Relevo, Fauna e Flora da Chapada Diamantina

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Epidendrum - Orquídea da Chapada Diamantina
Epidendrum – Orquídea da Chapada Diamantina

A Chapada Diamantina é uma região de serras, situada no centro do Estado brasileiro da Bahia, onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio de Contas.

Essas correntes de águas brotam nos cumes e deslizam pelo relevo em belos regatos, despencam em borbulhantes cachoeiras e formam transparentes piscinas naturais.

O parque nacional é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A vegetação é exuberante, composta de espécies da caatinga semi-árida e da flora serrana, com destaque para as bromélias, orquídeas e sempre-vivas.

Alguns atrativos naturais causam espanto e êxtase, como a Cachoeira da Fumaça e seus 380 metros de queda livre ou o deslumbrante Poço Encantado.

Mas são tantas as atrações que se pode optar entre visitar grutas, tomar banho de cachoeira, fazer trekking em antigas trilhas de garimpeiros, montar a cavalo ou praticar esportes e aventuras.

A Chapada abriga, em seus vales e cumes, comunidades esotéricas e alternativas como no Vale do Capão. Os dois pontos mais altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado com 2.033 metros (o mais alto do nordeste) e o Pico das Almas com 1 958 metros.

Veja o mapa Chapada Diamantina

Mapa das Trilhas e Pontos Turísticos da Chapada Diamantina

Caminhar respirando o ar puro e admirando a paisagem é a principal opção dos turistas de todas as partes que visitam a Chapada.

Os lugares verdejantes guardam sempre uma surpresa com águas cristalinas ou areias coloridas, belos morros, flores e hortaliças que encantam pela beleza e viço.

Em Igatu, a curiosidade se aguça em meio às ruínas da cidade fantasma, construída com pedras que formam as paredes de pequenas grutas.

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Surgimento da Chapada Diamantina

A Chapada Diamantina nem sempre foi uma imponente cadeia de serras.

Há cerca de um bilhão e setecentos milhões de anos, iniciou-se a formação da bacia sedimentar do Espinhaço, a partir de uma série de extensas depressões que foram preenchidas com materiais expelidos de vulcões, areias sopradas pelo vento e cascalhos caídos de suas bordas.

Sobre essas depressões depositaram-se sedimentos em uma região em forma de bacia, sob a influencia de rios, ventos e mares.

Posteriormente, aconteceu um fenômeno chamado soerguimento, que elevou as camadas de sedimentos acima do nível do mar, pressionada pela força epirogenética, tendo aos pouco um sofrível erguimento ao longo de milhões de anos.

As inúmeras camadas de arenitos, conglomerados, e calcários, hoje expostas na Chapada Diamantina, representam os depósitos sedimentares primitivos; a paisagem atual é o produto das atividades daqueles agentes ao longo do tempo geológico.

Nas ruas e calçadas das cidades da Chapada, lajes de superfícies onduladas revelam a ação dos ventos e das águas que passavam sobre areais antigos.

Geografia da Chapada Diamantina

Relevo, Fauna e Flora da Chapada Diamantina
Relevo, Fauna e Flora da Chapada Diamantina

Há cerca de 1,8 bilhão de anos, aqui, onde hoje é sertão, já foi banhado pelas águas do mar. A Chapada foi coberta pelo oceano até que um choque de placas tectônicas criasse as profundas fendas e depressões que compõem atualmente a geologia da região.

Assim, iniciou-se a formação das serras sedimentares, através da ação dos ventos, rios e mares, que juntaram pedacinhos de diversas pedras e desenharam as paisagens locais, criando a Bacia do Espinhaço, com elevações de formatos bem diversificados.

A região está dividida geograficamente entre várias serras, como a Serra de Rio de Contas, do Bastião, da Mangabeira, das Almas e do Sincorá.

Elas são as divisoras de água entre a bacia do Rio São Francisco, Rio de Contas e o Paraguaçu, que deságuam no Oceano Atlântico.

A Chapada Diamantina localiza-se na Serra do Espinhaço que é uma cadeia montanhosa localizada no planalto Atlântico, estendendo-se pelos estados da Bahia e Minas Gerais. Seus terrenos são do Proterozóico e contêm jazidas de ferro, manganês, bauxita, diamante e ouro.

Seu nome fora dado pelo geólogo alemão Ludwig von Eschwege no século XIX. É responsável pela divisão entre as redes de drenagem do Rio São Francisco e as redes de drenagem dos rios que correm diretamente para o oceano Atlântico. É considerada reserva mundial da biosfera, por ser uma das regiões mais ricas do planeta, graças sua grande diversidade biológica.

A Serra do Espinhaço pode ser considerada a única cordilheira do Brasil, pois é singular em sua forma e formação.

Há mais de um bilhão de anos em constante movimento, é uma cadeia de montanhas bastante longa e estreita, entrecortada por picos e vales. Tem cerca de 1.000 quilômetros de extensão, no sentido latitudinal do Quadrilátero Ferrífero, ao Norte de Minas e, depois de uma breve interrupção, alcança a porção sul da Bahia.

Todo esse percurso apresenta uma diferença mínima de longitude, ou seja, sua largura varia apenas entre 50 e 100 quilômetros.

A Serra do Espinhaço foi considerada pela Unesco em 27 de junho de 2005 a sétima reserva da biosfera brasileira, devido a sua grande diversidade de recursos naturais; mostrando-nos a importância de protegê-la

Mais da metade das espécies de animais e plantas ameaçados de extinção em Minas Gerais estão nas Cadeias do Espinhaço. Especialmente na Serra do Cipó, onde se encontra o maior número de espécies endêmicas da flora brasileira.

As raízes africanas, européias e indígenas se misturam no Espinhaço, deixando marcas nos costumes e manifestações culturais das comunidades locais. A beleza e a cultura da região oferecem condições para o desenvolvimento do ecoturismo.

Entre os municípios que são cortados pela Serra do Espinhaço estão Porteirinha, Mato Verde, Espinosa, Olhos-d’Água em Minas Gerais e Lençóis, Mucugê, Andaraí, Iraquara, Bonito, Ibicoara, Rio de Contas e Igatu.

1. Localização, Limites, Explicação dos Limites e Tamanho da Chapada Diamantina

Localizada na parte centro-sul do bioma, alongada no sentido N-S e em forma de “Y”, seguindo o alinhamento do divisor de águas da Chapada Diamantina.

É inteiramente circundada pela ecorregião da Depressão Sertaneja Meridional. Os limites são explicados principalmente pelas mudanças de relevo, altitude e tipo de solo. É a parte mais alta do bioma Caatinga.

Tamanho: 50.610 km2.

2. Unidades Geoambientais do ZANE

Nesta ecorregião estão presentes as unidades dos Maciços e serras altas (S2); Superfícies retrabalhadas (E4, E5, E8); Chapada Diamantina (C1, C3, C6, C8); Superfícies cársticas (J4).

3. Tipos de Solo, Geomorfologia, Relevo e Variação de Altitude

Esta é a ecorregião mais elevada da caatinga, quase toda com mais de 500 m de altitude.

O relevo é bastante acidentado, com grandes maciços residuais, topos rochosos, encostas íngremes, vales estreitos e profundos, grandes superfícies planas de altitude e serras altas, estreitas e compridas. As altitudes variam de 200 a 1.800 m, com um pico (Pico do Barbado) de 2.033 m.

Nos maciços e serras altas os solos são em geral rasos, pedregosos e pobres, predominando os solos litólicos (rasos, pedregosos e de fertilidade baixa) e grandes afloramentos de rocha. Nos topos planos os solos são em geral profundos e muito pobres, com predominância de latossolos (profundos, bem drenados, ácidos e de fertilidade baixa).

Boa parte do leste da Chapada Diamantina é constituída por áreas que têm sofrido retrabalhamento intenso, causando um relevo bastante dissecado com vales profundos, com altitude variando de 200 a 800 m.

Nestas áreas predominam os solos podzólicos (medianamente profundos, bem drenados, textura argilosa e fertilidade média) e os latossolos.

A Chapada Diamantina contém as cabeceiras de vários rios que correm para a Depressão Sertaneja Meridional.

4. Clima

Na parte oeste o clima vai de quente a tropical, com um gradiente crescente de precipitação das menores para as maiores altitudes. Nas áreas mais baixas a média anual fica em torno de 500 mm, enquanto ultrapassa os 1.000 mm nas partes mais altas. O período chuvoso vai de outubro a abril.

Na parte leste o clima vai de tropical a semi-árido, com período chuvoso de novembro a maio e precipitação média de 678 a 866 mm/ano.

Grandes Processos Característicos ou Influências Gradientes de altitude (inclui os pontos mais altos do NE) que formam “ilhas” de campos rupestres separadas por vales mais baixos de caatinga – processo de isolamento que gera especiações.

5. Gradiente de temperaturas (apresenta as temperaturas mais baixas do semi-árido)

Grande influência de longos períodos secos, contrastando com uma pluviosidade anual acima de 1.000 mm (chegando em alguns anos a 2.000 mm – maiores índices pluviométricos do semi-árido) e formação de neblina o ano inteiro.

Abriga as nascentes da maioria dos rios perenes da Depressão Sertaneja Meridional, sendo o grande divisor de águas daquela ecorregião.

Há influência da Serra do Espinhaço em elementos da flora, e a presença de cavernas é muito importante para a fauna.

6. Tipos de Vegetação

Mosaico que inclui caatinga com grande diversidade (abaixo de 1.000 m de altitude), cerrado, campos rupestres, e diferentes tipos de mata (da mais seca à mais úmida).

Acima de 1.000 m de altitude, onde existem mais afloramentos rochosos, predominam os campos rupestres (ligados a quartzitos); onde o solo é mais arenoso, predomina o cerrado (solo podzólico).

As matas, predominantes nas encostas, são mais ligadas a granitos e gnaiss, e tornam-se mais úmidas à medida em que a altitude aumenta.

As matas de caatinga são do tipo floresta estacional caducifólia, com muitas árvores espinhosas, especialmente dos gêneros Acacia e Mimosa, e abundância de Cactaceae e Bromeliaceae.

Algumas espécies são marcantes na fisionomia da vegetação, como o umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) e o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.). Porém, existe uma diversidade muito grande na flora, e muitos gêneros e espécies endêmicos.

A caatinga ocupa grande extensão da ecorregião, em altitudes de até 1.000 m, onde se entremeia com os cerrados de altitude.

A caatinga também predomina para o norte, nos vales do rio de Furnas, rio de Contas e rio Paraguaçu, assim como na parte mais a oeste das serras, onde a altura cria uma barreira impedindo a passagem das chuvas.

7. Exemplos de Grupos Taxonômicos Típicos

7.1. Flora

As caatingas da Chapada têm alguns gêneros endêmicos das famílias Leguminosae, Cactaceae, Sterculiaceae, Scrophulariaceae, Martyniaceae e Compositae.

Os campos rupestres abrigam uma flora completamente diferente da caatinga, mas contêm muitas espécies endêmicas da Chapada.

Gêneros endêmicos: Rayleya (Sterculiaceae) – gênero com uma espécie, só de Andaraí; Mysanthus (Leguminosae) – gênero com uma espécie da parte sul da Chapada; Heteranthia (Scrophulariaceae) – gênero com uma espécie de áreas brejosas do leste da Chapada; Holoregmia (Martyniaceae) – gênero com uma espécie de Rio de Contas até Anajé.

Espécies endêmicas: Mimosa irrigua Barneby (Leguminosae), Chamaecrista eitenorum var. regana I. & B. (Leguminosae), Portulaca werdermanii Poelln. (Portulacaceae, do Morro do Chapéu e Mucugê), Melocactus glaucescens Buin. & Bred. (Cactaceae, do Morro do Chapéu), Arrojadoa bahiensis (U. Brawn & Esteves) M. P. Taylor & Eggli (Cactaceae), Pilocarpus trachylophus Holmes (Rutaceae – ocorre em MG, BA e CE).

7.2. Estado de Conservação Estimado

A área, que é muito frágil, está ameaçada pela agricultura de café nas áreas planas, pela pecuária, e principalmente por lavras (vários tipos de minério) e pedreiras.

Também é preocupante a crescente pressão do turismo de várias modalidades, além do extrativismo de espécies ornamentais (orquídeas, sempre-vivas, bromélias).

7.3. Rio Paraguaçu na Chapada Diamantina

Na chapada Diamantina ocorre a formação do Rio Paraguaçu o maior rio genuinamente baiano.

Suas nascentes são diamentíferas, suas margens férteis, muito piscoso em todo a sua extensão e navegável das cidades à sua foz. Já foi a principal via de transporte e comunicação de toda a região.

O nome Paraguaçu” é de origem tupi e significa “mar grande”, através da junção dos termos pará (“mar”) e gûasu (“grande”).

No Brasil Colônia, foi escrito de várias formas: Paraguaçu, Paraoçu, Paraossu, Peroguaçu, Perasu, Peoassu e Peruassu. Segundo historiadores, em 1504 os franceses já traficavam pelo Rio Paraguaçu com os nativos. Porém a sua descoberta é atribuída a Cristóvão Jacques, comandante da primeira expedição guarda-costa que chegou ao Brasil em 1526 para combater os franceses no contrabando do pau-brasil no litoral.

Frei Vicente do Salvador, primeiro historiógrafo brasileiro, relata que Cristóvão Jacques, na ilha “dos Franceses” situada no baixo curso do Paraguaçu, encontrou duas naus da França ali ancorada, comerciando com os indígenas, afundando-as com equipagens e mercadorias.

Nasce no Morro do Ouro, Serra do Cocal, município de Barra da Estiva, Chapada Diamantina, segue em direção norte passando pelos municípios de Ibicoara, Mucugê e até cerca de 5km a jusante da cidade de Andaraí, quando recebe o rio Santo Antônio.

Muda de direção em seu curso para oeste e leste, servindo como divisor entre os municípios de Itaeté, Boa Vista do Tupim, Marcionílio Souza, Itaberaba, Iaçu,Argoim, Santa Teresinha, Antônio Cardoso, Castro Alves, Santo Estevão, Cruz das Almas, Governador Mangabeira,Cabaceiras do Paraguaçu, Conceição da Feira, Muritiba de São Félix, e as cidades de São Felix de Cachoeira e Maragogipe desemboca na Baía de Todos os Santos entre os municípios de Maragogipe e Saubara.

Tem seiscentos quilômetros de curso, ao longo do qual banha cidades importantes, inclusive sob o ponto de vista turístico, a exemplo das acima citadas e povoados como Santiago do Iguape, São Francisco do Paraguaçu, Nagé, Coqueiros, São Roque e Barra do Paraguaçu. É navegável em seu baixo curso, da foz até as cidades de Cachoeira e São Félix, passa por Maragogipe num percurso de 46 km.

Dentre os afluentes principais destacam-se somente os da margem esquerda: Santo Antônio, Tupim, Capivari (São Félix), do Peixe. Forma algumas quedas d’água, destacando-se a de Bananeiras.

Nele, se pesca ao longo de todo o curso, principalmente tucunarés, traíras e piaus, sendo que no baixo curso encontram-se camarões, robalos e tainhas.

Com a construção da barragem de Pedra do Cavalo, responsável pelo controle de suas cheias, ganhou mais uma utilização, a de responder pelo abastecimento de água todo o Recôncavo, Feira de Santana e a Grande Salvador.

Para se conhecer a Chapada Diamantina em sua exuberância propomos o mais diversificado roteiro da Chapada Diamantina, através do qual se pode visitar os principais atrativos do Parque Nacional e seu entorno: cachoeiras, cavernas, cânions, montanhas, cidades históricas integrantes dos ciclos do Diamante e do Ouro, além de atividades do turismo de aventura, para iniciantes e praticantes.

Com variadas opções de trilhas curtas e longas, este roteiro é flexível aos diversos perfis de visitantes e conta com infra-estrutura turística de qualidade. Tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as cidades de Lençóis, Mucugê, Igatu e Andaraí preservam o casario colonial do final do século XIX. A diversidade cultural confere um clima charmoso a Lençóis, que também se posiciona como portão de entrada para a Chapada Diamantina.

Bahia.ws é o maior guia de turismo e viagem da Bahia e Salvador.

Guia de Turismo e Viagem da Chapada Diamantina

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