Arquipélago de Cairu: História e Atrações

O Arquipélago de Cairu, com suas principais ilhas – Cairu, Boipeba e Tinharé – oferece belíssimas paisagens, praias paradisíacas e rica cultura.

Cairu é um município brasileiro localizado no estado da Bahia.

Convento de Santo Antônio em Cairu
Convento de Santo Antônio em Cairu

Esse município insular corresponde ao próprio Arquipélago de Tinharé (ou Arquipélago de Cairu), composto por 26 ilhas situadas em um complexo estuarino. As ilhas principais são Cairu, Boipeba e Tinharé.

Ao todo, o município possui três vilas (Galeão, Gamboa e Velha Gamboa), seis povoados (Morro de São Paulo, Canavieiras, São Sebastião, Torrinhas, Tapuias e Garapuá) e uma cidade, que é Cairu.

O nome primitivo da ilha de Cairu era Aracajuru, que significa “casa do sol” na língua indígena.

A ocupação de Cairu teve início no século XVI, durante o povoamento da Capitania de Ilhéus. Foi uma das vilas mais importantes da Colônia.

A sede do município foi elevada à categoria de vila em 1610 e à de cidade em 1938.

No século XVIII, Cairu era considerada a melhor e mais segura moradia da região, tornando-se residência de ouvidores e corregedores da Câmara de Ilhéus.

Mapa da Costa do Dendê
Mapa da Costa do Dendê

Cairu é um arquipélago?

É importante reforçar essa informação, pois, com frequência, alguns conteúdos mencionam Cairu como uma ilha-município, enquanto apontam Tinharé como o verdadeiro arquipélago.

No entanto, quando se trata do arquipélago localizado no Baixo Sul da Bahia, o correto é afirmar que Cairu é o arquipélago oficial.

Vídeos sobre o Arquipélago de Cairu na Bahia

Convento e Igreja de Santo Antonio em Cairu
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1. Cidade de Cairu

1.1. História de Cairu e do Convento de Santo Antônio

O Baixo Sul da Bahia é uma das regiões de mais antiga colonização do Brasil.

Começou a ser ocupado em meados do século XVI, com o objetivo de abastecer de alimentos a recém-fundada cidade da Bahia (Salvador). Como testemunho desse tempo, apesar de ser uma região pobre, destacam-se o Convento de Cairu, considerado um marco da arquitetura franciscana, e o complexo defensivo do Morro de São Paulo, construído para evitar invasões estrangeiras.

Boa parte dos moradores da região eram descendentes de famílias importantes vindas de Ilhéus.

No processo de catequização, os jesuítas, com apoio especial do terceiro governador-geral, Mém de Sá, receberam extensas doações de terras, onde implantaram duas grandes fazendas com mão de obra indígena, além de criar aldeamentos catequéticos.

Em 1565, por intervenção de civis e religiosos, foram criadas vilas como Cairu, Boipeba e Camamu, mas as lutas contra os indígenas impediram a efetivação dessas fundações.

Além dos jesuítas, outros religiosos foram decisivos na formação de núcleos de povoamento, como os franciscanos da província de Santo Antônio, em Cairu, e os capuchinhos, em Maraú.

No primeiro século de povoamento, destacou-se em Cairu o casal Domingos da Fonseca Saraiva e Antônia de Pádua Góis.

Chegados ao Brasil em 1563, instalaram-se na capitania de Ilhéus, onde construíram um engenho e, ao lado da casa-grande, uma capela dedicada a Santo Antônio.

No entanto, devido à resistência dos indígenas, foram obrigados a abandonar Ilhéus e se estabelecer em Cairu.

Lá, construíram outro engenho em uma nova sesmaria e ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que daria origem à atual matriz.

Também levantaram uma capela de taipa, dedicada a Santo Antônio, posteriormente doada aos franciscanos, servindo temporariamente como casa de oração do hospício.

O Conjunto Franciscano de Cairu pode ser acessado por via marítima ou terrestre. Na praça fronteiriça, calçada de paralelepípedos, encontra-se o tradicional cruzeiro franciscano.

Menos volumoso que os de Paraguaçu e Salvador, possui base de pedra e uma cruz de madeira simples, sem relevância artística.

Em 1606, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Cairu, sob a administração do arcebispo Dom Constantino Barradas.

Esta freguesia abrangia as ilhas de Cairu, Tinharé e todo o arquipélago, com exceção de Boipeba. Em 1610, Cairu foi elevada à condição de vila, desmembrando-se de Ilhéus, o que levou à instalação da Casa de Câmara e Cadeia.

Durante meados do século XVII, a região foi palco de violentos conflitos entre colonizadores e os índios Guerens, que se estenderam por cerca de 35 anos. Ainda em 1750, os Guerens, ressurgindo como a fênix, devastaram terras em Camamu, Cairu e Jaguaripe.

Até essa época, o número de escravizados africanos na região era pequeno, sendo a mão de obra predominantemente indígena dos aldeamentos jesuíticos.

A história do Conjunto Franciscano de Cairu começa em 1650, quando Frei Sebastião do Espírito Santo, eleito custódio da Congregação Franciscana, enviou um grupo de frades à vila para fundar um convento, atendendo ao pedido dos moradores locais.

Frei Gaspar da Conceição, frei Francisco de Lisboa e frei João da Conceição foram os responsáveis pelo início da obra, que foi oficialmente aprovada no Capítulo de 14 de setembro de 1653, sob a presidência de Frei Cosme de São Damião. A pedra fundamental foi lançada em 25 de agosto de 1654, em terrenos doados por Bento Salvador e Isabel Gomes.

A construção da capela-mor provavelmente foi iniciada dois anos depois. Os franciscanos obtiveram financiamento da Fazenda Real, mas não se sabe a data exata de sua conclusão.

Em 1661, a verga da porta que liga a sacristia ao corredor da capela-mor traz a inscrição desse ano, indicando que o cemitério particular da ordem já existia. A sacristia definitiva foi concluída antes de 1750.

O cronista franciscano Jaboatam relatou que a igreja possuía três altares e um pórtico com três arcos de pedra lavrada, característicos da arquitetura franciscana.

O convento foi concluído em 1739, conforme a inscrição na porta lateral do pórtico. A fachada da igreja foi finalizada em 1742.

O conjunto foi edificado com técnica mista: tijolos e telhas obtidos por doação, enquanto o arenito foi extraído de pedreiras em Boipeba. Cairu e Paraguaçu foram os primeiros conventos franciscanos da Província de Santo Antônio construídos no Brasil após a separação da matriz portuguesa.

Seguiram um modelo arquitetônico repetido em São Francisco do Conde e Santo Antônio de João Pessoa (Paraíba), destacando-se pela galilé, frontispício triangular, torre recuada e cruzeiro frontal, características do “modo franciscano” de construir igrejas conventuais.

1.2. Pontos Turísticos da Cidade de Cairu

1.2.1. Igreja Nossa Senhora do Rosário

A sede do município está localizada na Ilha de Cairu e é dividida em Cidade Alta, onde a cidade nasceu, e Cidade Baixa.

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário - Cairu - Bahia
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Na Cidade Alta, destacam-se construções históricas, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (1610), situada em uma elevação de onde se avista o Convento de Cairu.

Do alto, descortina-se uma belíssima vista da região.

As casas ao redor, de arquitetura colonial e baixa estatura, formam um agradável conjunto urbano.

Centro Histórico da Cidade de Cairu
Centro Histórico da Cidade de Cairu

Não deixe de observar as imagens sacras de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Dores, São José e São Miguel.

Outro destaque são as janelas conversadeiras da sacristia, feitas de cantaria de arenito.

Na entrada da cidade, encontra-se o prédio da antiga prefeitura, possivelmente datado do final do século XVIII.

1.2.2. Igreja de São Francisco Xavier

Igreja de São Francisco Xavier - Cairu - Bahia
Igreja de São Francisco Xavier – Cairu – Bahia

A Igreja de São Francisco Xavier, datada do século XVII, é um dos principais templos históricos do município, com belos elementos barrocos e azulejos portugueses.

1.2.3. Convento de Santo Antônio

No local onde havia uma pequena ermida dedicada a Santo Antônio, foram erguidos a Igreja e o Convento de Santo Antônio. Sua fachada, precedida por um cruzeiro de pedra, está voltada para o braço de mar que separa as ilhas de Tinharé e Boipeba.

Convento de Santo Antônio em Cairu
Convento de Santo Antônio em Cairu

A construção do Convento de Santo Antônio, erguido pelos Capuchinhos, teve início em 1654.

O local ainda preserva um conjunto valioso de azulejaria portuguesa, do tipo tapeçaria dos séculos XVII e XVIII.

À esquerda da igreja, encontram-se as ruínas da capela-mor da Ordem Terceira, que nunca foi concluída. Dos mirantes situados no primeiro andar, é possível apreciar uma bela vista do mar e do campo.

Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia
Convento de Santo Antônio em Cairu na Bahia

Infraestrutura e Cultura Local

A cidade de Cairu dispõe de uma boa infraestrutura turística, com hotéis, pousadas, restaurantes e um atracadouro para saídas de barcos fretados para Valença, Boipeba (percurso de 40 minutos de lancha ou 2 horas de barco) e outros destinos do Canal de Taperoá.

Cercada por manguezais, Cairu não possui praias propícias para banho.

Os principais elementos do artesanato local são o coco e a piaçava, além de produtos típicos como cravo-da-índia, pimenta-do-reino e guaraná.

Há cerca de 30 anos, uma ponte ligou a ilha ao continente.

O folclore local mantém viva a memória da ascendência indígena, da escravidão, da presença militar e das lutas em defesa da nação, refletindo influências de Portugal, Espanha, Holanda e Angola.

As principais manifestações folclóricas incluem:

  • Congos
  • Taeiras
  • Dondoca
  • Alardo
  • Zambiapunga
  • Chegança
  • Bumba-meu-boi
  • Barquinha cinza

A cidade também é um destino para mergulho, com destaque para os pontos conhecidos como Pedras da Benedita, Tatiba e Tatimirim.

Arquipélago de Cairu
Arquipélago de Cairu

2. Atrações Turísticas do Arquipélago de Cairu

O Arquipélago de Cairu, localizado na Costa do Dendê, no estado da Bahia, é um destino paradisíaco repleto de belezas naturais, cultura histórica e experiências únicas para os visitantes.

O Arquipélago de Cairu é composto por diversas ilhas, entre elas a famosa Morro de São Paulo, Boipeba e Cairu, o arquipélago atrai turistas em busca de praias deslumbrantes, gastronomia local e ecoturismo.

mapa do Arquipelago de Tinharé
mapa do Arquipelago de Tinharé

2.1. Morro de São Paulo

Uma das ilhas mais famosas da Bahia, Morro de São Paulo se destaca por suas praias de águas cristalinas e atmosfera vibrante.

Farol do Morro de São Paulo
Farol do Morro de São Paulo

As principais atrações incluem:

  • Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Praia: Cada uma com características únicas, ideais para relaxamento e esportes aquáticos.
  • Fortaleza do Tapirandu: Construída no século XVII, oferece uma vista espetacular do entardecer.
  • Tirolesa do Morro: Uma das atividades mais emocionantes da ilha, com uma descida direta para o mar.
  • Centro Histórico: Com ruínas históricas e a Igreja de Nossa Senhora da Luz.

2.2. Boipeba

Considerada um refúgio para quem busca tranquilidade e contato com a natureza, Boipeba é conhecida por suas praias desertas e recifes de corais. Destacam-se:

  • Praia de Moreré: Com piscinas naturais de água cristalina.
  • Praia de Cueira: Uma das mais belas do Brasil, com coqueiros e mar calmo.
  • Passeio de Canoa pelo Rio do Inferno: Um percurso único entre os manguezais.
Ilha de Boipeba na Bahia
Ilha de Boipeba na Bahia

2.3. Cairu

A cidade de Cairu é um dos principais centros históricos do arquipélago, com construções coloniais preservadas e importante herança cultural. Entre seus destaques estão:

  • Igreja e Convento de Santo Antônio: Construídos no século XVII pelos franciscanos, o convento preserva um notável conjunto de azulejaria portuguesa dos séculos XVII e XVIII. De seus mirantes, tem-se uma vista privilegiada do mar e das ilhas ao redor.
  • Igreja de São Francisco Xavier: Fundada no início do século XVII, essa igreja faz parte da história da ocupação franciscana na região.
  • Igreja de Santo Inácio: Uma das mais antigas do arquipélago, remonta ao período das missões religiosas.

2.4. Atividades e Passeios

  • Passeios de Barco: Roteiros que passam por diversas ilhas e piscinas naturais.
  • Mergulho e Snorkeling: Especialmente em Boipeba e Morro de São Paulo.
  • Trilhas Ecológicas: Caminhadas por mata atlântica e dunas.
  • Experiências Gastronômicas: Pratos típicos como moquecas, frutos do mar frescos e ostra cultivada localmente.

Melhor Época para Visitar

A região pode ser visitada o ano todo, mas a melhor época é entre setembro e abril, quando as chuvas são menos frequentes e o mar está mais calmo.

Como Chegar

  • De Salvador: Barco ou lancha até Morro de São Paulo ou Valença, de onde partem barcos para outras ilhas.
  • De Valença: Lanchas rápidas para Cairu, Morro de São Paulo e Boipeba.

O Arquipélago de Cairu é um destino imperdível para quem deseja explorar belezas naturais e vivenciar a história e cultura da Bahia.

Bahia.ws é o maior guia turístico da Bahia e Salvador.

Guia Turístico de Cairu na Bahia

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