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São Luís do Maranhão, capital do estado do Maranhão, é uma cidade rica em história e cultura, com várias curiosidades interessantes.
São Luís do Maranhão foi fundada por franceses, invadida por holandeses, colonizada pelos portugueses.
Qual foi o resultado desta mistura? São Luís!
A capital do Maranhão, no Nordeste, possui um dos maiores patrimônios históricos da América Latina, fruto deste amálgama de diferentes culturas.
São mais de 3.500 imóveis tombados que renderam à cidade o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1997.
Os famosos Lençóis Maranhenses, claro, se constituem no principal atrativo turístico do Estado do Maranhão, mas São Luís do Maranhão tem beleza e história.
São Luís é a única cidade brasileira fundada pelos franceses e tem uma impressionante riqueza histórica.
No dia 8 de setembro de 1612 eles criaram aquela que pretendia ser a França Equinocial (o nome da cidade, inclusive, foi uma homenagem ao então rei francês Luís XIII).
No entanto, três anos depois ela foi dominada pelos portugueses e em 1641 pelos holandeses, voltando à Coroa Portuguesa em 1644.
A herança lusitana pode ser vista em cada rua do famoso centro histórico, nas fachadas dos casarões coloniais cheias de azulejos portugueses (a maior coleção da América Latina).
Caminhar por elas é voltar ao passado para entender o presente e refletir o futuro. Uma viagem no tempo que nos lembra que sempre é tempo de conhecer a nossa própria história.
Tranquilamente a pé, você vai conhecendo o centro histórico e os principais pontos turísticos, como o Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, com vista privilegiada do mar, ao lado o Palácio La Ravardière, onde funciona a prefeitura, e pertinho a Catedral Metropolitana, cujo altar é banhado a ouro.
As construções históricas de São Luís são lindas por si só e ficam ainda mais bonitas quando se conhece a história de cada uma.
Vídeos – Centro histórico de São Luís do Maranhão
Neste roteiro a arquitetura é o destaque. Inclusive, essas fachadas acabaram inspirando arquitetos de Lisboa no século XVIII.
Ao contrário do que se pensa, primeiro os portugueses vivendo no Brasil decoraram as fachadas das suas casas com azulejos e só depois a tendência se expandiu por Portugal.
A técnica de usar cerâmica nas fachadas tinha uma função além da estética, servia para minimizar o calor interno refletindo a luz do sol.
Somente os azulejos portugueses são 150 modelos diferentes, a maioria azul e branco.
As características comuns dos casarões são cerâmica e balcão de ferro. Janelas e portas enormes comunicavam a prosperidade econômica fruto do algodão no século XVIII.
Geralmente, os comerciantes usavam o primeiro piso para instalar seu comércio e viviam com a família no piso superior.
A caminhada geralmente começa pela Praça Dom Pedro II, desce as escadarias de Catarina Mina e cai na Rua Portugal, na Praia Grande.
Mais adiante faz uma parada no Largo do Comércio por causa dos bares e a Casa das Tulhas, o lugar para provar e comprar produtos típicos.
Se fizer por conta, quando alcançar a Rua da Paz, siga para a Praça João Lisboa e de lá para a Rua do Sol, onde esta o Teatro Arthur de Azevedo.
Atração com visita guiada que ainda exibe espetáculos. Em frente está a Rua do Ribeirão que leva para a Fonte do Ribeirão e suas lendas.
A Fonte do Ribeirão (1796), com símbolos cristãos e pagãos, era usada para abastecimento da cidade e ainda hoje inspira lendas e crenças populares.
Entre elas a lenda da serpente adormecida que não para de crescer nos túneis subterrâneos de São Luís. Um dia vai crescer tanto que sua cabeça vai encontrar o rabo e, quando acontecer, ela vai despertar furiosa soltando fogo até afundar a cidade.
Obviamente, estórias incentivadas pelos poderosos da cidade para evitar curiosos nos subterrâneos onde eles usavam como passagem secreta. Dizem que os tuneis subterrâneos conectam as principais igrejas de São Luís.
Museu Histórico e Artístico do Maranhão
5 curiosidades sobre São Luís do Maranhão
Daniel de La Touche não estava na fundação de São Luís? O traidor de Tiradentes viveu e morreu em São Luís? Confira essas e outras curiosidades.
Entender história nem sempre é tão fácil! Principalmente quando se trata de São Luís, única cidade brasileira fundada por franceses, invadida por holandeses e, na sequência, colonizada pelos portugueses.
Pensando no tanto de ‘loucura’ que São Luís passou para chegarmos até aqui, selecionamos juntamente com historiador Euges Lima, algumas curiosidades sobre São Luís que provavelmente você não saiba, viu?!
1. Daniel de La Touche não estava no momento da fundação de São Luís
Segundo o livro de Claude d’Abbeville, História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão, o fundador oficial de São Luís, Daniel de La Touche, não esteve presente na cerimônia de 8 de setembro de 1612, pois era protestante e a cerimônia foi imperativamente católica. “Protestante jamais iria participar de uma cerimônia de posse em nome do catolicismo!
A primeira comemoração aconteceu em 1912 quando a cidade já tinha 300 anos. Segundo o livro, no dia 8 de setembro foi eleito o aniversário, em razão de uma procissão feita Franceses e índios tupinambás.
Ali eles vão erguer uma cruz juntos e essa cruz simboliza que naquele momento os franceses juntamente com os índios estão tomando posse da ilha de São Luís em nome do cristianismo.
E como Daniel de La Touche era protestante, quem participou da cerimônia foi o François de Razilly, um dos líderes da expedição”, conta o historiador Euges Lima.
2. Palácio dos Leões nem sempre teve esse nome
A sede do Governo do Maranhão nem sempre teve esse nome. Euges Lima detalha que esse nome foi colocado em razão de uma crítica.
Nem sempre o Palácio dos Leões foi chamado assim, remotamente, ele era chamado de Palácio do Governo, por sediar o governo executivo governadores no período colonial.
Por volta da primeira metade do século XX, na época das intervenções, na Era Vargas.
Grupos oposicionistas usam os azulejos com gravuras leões como ironia para atacar o governador da época, ainda quando o Maranhão era governado por administradores políticos indicados pelo governo federal.
Ao invés dele ficar irritado com o protesto, ele acaba neutralizando a crítica mandando fazer essas esculturas de bronze. A partir daí ele deixa de ser chamado de Palácio do Governo e passa a ser chamar Palácio dos Leões.
3. Por qual motivo o nome São Luís permaneceu, já que é Francês?
Isso é algo a se pensar… Já que a cidade foi fundada por Daniel de La Touche (ou não) e eles foram expulsos pelos portugueses, mas ainda assim foi mantido o nome. Sabe o motivo?
Segundo um dos mais antigos cronistas da história de São Luís, Bernardo Berredo, autor de Anais históricos do estado do Maranhão( 1749) , Jerônimo de Albuquerque Maranhão, que expulsou os franceses, deixou o nome da cidade São Luís, para guardar para posteridade o seu feito. Mantendo assim a lembrança da presença francesa e logo sua memória.
4. O Cais da Sagração demorou quase 70 anos para ficar pronto
A construção do Cais da Sagração, que fica localizado do Centro de São Luís, iniciou no ano de 1841. Em comemoração a coroação de D. Pedro II, no início do Segundo Império, e só foi inaugurada em 1909, quando o Brasil já era república. As obras foram iniciadas no bojo da coroação de D. Pedro II.
Ela foi iniciada em razão da coroação de Dom Pedro II, em 1841. Houve várias comemorações no Maranhão.O Exército Brasileiro que estava aqui no estado, se organizou para fazer celebrações. Na ocasião também foi inaugurado monumentos como a Pedra da Memória”, detalha Euges.
5. O traidor de Tiradentes viveu e foi enterrado em São Luis
Sim, o primeiro delator da história, mais conhecido como traidor de Tiradentes, Joaquim Silvério dos Reis, Coronel Comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, contratador de entradas, fazendeiro e proprietário de minas, que, diante da possibilidade de ter suas dívidas perdoadas pela Coroa, resolveu delatar os inconfidentes, deixando como mártir da Inconfidência Tiradentes.
Uma parte de sua vida, antes de falecer, se passou aqui no Maranhão.
Uma história pouco conhecida e controversa. Para começar, documentos e pesquisas comprovam que ele foi enterrado na Igreja de São João, no Centro de São Luís, porém, há divergências quanto ao que houve depois com seu túmulo e qual teria sido o destino dos seus restos mortais.
Guia de Turismo e Viagem de São Luís do Maranhão