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Santo Amaro, localizado no Recôncavo Baiano, é uma cidade rica em história, cultura e tradições.
Fundada no século XVI, às margens do Rio Subaé, a cidade se destaca por seu passado ligado ao ciclo da cana-de-açúcar, que impulsionou seu desenvolvimento econômico e arquitetônico.
Além de ser berço de importantes manifestações culturais, como o samba-de-roda, Santo Amaro preserva suas raízes através de suas festas religiosas, como a de Nossa Senhora da Purificação, e mantém viva a memória de figuras emblemáticas, como Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Com sua beleza natural e patrimônio histórico, Santo Amaro é um destino que une tradição e cultura.
Santo Amaro (também conhecida pela denominação não oficial Santo Amaro da Purificação) na Baía de Todos os Santos é terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia, onde mora Dona Canô, mãe desses ícones da música popular brasileira.
História de Santo Amaro na Bahia
Desde os primeiros tempos da colonização, mitos e crenças fizeram parte da vida de seus habitantes.
A atual cidade de Santo Amaro, na Bahia, surgiu em 1557 e cresceu à margem do Rio Taripe, nas proximidades do mar.
Ali viveram os primeiros colonizadores portugueses, entre eles o major João Ferreira de Araújo e membros da família Dias Adorno.
Anos mais tarde, os jesuítas do Colégio de Santo Antão de Lisboa se fixaram à margem do rio Traripe e fundaram uma capela, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário. Ao redor da capela e nas terras vizinhas cresceu o povoado.
Antes de firmarem o seu domínio na região, os colonizadores travaram sucessivas batalhas com os índios Tupinambá, antigos habitantes das margens dos rios Sergi-Mirim e Subaé.
Apesar dos conflitos ocorridos no início da ocupação desse território, mais tarde, os Tupinambá colaboraram e participaram do estabelecimento da povoação de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro.
Esses índios – segundo o estudo Povos Indígenas no Sul da Bahia – habitavam a região que abrange os atuais municípios acima de Salvador, as terras ao redor da Baía de Todos os Santos e uma grande área do atual Estado da Bahia.
Os engenhos do Recôncavo Baiano
A economia do município esteve vinculada – entre o século XVI e as primeiras décadas do século XX – à cultura da cana-de-açúcar: em 1757 existiam 61 engenhos funcionando na região.
Durante o século XVII, intensificou-se a colonização, com a criação de sesmarias (lotes de terra que a Coroa Portuguesa cedia a um sesmeiro/agricultor). A região se transformou em uma grande produtora de cana, fumo e mandioca, com o surgimento de engenhos e casas de farinha.
No século XIX, duas vias terrestres que interligavam o Brasil e atravessavam os sertões, pelo Maranhão e Minas Gerais, tinham a vila de Santo Amaro como entroncamento.
Isto possibilitou que o local funcionasse como um importante entreposto comercial e principal porto açucareiro do Recôncavo Baiano.
Além da importância econômica oriunda dos engenhos de cana-de-açúcar, a população local e seus governantes participaram ativamente da vida política do Brasil (Revolução dos Alfaiates, Sabinada, Guerra do Paraguai e Independência do Brasil), organizando batalhões, fornecendo soldados e suprimentos.
Em 1837, a vila foi elevada à categoria de cidade com o nome Leal Cidade de Santo Amaro.
A navegação a vapor regular, entre Santo Amaro e Salvador, começou a ser feita em 1847.
O aumento das viagens e do fluxo de visitantes trouxe, também, uma epidemia de cólera que dizimou mais de metade de sua população, em 1855.
No século XX, foram implantadas novas culturas (dendê, cacau e bambu) e instaladas indústrias metalúrgicas, açucareiras, papeleiras e de óleos vegetais, entretanto essas atividades não se consolidaram. Atualmente, uma das principais fontes de renda do município é o turismo.
As comunidades rurais dos arredores de Santo Amaro da Purificação ainda preservam os velhos cantos de trabalho entoados nas épocas de colheita.
Não é à toa que se fez famosa a música de domínio popular: “Alô meu Santo Amaro, Eu vim lhe conhecer, Eu vim lhe conhecer, Santa santamarense, Pra gente aprender, Pra gente aprender”.
O autêntico samba-de-roda ainda existe em Santo Amaro da Purificação, especialmente no Distrito de São Braz, onde se destaca o grupo Samba Chula do “seu” João Saturno, conhecido como João do Boi, que participou de gravações do compositor Roberto Mendes, em projeto de Antonio Nóbrega e Maria Bethânia.
Os primeiros povoadores estabelecidos às margens do rio Traripe, junto à igreja jesuíta de 1557, enfrentaram feroz resistência dos índios.
Após o assassinato de um padre no interior da igreja, o lugar ganhou fama de amaldiçoado, fazendo com que sua população se transferisse para as margens do Rio Subaé.
Ali foi construída a capela de Santo Amaro; o povoamento intensificou-se em função das fazendas que cresciam ao seu redor e produziam cana-de-açúcar, fumo e mandioca.
A cidade foi fundada no século XVI, mas como um distrito. A emancipação só aconteceu em 1837, quando a localidade chamada de “Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro” se tornou Santo Amaro da Purificação.
Não tardou para que a vila se tornasse um importante pólo de comercialização desses produtos, o que permitiu sua sobrevivência após o fim do ciclo da cana.
A cidade possui edifícios preservados da época de seu apogeu econômico e belezas naturais.
Vídeo sobre Santo Amaro BA
História de Santo Amaro da Purificação BA07:08
Santo Amaro da Purificação na Bahia05:00
Casa de Dona Canô02:51
Quem foram Caetano Veloso e Maria Bethânia?
Caetano Veloso e Maria Bethânia são dois dos mais importantes e influentes artistas da música popular brasileira, ambos originários de Santo Amaro, na Bahia.
Caetano Veloso, nascido em 1942, é um cantor, compositor, escritor e cineasta, conhecido por sua contribuição ao movimento Tropicalismo nos anos 1960. Esse movimento revolucionou a música brasileira ao misturar elementos da cultura popular e tradicional com influências internacionais, como o rock e o pop. Caetano é reconhecido por sua lírica poética e engajamento político, além de ser uma figura central na música e na cultura brasileira. Entre seus sucessos estão “Alegria, Alegria“, “Sampa” e “Você é Linda“.
Maria Bethânia, nascida em 1946, é uma das maiores intérpretes da música brasileira, conhecida por sua voz potente e presença marcante. Sua carreira começou nos anos 1960 e ela se destacou por interpretar sambas, MPB, músicas regionais e canções que exaltam a cultura nordestina e as tradições populares brasileiras. Bethânia também é reconhecida por seus espetáculos teatrais, misturando música com poesia. Entre suas canções mais famosas estão “Água de Março“, “Negue” e “Reconvexo“.
Ambos são irmãos e fazem parte de uma família profundamente ligada à cultura baiana, tendo como mãe a icônica Dona Canô, figura central da vida cultural de Santo Amaro.
Pontos turísticos de Santo Amaro
Santo Amaro, na Bahia, oferece diversos pontos turísticos que refletem sua rica herança cultural, histórica e natural.
1. Igreja de Nossa da Purificação
Concluída em 1700, a igreja tem o interior decorado com azulejos portugueses e pinturas a óleo sobre madeira, obras de José Joaquim da Rocha.
Os festejos em homenagem à padroeira, que se iniciam uma semana antes de 2 de fevereiro, dia a ela consagrado, são organizados por Dona Canô.
O apogeu da festa é um ritual semelhante ao da Festa do Bonfim, com a participação de mais de 400 baianas que lavam com água de cheiro as escadarias e o piso da igreja.
2. Museu do Recolhimento dos Humildes
A igreja possui um valioso acervo de móveis do século XIX e peças de arte sacra, algumas das quais datam do século XVII, outrora pertencentes a capelas de engenhos.
3. Casa de Dona Canô
A casa de Claudionor Viana Telles Velloso, a matriarca da família de Caetano Veloso e Maria Bethânia, é um ponto de visitação que guarda a memória da cultura local.
4. Rio Subaé
O rio é um importante marco natural da cidade, em cujas margens se desenvolveram povoados e fazendas que impulsionaram a economia local durante o ciclo da cana-de-açúcar.
5. Caminhos do Samba de Roda
Santo Amaro é um dos berços do autêntico samba-de-roda, e é possível vivenciar apresentações desse patrimônio cultural, especialmente no Distrito de São Braz, com grupos tradicionais como o Samba Chula de João do Boi.
6. Cachoeira do Urubu
A cachoeira de 38 metros de altura possui cinco quedas d’água.
O acesso é permitido apenas com o acompanhamento de guias credenciados pela Secretaria da Cultura, que podem ser contatados para agendamento.
Bahia.ws é o maior guia turístico da Bahia, Salvador e Nordeste Brasileiro.