História do povoamento da Chapada Diamantina BA

A povoação da Chapada Diamantina está intimamente ligada à exploração dos recursos naturais e às transformações econômicas que moldaram a região ao longo dos séculos.

Chapada Diamantina
Chapada Diamantina

Sua história pode ser dividida em três períodos distintos: a era do ouro, iniciada no final do século XVII com a chegada dos primeiros bandeirantes e a fundação de arraiais mineradores; a era do diamante, a partir do século XVIII, que atraiu aventureiros e comerciantes e levou ao crescimento de cidades como Lençóis e Mucugê; e, por fim, o período pós-garimpo, marcado pela decadência da mineração e a adaptação da economia local para a agricultura, o turismo e a preservação ambiental.

Mapa turístico da Chapada Diamantina
Mapa turístico da Chapada Diamantina

Esses ciclos históricos deixaram um legado cultural, arquitetônico e ambiental que faz da Chapada Diamantina uma das regiões mais fascinantes do Brasil.

As belezas da Chapada Diamantina - Guia Turístico
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As belezas da Chapada Diamantina - Guia Turístico

A Povoação da Chapada Diamantina e seus Três Períodos Históricos

A Chapada Diamantina teve três períodos marcantes em sua história:

  1. Chapada Aurífera
  2. Chapada Diamantífera
  3. Chapada Turística

1. Chapada Aurífera

Penetrar pelo sertão adentro da Bahia foi a recomendação do rei D. João III a Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil.

O regimento que passou a vigorar em 1549 trazia, entre outras determinações, ordens categóricas para que Tomé de Sousa desvendasse, dominasse e povoasse os territórios do interior, entregues ao gentio bravo. Assim, a Bahia declarou guerra a seus índios e partiu para a conquista do sertão.

Map of Brazil 1707 - Brasiliaanze Scheepvaard, door Johan Lerius Gedaan uit Vrankryk, in't Iaar 1556, Aa, Pieter van der
Map of Brazil 1707 – Brasiliaanze Scheepvaard, door Johan Lerius Gedaan uit Vrankryk, in’t Iaar 1556, Aa, Pieter van der

A epopeia bandeirante, inaugurada a partir de então, transformou-se no movimento que estenderia nossas fronteiras ocidentais para muito além do conhecido.

Navegando pelos rios e percorrendo a pé pelos sertões mais distantes da costa marítima, inúmeros aventureiros lançaram-se ao desconhecido em busca de terras e riquezas, seja na forma de mercadoria humanaindígenas para escravizar – seja na forma de metais e pedras preciosas – especialmente ouro, prata e esmeraldas.

Aqueles que procuraram atingir o coração geográfico da Capitania da Bahia se depararam com uma paisagem surpreendente, dominada por montanhas escarpadas, desfiladeiros profundos, rios engrumados e grandes chapadões.

Era a Serra do Espinhaço, penetrando na porção central da Bahia e projetando suas serras a picos em torno de 2.000 metros.

Mais tarde, todo o conjunto receberia o nome de Chapada Diamantina.

Embora se considerem as bandeiras de Gabriel Soares de Sousa e Belchior Dias Moreira pioneiras na abertura de caminhos para o povoamento do interior da Bahia, no final do século XVI, a Chapada Diamantina permaneceu desabitada até meados do século XVII, apesar de circundada por núcleos populacionais ligados à pecuária.

A ocupação de suas bordas norte e nordeste teve como fator decisivo as lutas para a expulsão dos holandeses, travadas no sertão da Bahia sob a forma de guerrilha.

Depois, vencidos os índios Maracá, e com a distribuição de sesmarias, o entorno da Chapada foi ocupado pela pecuária, com destaque para as fazendas de gado dos Morgado, Guedes, Brito e da Casa da Ponte.

Igatu na Chapada Diamantina
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Apenas no início do século XVIII, o processo de fixação do homem na Chapada ganhou impulso, com a descoberta do ouro, que tanto havia sido buscado desde o regimento de Tomé de Sousa. De gigantesco obstáculo de pedra a ser contornado, a Chapada transformou-se em um importante polo de convergência dos movimentos migratórios da época.

As primeiras descobertas foram ao norte da Chapada Diamantina, na região da atual cidade de Jacobina, mas a Coroa Portuguesa ordenou a proibição da mineração, para evitar o esvaziamento das lavras de Minas Gerais.

Todavia, com a mineração clandestina, a Coroa acabou revendo sua decisão e, em 1720, decretou a livre exploração do ouro, exigindo, porém, o pagamento do quinto.

Quase simultaneamente, foi descoberto ouro no sul da Chapada Diamantina, nos aluviões do rio de Contas Pequeno (atual rio Brumado).

Assim, foi assentado o primeiro povoado, no local da atual cidade de Rio de Contas.

As duas frentes de exploração – Jacobina e Rio de Contas – permitiram o avanço na conquista do sertão à procura de ouro, resultando no assentamento de povoações e na criação de vias de comunicação terrestre ao longo da Borda Ocidental da Chapada.

A exploração aurífera atingiu tal vigor que, em 1726, o Conselho Ultramarino mandou erguer uma Casa de Fundição em cada uma das duas cidades.

Nos anos 1747 e 1748, apesar do desenfreado contrabando, registraram-se recordes de produção, grande parte da qual foi usada na decoração das inúmeras igrejas construídas em Salvador durante o século XVIII.

Jacobina e Rio de Contas, em seu apogeu, rivalizavam em pompa e refinamento de costumes com as cidades do Recôncavo Açucareiro.

Hoje, Rio de Contas possui mais de 300 prédios tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Todavia, antes que se completasse um século de efervescência, a região aurífera da Chapada Diamantina entrou em decadência.

O ouro de aluvião escasseou, assim como o recolhimento do quinto; veio a crise e, nos primeiros anos do século XIX, a atividade já era praticada por poucos garimpeiros.

A região começou a sofrer um esvaziamento populacional e Rio de Contas só conseguiu enfrentar a nova realidade graças à habilidade de seus artesãos do metal.

Em 1818, os viajantes Spix e Martius atravessaram o sul da Chapada Diamantina e constataram que essa região era habitada apenas por alguns roceiros, criadores de gado e caçadores.

Conforme informado pelo vigário da diocese local, que se estendia de Rio de Contas a Jacobina, abrangendo, portanto, toda a parte oriental da Chapada Diamantina, essa região contava, então, com apenas 9.000 habitantes.

Ainda na primeira metade do século XIX, entretanto, a Chapada Diamantina renasceu de suas cinzas.

A descoberta de grandes depósitos de diamante no leito do rio Mucugê desencadeou uma nova corrida à região, agora na sua Borda Oriental, onde hoje está situado o Parque Nacional da Chapada Diamantina, dando início à fase mais próspera e faustosa de sua história – origem de sua atual denominação.

História do povoamento da Chapada Diamantina BA
História do povoamento da Chapada Diamantina BA

2. Chapada Diamantífera

A corrida pelos diamantes ocorreu somente em meados do século XIX, embora haja evidências de que as minas já houvessem sido descobertas desde o segundo quartel do século XVIII, nas proximidades de Jacobina, situada em região limítrofe à Chapada Diamantina.

É possível que, desde o século XVIII, já se soubesse da existência de diamantes nas cabeceiras do rio de Contas, onde se fazia a exploração de ouro, mas a primeira descoberta de diamantes na Chapada Diamantina deu-se em 1817 e 1818, na Serra do Gagau, situada paralelamente à Serra do Sincorá.

Somente com o fim do monopólio da Coroa Portuguesa sobre exploração de diamantes, em 1832, a exploração diamantífera teve início na Bahia.

Entre 1838 e 1842, sucederam-se várias descobertas no município de Gentio do Ouro, em Santo Inácio, em Morro do Chapéu e na Chapada Velha (atual Município de Brotas de Macaúbas).

As jazidas da Serra do Sincorá foram encontradas em 1844, na região de Mucugê, por José Pereira do Prado, tropeiro da cidade de Piatã.

Essa descoberta e outras, que se seguiram, fizeram acorrer à região grandes contingentes populacionais provenientes do norte e do sul da Chapada, do Recôncavo Baiano e de Minas Gerais.

Poucos meses após a descoberta das jazidas, a população local já chegava a 25.000 habitantes.

Entre 1844 e 1848, a região recebeu cerca de 50.000 pessoas.

Em 1845, foram descobertas as jazidas dos rios São José e Lençóis, fundando-se, às margens deste, o povoado do mesmo nome.

Dada a riqueza dessas minas, Lençóis alçou da condição de distrito do Município de Santa Izabel do Paraguaçu (hoje Mucugê) em 1852, à categoria de cidade, em 1864. Tornou-se sede da Repartição dos Terrenos Diamantinos (que cuidava dos interesses fiscais), em 1857, e centro comercial da região então chamada de Lavras Diamantinas.

Os produtos da lavoura dos rios São Francisco e de Contas e Utinga, bem como das cidades de Campestre (hoje Seabra) e Palmeiras, convergiam para a região, em especial para Lençóis, onde surgiram diversas concentrações de garimpos, como Marco, Capivaras, Bicas, Rabudo, Roncador, Barro Branco e muitos outros.

Referindo-se à importância das Lavras Diamantinas no contexto da Bahia, em 1857, o então Presidente da Província, Cansansão do Sinimbu, afirmou que a descoberta das jazidas da Serra do Sincorá “mudou a condição de grande parte da população do interior”.

A extração mineral, por ser um trabalho simples, que não exigia qualificação técnica, garantiu “emprego e ocupação lucrativa” para muitas pessoas.

A sociedade local abrangia comerciantes e grandes negociantes de diamantes, proprietários de terras e de garimpos, pequenos comerciantes e compradores de diamantes, artesãos e funcionários e a grande massa da população garimpeira.

A população garimpeira era constituída principalmente de mão-de-obra desqualificada e marginalizada. Em geral, o indivíduo levado a garimpar o fazia pelas promessas que o garimpo representava, em termos de enriquecimento rápido e ascensão social.

A própria origem da figura do garimpeiro no Brasil atesta esse fato.

As primeiras populações garimpeiras surgiram na metade do século XVIII, depois da descoberta das jazidas de diamantes no Arraial do Tijuco (hoje Diamantina), em Minas Gerais, em 1729, e eram constituídas de mestiços, negros alforriados, indivíduos sem recursos econômicos e sem escravos, não absorvidos pelo reduzido mercado de trabalho local.

Exploravam o diamante clandestinamente, pois a Coroa Portuguesa, logo em 1731, mandou despejar todos os mineradores das lavras diamantinas, para demarcá-las e redistribuir os lotes das minas a indivíduos abastados.

Mais tarde, em 1771, a exploração diamantífera foi totalmente proibida, passando a ser monopólio da Coroa.

A história da população garimpeira na Serra do Sincorá não foge a essa regra.

Os garimpeiros viviam em condições de extrema pobreza na sua região de origem: sem terras, sem recursos financeiros, excluídos do mercado de trabalho.

Mesmo na Serra do Sincorá, os garimpeiros não passaram da condição de pobreza e marginalidade social.

Aqueles poucos que bamburraram não souberam conservar as riquezas obtidas.

A primeira fase de prosperidade durou apenas 25 anos.

Nas décadas de 1860 e 1870, a exploração das minas da África do Sul fez cair o preço do diamante, o que causou a decadência do comércio local. Nesses anos, os garimpos de Lençóis estavam praticamente abandonados.

Analisando-se o papel da região num contexto mais amplo, verifica-se que o diamante teve expressão na economia provincial na década de 1850.

Entre 1850 e 1878 o diamante foi um dos cinco principais produtos de exportação da Bahia, em praticamente todos os anos.

Em 1855 e 1856, chegou a contribuir com 15,2% da exportação provincial. Ainda assim, o diamante não deslocou o eixo da hegemonia econômica do Recôncavo Baiano para o interior.

O açúcar era o principal produto da Província, embora sua produção estivesse em plena decadência.

No contexto nacional, a exploração diamantífera na Bahia não repetiu o ciclo da mineração em Minas Gerais.

No século XVIII, o diamante e o ouro foram os principais produtos de exportação do Brasil Colônia, mas, no século XIX, coube ao café esse papel, que participava com aproximadamente 50% do valor das exportações, entre 1850 e 1886.

No mesmo período, os diamantes contribuíram com menos de 4% da exportação nacional, em praticamente todos os anos.

Um novo ciclo de diamantes ocorreu a partir de 1883, quando passou a ter valor o carbonado, diamante negro empregado na perfuração de rochas que, naquela época, constituía produto exclusivo da região.

A produção começou a declinar em 1900, mas a baixa produção e a alta demanda garantiram a ascensão dos preços até a Primeira Guerra Mundial. A partir de então, novos produtos industriais substituíram o carbonado, e a mineração voltou a cair na região.

Em 1917, os seus habitantes já estavam em êxodo para “os sertões, para o Estado de São Paulo, para as obras de barragem do rio Paraguaçu e para o Estado do Paraná, onde foram descobertas minas de diamantes no rio Tibagi“.

Ainda assim, o diamante continuou sendo o principal produto da região até as primeiras décadas do século XX.

Em 1920, havia em Lençóis 1.651 garimpeiros, correspondendo a 21% da população municipal (7.789 habitantes) e 45,5% de sua massa trabalhadora.

Herberto Sales, em seus romances Cascalho e Além dos Marimbus, oferece um retrato socioeconômico e paisagístico da região de Andaraí por volta dos anos 1930.

As terras, divididas em grandes latifúndios, estavam sendo desmatadas para a implantação de pastagens. Mas o comércio de diamantes ainda consistia na base da economia regional e o garimpo continuava atraindo boa parte da mão-de-obra.

Em Lençóis na Chapada Diamantina, havia uma grande concentração de garimpeiros nos garimpos Bororó e Pulgas, por exemplo, entre 1935 e 1938, cuja produção atraía grande número de jovens.

Dos 3.747 garimpeiros aí registrados nesses anos, em torno de 67% tinha entre 15 e 29 anos.

Com o passar dos anos, a exploração manual entrou em colapso.

A decadência foi inevitável, dada a falta de atividades econômicas alternativas, e as famílias passaram a emigrar.

Dos 22.230 habitantes presentes no Município de Lençóis em 1900, restaram 5.640 em 1980.

Na década de 1980, quando o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi criado, a garimpagem manual estava praticamente extinta.

No Município de Lençóis, por exemplo, não havia mais que 50 homens em atividade, todos com mais de 40 anos de idade.

Esses garimpeiros eram, então, meros “faiscadores” circulando de uma área para outra, revolvendo garimpos antigos, próximos à cidade e ao longo da margem direita do rio São José.

Já não havia garimpeiros trabalhando nas serras mais interiores, difíceis de garimpar.

A produção extremamente reduzida desestimulava totalmente o interesse daqueles mais abastados e os jovens já não viam no garimpo um meio de vida.

A roça, a pesca, a caça e a criação de animais eram, então, as atividades que sustentavam os garimpeiros, muito mais do que a própria garimpagem.

A lavra de diamantes mecanizada nunca alcançou sucesso na região.

Em 1926, foi criada a Companhia Brasileira de Exploração Diamantina, para exploração dos aluviões do Paraguaçu, em Andaraí, mas a empresa não prosperou, devido à baixa produção das jazidas.

Na década de 1980, a área mais favorável a exploração diamantífera encontrava-se nos rios São José e Santo Antônio.

Ainda na década de 1970, havia sido criada a PARADISA (Parque de Desenvolvimento e Saneamento do Interior da Bahia), com o objetivo de resgatar a cidade de Lençóis e o entorno.

Lençóis, no entanto, ainda mantém suas referências no garimpo e, em 1980, cerca de 47% das famílias residentes em Lençóis tinham rendimento igual ou menor que um salário-mínimo ou não tinham rendimento algum.

3. Chapada Turística

O turismo tornou-se uma atividade emergente na região a partir da década de 1980. O primeiro passo, entretanto, ocorreu em 1973, com o tombamento da cidade de Lençóis como Monumento Histórico Nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Em 1980, as cidades de Mucugê e Rio de Contas também foram tombadas.

Posteriormente, a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina deu novo impulso à divulgação das belezas da região.

No início da década de 1990, a região ainda carecia de infraestrutura adequada para receber um fluxo intenso e constante de visitantes.

Além disso, havia pouca divulgação de suas belezas arquitetônicas e paisagísticas, bem como de sua importância histórica em nível nacional. A estruturação do turismo acontecia lentamente.

Mesmo assim, seus efeitos transformadores já eram perceptíveis, com a construção de novas casas e hotéis na cidade.

Nos anos 90, foi construído o Aeroporto de Lençóis, com capacidade para pouso e decolagem de jatos de grande porte de linhas comerciais. Atualmente, a cidade conta com voos regulares para Salvador.

Foram construídos, ainda, bons hotéis, pousadas e restaurantes, principalmente na cidade de Lençóis, considerada o principal portal de entrada para a Chapada e para o Parque Nacional da Chapada Diamantina.

Veja também o Guia de Turismo da Chapada Diamantina

Também nessa época, a região tornou-se conhecida nacional e internacionalmente.

Muitos turistas do Sudeste do Brasil e estrangeiros chegam à Chapada Diamantina por meio de pacotes turísticos adquiridos em seus locais de origem.

Reportagens sobre a região em revistas de turismo, jornais e televisão tornaram-se frequentes.

O “Guia Quatro Rodas de 2006” indicou a Chapada Diamantina entre seus roteiros de “Brasil Imperdível“.

As atrações da região são inúmeras.

Além do casario colonial das principais cidades (Lençóis, Mucugê, Andaraí e Palmeiras), há diversos passeios pelo interior da serra, incluindo cachoeiras, piscinas naturais, paredões rochosos, paisagens deslumbrantes, corredeiras, grutas e locais de interesse histórico.

Alguns pontos turísticos situam-se no interior do Parque Nacional da Chapada Diamantina, enquanto outros estão em suas proximidades.

As principais bases de apoio para o acesso às atrações do norte e sul do parque são, respectivamente, as cidades de Lençóis – que possui boa infraestrutura hoteleira e gastronômica – e Mucugê, de menor porte, mas ainda assim equipada com quatro boas pousadas, outras menores e alguns restaurantes.

Geografia, Clima e Paisagem da Chapada Diamantina

Localização e Extensão

A Chapada Diamantina situa-se no centro do Estado da Bahia e abrange uma área de 50.610 km², estendendo-se no sentido Norte-Sul em forma de “Y”.

Relevo da Bahia com serras
Relevo da Bahia com serras

Clima e Condições Meteorológicas

O clima da Chapada é condicionado pelo relevo, diferenciando-se do seu entorno, que é tipicamente árido. A região apresenta um clima tropical semiúmido, com temperaturas médias anuais entre 20°C e 24°C.

As serras da Chapada funcionam como uma barreira natural para as nuvens que vêm do mar em direção ao sertão, provocando chuvas frequentes, com média anual superior a 1000 mm. Em Lençóis, esse índice chega a 1400 mm.

Os meses mais chuvosos vão de novembro a março, enquanto os mais secos ocorrem de julho a outubro. No entanto, é comum a ocorrência de veranicos prolongados na estação chuvosa e chuvas contínuas nos meses mais frios.

Relevo e Formação Geológica

Em meio às depressões e planícies do sertão baiano, as montanhas, chapadas e planaltos da Serra do Espinhaço se destacam como um verdadeiro oásis. Essa cadeia montanhosa se estende para o sul, alcançando Minas Gerais.

Na Bahia, há dois sistemas montanhosos principais, ambos com orientação norte-sul: as serras da Borda Ocidental e as serras da Borda Oriental.

Serras da Borda Ocidental

As serras da Borda Ocidental abrigam os pontos mais altos da Bahia, como o Pico do Barbado (2.030 m), o Pico do Itobira (1.970 m) e o Pico das Almas (1.850 m).

Essa região foi um importante centro de mineração de ouro no século XVIII e inclui cidades históricas como Rio de Contas, Livramento de Nossa Senhora, Piatã e Ibitiara. Por sua relevância, essa área é conhecida turisticamente como “Circuito do Ouro”.

Além disso, abriga a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra do Barbado, criada em 1993 e abrangendo 63.652 hectares.

Serras da Borda Oriental

A Serra do Sincorá, na Borda Oriental, possui cerca de 100 km de extensão, com altitudes variando entre 1.600 metros a oeste e menos de 400 metros a leste, na região dos Marimbus. Essa serra abriga o Parque Nacional da Chapada Diamantina e cidades como Lençóis, Andaraí e Mucugê.

Entre Andaraí e Mucugê, encontram-se as ruínas de Xique-Xique de Igatu, antiga vila de garimpeiros que teve grande importância na extração de diamantes no século XIX. Atualmente, essa região é chamada de “Circuito do Diamante”.

Paisagens e Atrações Naturais

A geologia da Chapada Diamantina formou elevações escarpadas icônicas, como os Morros do Camelo, Pai Inácio e Morrão. Estes compõem a paisagem mais famosa da região, localizada ao norte da Chapada, com o Morrão situado dentro dos limites do Parque Nacional.

A erosão fluvial moldou cânions profundos, de onde despencam impressionantes cachoeiras. Um dos exemplos mais famosos é a Cachoeira da Fumaça, que possui 340 metros de altura e está localizada próxima à vila de Caeté-Açu (Capão), no município de Palmeiras.

Grutas e Cavernas

Além das montanhas e cachoeiras, a Chapada Diamantina abriga inúmeras grutas e cavernas, resultado da erosão ao longo de milhões de anos. Entre as mais conhecidas estão Lapa Doce, Torrinha e Pratinha, situadas no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) de Marimbus-Iraquara. Outras formações notáveis incluem o Poço Encantado, Poço Azul e Lapa do Bode, próximas à estrada que liga Andaraí a Itaetê.

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