica de Salvador foi um projeto arquitetônico do irmão Francisco Dias, possui 13 altares, sendo os dois primeiros construídos em estilo renascentista maneirista.
A fachada da igreja é toda em pedras de lioz, importadas de Portugal, e os nichos sob as portas representam Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Francisco de Borja.
Com a saída dos jesuítas do país, a igreja foi abandonada e chegou a ser utilizada como hospital militar e a primeira Escola de Medicina do Brasil, instalada ali em 1833.
Ainda em 1938, a igreja foi tombada individualmente pelo Iphan e a proteção inclui também todo o seu acervo.
Vídeo – História e Arquitetura Colonial da Catedral Basílica de Salvador
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RESUMO DA HISTÓRIA DA CATEDRAL BASÍLICA DE SALVADOR
A Catedral Basílica de Salvador, localizada no Terreiro de Jesus, foi originalmente construída pelos jesuítas no século XVII, e tornou-se a sede do arcebispado em 1765, após a expulsão da ordem em 1759.
Antes de sua designação como catedral, o edifício pertencia ao Colégio da Companhia de Jesus, que desempenhou um papel importante na educação e catequese dos indígenas no Brasil.
A atual igreja, construída seguindo as normas do Concílio de Trento, foi a quarta edificação no local, destacando-se pela sua grandiosidade e riqueza artística.
O processo de construção durou de 1657 a 1672, com a finalização de detalhes como o frontispício e as torres em 1694.
A fachada da igreja, uma transição do renascimento para o barroco, é ornamentada com esculturas de santos jesuítas. Internamente, a catedral segue o modelo de nave única com várias capelas laterais, altares de diferentes estilos e uma rica ornamentação de talha dourada e mármore lioz.
Um dos destaques da catedral é o altar-mor, construído entre 1665 e 1670, e as capelas laterais dedicadas a Santo Inácio de Loyola e São Francisco Xavier. Muitas obras de arte e relíquias históricas estão presentes, como pinturas do jesuíta Domingos Rodrigues e esculturas barrocas.
A sacristia, de grande sobriedade, abriga um impressionante arcaz de jacarandá e pinturas renascentistas.
Além disso, a catedral preserva uma rica coleção de azulejos portugueses e pinturas no teto, algumas atribuídas a artistas jesuítas renomados.
A catedral representa um dos mais importantes exemplos da arquitetura religiosa do Brasil colonial, sendo um local de grande valor histórico e cultural.
1. ALTAR-MOR
O altar-mor data de 1665-1670, executado pelo irmão João Correia e auxiliares.
Possui uma rica talha dourada, de grande importância artística e histórica, sendo um dos poucos altares maneiristas do Brasil.
Em 1670 foi aberto um camarim na parte superior para exposição do Santíssimo Sacramento, decorado com painéis com as imagens de Santo Inácio e São Francisco Xavier, pintadas pelo irmão Domingos Rodrigues, autor de outros painéis na mesma capela.
2. TETO DA NAVE
O teto da nave tem uma rica decoração em talha com símbolos jesuíticos, em cujo centro se encontra um grande medalhão radiante com o monograma IHS (Iesus Hominum Salvator – Jesus Salvador dos Homens), o símbolo da Companhia de Jesus.
3. ALTARES LATERAIS
A capela do lado direito do altar-mor, atualmente dedicada a Nossa Senhora das Dores, foi descaracterizada por sucessivas reformas, o fundo foi perdido, embora ainda preserve uma talha rica nas laterais e duas grandes estátuas:
À esquerda da capela-mor está a capela do Santíssimo Sacramento, que recebeu muitas das alfaias procedentes da antiga Sé quando esta foi demolida, entre elas um relicário de ouro e prata cravejado de diamantes, duas credências de altar e três palmas de prata:
As duas capelas do transepto, por outro lado, de dimensões comparáveis à capela-mor, possuem monumentais altares barrocos, instalados em 1754, dedicados a São Francisco Xavier e Santo Inácio, além de pinturas emolduradas em talha que cobrem paredes e teto.
As capelas secundárias na nave originalmente guardavam preciosas obras de arte, mas pelas reformas ocorridas ao longo do tempo muitas se perderam, e outras foram transferidas para outros locais, como a sacristia e o Museu de Arte Sacra.
Entre as relíquias que sobreviveram se destacam um busto-relicário de Santo Inácio revestido de prata, a imagem de Nossa Senhora das Maravilhas, também prateada, e bustos de Santa Úrsula e mais dez mulheres representativas das Onze Mil Virgens.
4. BUSTOS RELICÁRIOS
Dois altares possuem espaços, cada um com quinze bustos relicários, agora de volta à Catedral após terem ficado no museu de Arte Sacra da Bahia por 15 anos.
Os bustos representam mártires em peças de terracota do século XVII e podem ser protegidos por duas portas.
5. A SACRISTIA
No batistério se encontra uma grande pia batismal esculpida em um bloco único de pedra de lioz:
A ampla sacristia também possui tesouros, destacando-se três altares barrocos de mármore multicolorido proveniente da Itália, onde são expostas estátuas e pinturas de grande porte; um grande arcaz entalhado em jacarandá por Luís Manuel de Matosinhos e Cristóvão de Aguiar, com incrustações de marfim e casco de tartaruga, e pinturas encaixadas de autoria do neerlando-italiano Gherardo delle Notti, e um lavabo em pedra.
Na parede sobre o arcaz existe uma série de grandes pinturas sobre o Antigo Testamento, e o teto é decorado com pintura em caixotões, mostrando mártires e apóstolos jesuítas junto com motivos florais em estilo maneirista.
As paredes são revestidas até meia-altura de azulejos pintados.
6. DETALHES DOS ALTARES E O INTERIOR DA CATEDRAL
CATEDRAL BASÍLICA DE SALVADOR
1. HISTÓRIA
Depois da expulsão dos jesuítas, a igreja do antigo Colégio da Companhia de Jesus tornou-se a Catedral Basílica de Salvador (1), em substituição à antiga Sé, ameaçada de desabamento (2).
(2) A antiga Sé foi destruída em 1933 para abrir passagem aos trilhos de bonde, que deveriam fazer o retorno na atual Praça da Sé. Também foi demolido um quarteirão de edifícios para dar lugar ao progresso. O espaço aberto passou a ser chamado de Praça da Sé, que, segundo o professor e arquiteto Isaías Carvalho de Santos Neto, “ela foi, quando já não era.”
Conta a tradição que os primeiros jesuítas, que vieram com o governador-geral Tomé de Souza em 1549, estabeleceram-se numa pequena capela, a de Nossa Senhora da Ajuda, construída por eles dentro dos muros da cidade fortificada.
Não demoraram muito tempo no local, pois conseguiram a doação de um pedaço de terra, agora fora dos muros. Nesse terreno, que cuidaram de terraplanar, ergueram uma pequena capela, que chamaram de Terreiro de Jesus.
Para o local, começaram a atrair os indígenas, aos quais pretendiam ensinar um ofício, além de ler, escrever e contar. Esse encargo civilizatório foi dado ao irmão Vicente Rodrigues, que, com seus companheiros, se incumbiu do ensino, pregação e catequese dos índios.
Criou-se assim, em 1550, o Colégio dos Meninos, que foi elevado à condição de Colégio Canônico em 1556. O padre Manuel da Nóbrega observava a importância que esse terreiro, fora dos muros da cidade, teria na formatação urbana de Salvador: “e portanto a todos nos parece melhor um teso que está logo além da cerca, para a parte d’onde se há de estender a cidade, de maneira que antes de muitos anos podemos ficar no meio.”
A antevisão do jesuíta concretizou-se rapidamente. Por informação de Simão de Vasconcelos, o Colégio dos Jesuítas foi fundado em 1564, tendo recebido a esmola de D. Sebastião, através da Provisão Régia de 7 de novembro daquele ano. A renda assim obtida poderia sustentar cerca de 60 religiosos.
A atual igreja foi a quarta edificação. Construída já de acordo com as normas do Concílio de Trento, apresenta proporções maiores em relação aos outros edifícios religiosos. Do lançamento da pedra fundamental, em 1657, ao término de sua estrutura arquitetônica, em 1672, passaram-se 15 anos.
O frontispício estava quase finalizado em 1679, e as duas torres foram colocadas em 1694. Em 1746, ornamentavam a fachada da igreja as imagens de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, de São Francisco Xavier, mártir do Oriente, e de São Francisco de Borja, o terceiro geral da ordem.
Essa fachada, apesar de alguns indícios barrocos, como as volutas entre as torres e o ático, os frontões abertos das janelas e o nicho central, ainda apresenta características de transição do estilo renascentista para o barroco.
No final do século XVIII, o provincial padre Alexandre de Gusmão assim escrevia ao geral da sua ordem:
“[…] A igreja grande e famosa, feita há 22 anos, parte com esmolas recolhidas, parte com dinheiro, coberta com teto forte, mas ainda nu, carece ainda de teto pintado, com artesãos e molduras.
As paredes são revestidas de mármore da Itália (3). Também são de mármore as torres e o alto do frontispício, com três portas para o Terreiro, que é o maior da cidade, próprio para exercícios militares e para espetáculos públicos.
Já tem 7 capelas concluídas, doiradas e ornadas; o ornato de uma acabou-se agora, as restantes estão à espera do seu altar e ornato.”
Deve-se ressaltar que o revestimento interno e externo da igreja é em pedra lioz. Todas as peças vieram lavradas de Portugal, como lastro de navios, expressamente destinadas à igreja jesuítica, como ocorreria posteriormente com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Foram encomendadas em Lisboa pelo padre Antônio Vaz. Não há notícias sobre o autor dos riscos. O padre visitador, Cristóvão de Gouveia, no entanto, dizia ter interferido no plano e deixou registrado que o irmão Francisco Dias tinha sido o arquiteto.
ARQUITETURA COLONIAL E CONSTRUÇÃO
1. Nave
Interiormente, segundo as normas tridentinas, a igreja é em nave única, com capela-mor profunda, duas capelas colaterais, mais duas capelas no transepto e capelas laterais.
Os altares dessas capelas não têm uniformidade estilística, porque foram feitos em épocas diferentes, dependendo dos patrocínios. Cada um, em particular, foi alvo de intervenções restauradoras ou modificadoras em tempos diferentes.
Não é possível precisar as datas de sua execução, a não ser genericamente: datam dos fins do século XVII e do século XVIII, considerando-se que foram feitos, ou adaptados, depois do fim da construção da estrutura arquitetônica. Os únicos altares que apresentam uniformidade estilística e ornamental são os de Santa Úrsula, São Francisco Xavier e Santo Inácio de Loyola.
O altar-mor foi construído entre 1665 e 1670, tendo como executor o irmão João Correia, auxiliado por outros irmãos do Colégio, segundo informações de Serafim Leite. Sua decoração é composta de talha dourada, sustentada por colunas dóricas, que têm características de transição do renascimento para o barroco. Apresenta talhas menos volumosas, simétricas, sem muito jogo de luz e sombra, próprias daquele último estilo. Esse altar tem o quadro de Nossa Senhora colocado na base do trono do Santíssimo Sacramento.
O camarim da parte superior só foi aberto em 1670. Local destinado à exposição do Santíssimo Sacramento, é fechado por duas portas, que estampam as imagens de Santo Inácio e São Francisco Xavier. De acordo com Afonso Ruy, esses painéis foram pintados pelo irmão Domingos Rodrigues. Segundo a opinião de um visitante do século XIX, essas pinturas e os quadros da sacristia eram as únicas obras marcantes então existentes na Bahia.
Como o camarim foi colocado depois de montado o altar-mor, sua parte posterior avança para o recinto da antiga livraria no piso superior.
Seguindo as recomendações do Concílio tridentino, a construção e ornamentação da igreja dos jesuítas contou com a participação da população. O capitão Francisco Gil de Araújo (4) patrocinou a capela-mor e, como retribuição, obteve o direito de ter seu corpo enterrado no recinto da igreja. Toda a igreja foi patrocinada por vários componentes da família desse capitão.
Não há notícias sobre esse capitão na cidade do Salvador, mas sim sobre um capitão Francisco Gil de Araújo que foi donatário da capitania do Espírito Santo e faleceu antes de 1697, ocasião em que sua viúva abriu uma causa na justiça contra os jesuítas.
É difícil atribuir as obras a autores específicos, pois, como constituía norma na época, os trabalhos eram feitos em grupo e o mestre que dirigia as obras não as assinava, permanecendo a maioria delas anônima.
Segundo informações do também jesuíta Serafim Leite, o irmão entalhador João Correia teve destaque nesse ofício, bem como os irmãos Luís Manuel Trigueiros e Domingos Trigueiros, este natural da Bahia.
O pintor e encarnador Domingos Rodrigues e o pintor Eusébio de Mattos foram outros artistas que tiveram proeminência nos trabalhos no interior desse templo. No entanto, não é possível atribuir-lhes especificamente qualquer obra.
O conjunto de pinturas da capela-mor foi executado entre 1665 e 1670. Sua autoria é atribuída por Serafim Leite ao jesuíta pintor Domingos Rodrigues.
Em estilo que tende ao maneirismo, representa em 18 quadros, nove de cada lado da parede do presbitério, a vida de Jesus, da Anunciação à Ressurreição de Lázaro. Depois de restauro recente, alguns quadros tiveram seus lugares trocados, segundo notou Sobral.
Do lado esquerdo do altar-mor, fechada por grades, está a capela do Santíssimo Sacramento, presente em muitas igrejas pós-tridentinas privilegiadas, especialmente as jesuíticas, obedecendo aos ditames daquele concílio e à hierarquia devocional nele estabelecida, com a Santíssima Trindade que ocupava o primeiro lugar.
Essa capela recebeu boa parte de peças da antiga Sé, substituindo as alfaias jesuíticas, confiscadas por ocasião da expulsão dos religiosos em 1759. Na mesma capela, que ostenta “um sacrário todo de prata e ouro, com grandes brilhantes de primeira água”, oferta das senhoras da Bahia, estão as três sacras em prata com lavores trabalhados pelos prateiros do século XVII e as duas credências, todas essas peças vindas da igreja da Sé demolida (5).
No transepto, acham-se dois monumentos da arte barroca ainda pouco estudados: do lado da Epístola, o altar dedicado a São Francisco Xavier (6); no lado oposto, do Evangelho, o altar de Santo Inácio de Loyola.
Em 1719, foi colocado na mão direita de São Francisco Xavier um sol de ouro, ofertado por João de Souza Câmara. Em 1722, quando benzida e colocada, a imagem de Santo Inácio foi adornada com um diadema de ouro, oferta dos fiéis e dos próprios jesuítas.
Os altares foram montados em 1754 e são de autores anônimos. Ambos devem ser vistos como um conjunto, pois cada parte completa a outra, conferindo-lhes um aspecto de monumentalidade. Santo Inácio foi o fundador da Companhia de Jesus. São Francisco Xavier é o padroeiro da cidade do Salvador, pois a Câmara recorreu a ele durante uma grande epidemia—o mal da bicha, ou febre amarela—pedindo que intercedesse junto a Deus para extingui-la.
Não obteve muito sucesso, mas mesmo assim proclamou-o padroeiro da cidade em 1686 (7).
O busto do santo, sob a forma de relicário, coberto de prata, pode ser visto na sacristia e é o que aparece na procissão, no dia 10 de maio, saindo da Catedral e percorrendo as ruas do Centro Histórico. A imagem, datada do século XVII, é de influência espanhola, com pedestal acrescido no oitocentos.
Também de influência espanhola é a imagem de Nossa Senhora das Maravilhas, revestida em prata lavrada (8).
Deve-se lembrar que a imagem estava, então, na antiga Sé, e não na atual catedral.
Introduzida na Catedral no século XVII e ainda pertencente ao seu acervo, encontra-se hoje em exposição no Museu de Arte Sacra. Datadas do período da união das coroas ibéricas—de 1580 a 1640—essas imagens têm características seiscentistas, como o interior de madeira e o exterior coberto com lâmina de prata batida e, às vezes, cinzelada e lavrada.
O último altar, do lado direito, é dedicado às Onze Mil Virgens, reverenciadas pelos jesuítas no Brasil desde 1590. No altar, renovado no século XVIII, estão presentes os bustos de dez mulheres, mais Úrsula de corpo inteiro.
Originariamente, vieram as representações de apenas uma e, depois, mais duas virgens, nos séculos XVI-XVII, e foram logo eleitas as primeiras padroeiras do Brasil, fato que é pouco conhecido dos brasileiros.
Somente a Companhia de Jesus estava autorizada, pelas Constituições Primeiras, a fazer procissão anual em sua homenagem.
Os dois primeiros altares do lado esquerdo abrigavam, em armários móveis e com estrutura renascentista, os relicários de santos mártires diversos, em terracota ou madeira, com escrínios de prata guardando relíquias.
Datam de 1581, mas foram readaptados aos altares da terceira igreja, entre 1657 e 1672. Essas imagens, devidamente restauradas no Museu de Arte Sacra, não puderam retornar a seus lugares na Catedral, porque a estrutura dos altares, danificada, não suportaria seu peso.
Estão sob a guarda daquele museu até o presente. Supõe-se que esses altares, como seu fronteiro, são originários da igreja anterior e foram adaptados na igreja atual, sofrendo acréscimos para alcançar a altura da nova construção.
O altar-mor continuou a passar por alterações.
No relatório de 1746, o provincial dos jesuítas dava notícias da “nova imagem de admirável arte, do Salvador, com que ficou mais conspícuo o titular da nossa igreja, que passou a ocupar um nicho, sobre o arco cruzeiro”.
Essa imagem em madeira encarnada e policromada é identificada com o símbolo jesuítico, representando o Cristo como o Salvador do mundo, com o globo e a cruz na mão. Esse mesmo símbolo é representado de outra forma no teto, com a sigla IHS (Iesus Hominum Salvator), em letras douradas no centro do enorme sol que arremata o forro apainelado.
Iniciado em 1696, o teto só foi terminado em 1700, quando se concluíram as molduras. Entre as figuras emolduradas nos quatro cantos estão o Leão, o Touro, a Águia e o Homem, simbolizando os quatro evangelistas, respectivamente, São Marcos, São Lucas, São João e São Mateus.
Segundo Serafim Leite, a armação do forro foi feita pelo irmão Luís Manuel. Natural de Matozinhos, Portugal, ele era qualificado como entalhador e construtor naval, o que talvez explique a enorme composição entalhada que cobre o referido teto.
Na última intervenção, terminada em 1998, os técnicos a serviço do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Bahia (Ipac) descobriram que a cor original do forro era tendente ao creme e não branca, como até então estava pintado.
Essa pintura branca cobria flâmulas ligadas à iconografia jesuítica, que agora podem ser vistas.
Próximo à porta da entrada, do lado esquerdo, está localizado o batistério, sendo digna de especial reparo a pia, trabalhada em um só bloco de pedra de lioz e que, de época imemorial, era utilizada na primeira vigararia da cidade e na qual se fazia, como era costume então, batismo por imersão.
Sacristia. Comparada a outras sacristias, a da Catedral Basílica é grandiosa no tamanho e de extrema sobriedade na decoração.
Possui três altares de mármores multicoloridos, de origem italiana e influência renascentista, apesar dos frontões barrocos partidos. Observam-se nos altares imagens barrocas do século XVIII, de grande porte, que contrastam com a sobriedade dos mármores, especialmente a de Nossa Senhora da Fé, logo à entrada.
No lado oposto, outro altar abriga o tradicional Cristo Crucificado barroco que, possivelmente, esteve no altar-mor da igreja no setecentos. Do lado das janelas há um lavabo que se coaduna com o conjunto renascentista dos altares, confeccionado com as mesmas pedras. Tem a “marca” jesuítica: IHS.
Um grande arcaz (9) de jacarandá, dividido em duas partes, toma toda a parede que separa a sacristia da igreja. O móvel é ornamentado com lavores confeccionados com casco de tartaruga e marfim, desgastados pelo tempo.