História do povoamento da Chapada Diamantina BA

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A Chapada Diamantina situa-se no centro do Estado da Bahia e engloba uma área de 50.610 km’, alongando-se no sentido Norte-Sul em forma de “Y”.

O clima é condicionado pelo relevo, diferenciando-se bastante daquele de seu entorno, tipicamente árido. Ele é tropical semi-úmido, com média anual entre 20°C e 24°C.

As serras da Chapada constituem uma barreira natural para as nuvens que vêm do mar em direção ao sertão e ali se precipitam, com média anual acima de 1000 mm. Em Lençóis, a média anual chega a 1400 mm.

Chapada Diamantina
Chapada Diamantina

Os meses mais chuvosos vão de novembro a março, e os mais secos, de julho a outubro. Todavia, ocorrem, por vezes, extensos veranicos em plena estação chuvosa e chuvas contínuas nos meses mais frios.

Em meio às depressões e planícies do sertão baiano, constituem um verdadeiro oásis as montanhas, chapadas e planaltos da Serra do Espinhaço, que se prolonga descontinuamente para sul, adentrando Minas Gerais.

Nesse trecho central do Estado da Bahia, destacam-se dois sistemas montanhosos paralelos, de direção aproximada norte-sul, as serras da Borda Ocidental e as da Borda Oriental.

Relevo da Bahia com serras
Relevo da Bahia com serras

Nas serras da Borda Ocidental ocorrem os pontos culminantes da Bahia, como os picos do Barbado (2.030 m), do Itobira (1.970 m) e das Almas (1.850 m), bem como cidades que foram sede da mineração do ouro, ainda no século XVIII, tais como Rio de Contas, Livramento de Nossa Senhora, Piatã, Ibitiara e outras.

Não por acaso esse domínio é chamado, para fins turísticos, de “Circuito do Ouro”, nele existindo também a APA Estadual da Serra do Barbado, criada em 1993, com área de 63.652 ha.

Já nas serras da Borda Oriental destaca-se a Serra do Sincorá, com cerca de 100 km de extensão e altitudes entre pouco mais de 1.600 m (a oeste) e pouco menos de 400 m (a leste, na área dos Marimbus). Nela se localiza o Parque Nacional da Chapada Diamantina, bem como as cidades de Lençóis, Andaraí e Mucugê.

A meio caminho entre Andaraí e Mucugê situam-se as ruínas de Xique-Xique de Andaraí, atual Igatu, antiga vila de garimpeiros.

Em meados do século XIX, toda essa área foi sede de expressiva exploração diamantífera, sendo hoje denominada turisticamente de “Circuito do Diamante”.

Nesses dois sistemas montanhosos, a estrutura geológica propiciou elevações escarpadas, como são os casos dos morros do Camelo, Pai Inácio e Morrão, que integram a mais conhecida paisagem da Chapada Diamantina, em seu extremo norte, os dois primeiros fora e o último dentro de seus limites.

Também se formaram cânions profundos, de onde se precipitam dezenas de quedas d’água, de até 340 m de altura, como é o caso da igualmente famosa Cachoeira da Fumaça, localizada próximo à vila de Caeté-Açu (ou “Capão”), no Município de Palmeiras.

Contornando a Serra do Sincorá, ocorrem áreas mais aplainadas e de menores altitudes, como resultado da longa e contínua erosão fluvial das vertentes menos inclinadas.

Mapa turístico da Chapada Diamantina
Mapa turístico da Chapada Diamantina

Nessa área existem dezenas de grutas e cavernas, tais como Lapa Doce, Torrinha, Pratinha (a noroeste, no interior da Área de Proteção Ambiental de Marimbus-Iraquara), Poço Encantado, Poço Azul, Lapa do Bode (a leste, próximo à estrada de Andaraí para Itaité) etc.

História do povoamento da Chapada Diamantina BA
História do povoamento da Chapada Diamantina BA

A Povoação da Chapada Diamantina teve 3 períodos históricos:

  1. Chapada Aurífera
  2. Chapada Diamantífera
  3. Chapada Turística

1. Chapada Aurífera

Penetrar pelo sertão adentro da Bahia foi a recomendação do rei D. João III a Tomé de Sousa, primeiro governador geral do Brasil.

O regimento, que passou a vigorar em 1549, trazia, entre outras determinações, ordens categóricas para que Tomé de Sousa desvendasse, dominasse e povoasse os territórios do interior, entregues ao gentio bravo. Assim, a Bahia declarou guerra a seus índios e partiu para a conquista do sertão.

A epopéia bandeirante, inaugurada a partir de então, transformou-se no movimento que estenderia nossas fronteiras ocidentais para muito além do conhecido.

Navegando pelos rios e percorrendo a pé pelos sertões mais distantes da costa marítima, inúmeros aventureiros lançaram-se ao desconhecido em busca de terras e riquezas, quer na forma de mercadoria humana – indígenas para escravizar -, quer na forma de metais e pedras preciosas – na época, o ouro, a prata e a esmeralda.

Aqueles que procuraram atingir o coração geográfico da Capitania da Bahia se defrontaram com uma paisagem surpreendente, dominada por montanhas escarpadas, desfiladeiros profundos, rios engrumados e grandes chapadões.

Map of Brazil 1707 - Brasiliaanze Scheepvaard, door Johan Lerius Gedaan uit Vrankryk, in't Iaar 1556, Aa, Pieter van der
Map of Brazil 1707 – Brasiliaanze Scheepvaard, door Johan Lerius Gedaan uit Vrankryk, in’t Iaar 1556, Aa, Pieter van der

Era a Serra do Espinhaço, penetrando na porção central da Bahia e projetando suas serras a picos em torno de 2000 metros.

Mais tarde, todo o conjunto receberia o nome de Chapada Diamantina.

Embora se considerem as bandeiras de Gabriel Soares de Sousa e Belchior Dias Moreira pioneiras na abertura de caminhos para o povoamento do interior da Bahia, no final do século XVI, a Chapada Diamantina permaneceu desabitada até meados do século XVII, apesar de circundada por núcleos populacionais ligados à pecuária.

A ocupação de suas bordas norte e nordeste teve como fator decisivo as lutas para a expulsão dos holandeses, travadas no sertão da Bahia sob a forma de guerrilha.

Depois, vencidos os índios Maracá, e com a distribuição de sesmarias, o entorno da Chapada foi ocupado pela pecuária, com destaque para as fazendas de gado dos Morgado, Guedes, Brito e da Casa da Ponte.

Apenas no início do século XVIII o processo de fixação do homem na Chapada ganhou impulso, com a descoberta do ouro, que tanto havia sido buscado desde o regimento de Tomé de Sousa. De gigantesco obstáculo de pedra a ser contornado, a Chapada transformou-se em importante pólo de convergência dos movimentos migratórios da época.

As primeiras descobertas foram ao norte da Chapada Diamantina, na região da atual cidade de Jacobina, mas a Coroa Portuguesa preferiu ordenar a proibição dos trabalhos de mineração, para não esvaziar as lavras de Minas Gerais.

Todavia, com a mineração clandestina, a Coroa acabou retrocedendo de sua anterior decisão e, em 1720, decretou a livre exploração do ouro, mas passou a exigir o pagamento do quinto.

Quase simultaneamente foi descoberto ouro no sul da Chapada Diamantina, nos aluviões do rio de Contas Pequeno (atual rio Brumado).

Assim, foi assentado o primeiro povoado, no local da atual cidade de Rio de Contas.

As duas frentes de exploração – Jacobina e Rio de Contas – permitiram o avanço na conquista do sertão à procura do ouro, com o consequente assentamento de embriões de povoamento e de vias de comunicação terrestre por boa parte da Borda Ocidental da Chapada.

A exploração aurífera na região atingiu tal vigor que, em 1726, o Conselho Ultramarino mandou erguer uma Casa de Fundição em cada uma das duas cidades.

Em 1747 e 1748, apesar do desenfreado contrabando, registraram-se recordes de produção, grande parte da qual foi usada sem parcimônia na decoração das inúmeras igrejas construídas em Salvador durante o século XVIII.

Jacobina e Rio de Contas, em seu apogeu, chegaram a emparelhar-se, em pompa e refinamento de costumes, às cidades do recôncavo açucareiro.

Rio de Contas tem, hoje, mais de 300 prédios tombados pelo Património Histórico Nacional.

Todavia, antes que se completasse um século de efervescência, a região aurífera da Chapada Diamantina entrou em decadência.

O ouro de aluvião escasseou, assim como o recolhimento do quinto; veio a crise e, nos primeiros anos do século XIX, a atividade já era praticada por poucos garimpeiros.

A região, então, começou a sofrer um esvaziamento populacional e Rio de Contas só conseguiu enfrentar a nova realidade graças à reconhecida habilidade de seus artesãos do metal.

Em 1818, Spix e Martius atravessaram o sul da Chapada Diamantina e atestaram que essa região era habitada apenas por alguns roceiros, criadores de gado e caçadores.

Conforme informou a eles o vigário da diocese local, que se estendia de Rio de Contas a Jacobina, abrangendo, portanto, toda a parte oriental da Chapada Diamantina, essa região contava, então, com apenas 9000 habitantes.

Ainda na primeira metade do século XIX, entretanto, a Chapada Diamantina refloresceu de suas cinzas.

A descoberta de grandes depósitos de diamante no leito do rio Mucugê desencadeou nova corrida à região, agora na sua Borda Oriental, onde se situa hoje o Parque Nacional da Chapada Diamantina, dando início à fase mais próspera e faustosa de sua história, razão de sua atual denominação.

2. Chapada Diamantífera

A corrida pelos diamantes ocorreu somente em meados do século XIX, embora haja evidências de que as minas já houvessem sido descobertas desde o segundo quartel do século XVIII, nas proximidades de Jacobina, situada em região limítrofe à Chapada Diamantina.

É possível que, desde o século XVIII, já se soubesse da existência de diamantes nas cabeceiras do rio de Contas, onde se fazia a exploração de ouro, mas a primeira descoberta de diamantes na Chapada Diamantina deu-se em 1817 e 1818, na Serra do Gagau, situada paralelamente à Serra do Sincorá.

Somente com o fim do monopólio da Coroa Portuguesa sobre exploração de diamantes, em 1832, a exploração diamantífera teve início na Bahia.

Entre 1838 e 1842, sucederam-se várias descobertas no município de Gentio do Ouro, em Santo Inácio, em Morro do Chapéu e na Chapada Velha (atual Município de Brotas de Macaúbas).

As jazidas da Serra do Sincorá foram encontradas em 1844, na região de Mucugê, por José Pereira do Prado, tropeiro da cidade de Piatã.

Essa descoberta e outras, que se seguiram, fizeram acorrer à região grandes contingentes populacionais provenientes do norte e do sul da Chapada, do Recôncavo Baiano e de Minas Gerais.

Poucos meses após a descoberta das jazidas, a população local já chegava a 25.000 habitantes.

Entre 1844 e 1848, a região recebeu cerca de 50000 pessoas.

Em 1845, foram descobertas as jazidas dos rios São José e Lençóis, fundando-se, às margens deste, o povoado do mesmo nome.

Dada a riqueza dessas minas, Lençóis alçou da condição de distrito do Município de Santa Izabel do Paraguaçu (hoje Mucugê) em 1852, à categoria de cidade, em 1864. Tornou-se sede da Repartição dos Terrenos Diamantinos (que cuidava dos interesses fiscais), em 1857, e centro comercial da região então chamada de Lavras Diamantinas.

Os produtos da lavoura dos rios São Francisco e de Contas e Utinga, bem como das cidades de Campestre (hoje Seabra) e Palmeiras, convergiam para a região, em especial para Lençóis, onde surgiram diversas concentrações de garimpos, como Marco, Capivaras, Bicas, Rabudo, Roncador, Barro Branco e muitos outros.

Referindo-se à importância das Lavras Diamantinas no contexto da Bahia, em 1857, o então Presidente da Província, Cansansão do Sinimbu, afirmou que a descoberta das jazidas da Serra do Sincorá “mudou a condição de grande parte da população do interior”.

A extração mineral, por ser um trabalho simples, que não exigia qualificação técnica, garantiu “emprego e ocupação lucrativa” para muitas pessoas.

A sociedade local abrangia comerciantes e grandes negociantes de diamantes, proprietários de terras e de garimpos, pequenos comerciantes e compradores de diamantes, artesãos e funcionários e a grande massa da população garimpeira.

A população garimpeira era constituída principalmente de mão-de-obra desqualificada e marginalizada. Em geral, o indivíduo levado a garimpar o fazia pelas promessas que o garimpo representava, em termos de enriquecimento rápido e ascensão social.

A própria origem da figura do garimpeiro no Brasil atesta esse fato.

As primeiras populações garimpeiras surgiram na metade do século XVIII, depois da descoberta das jazidas de diamantes no Arraial do Tijuco (hoje Diamantina), em Minas Gerais, em 1729, e eram constituídas de mestiços, negros alforriados, indivíduos sem recursos econômicos e sem escravos, não absorvidos pelo reduzido mercado de trabalho local.

Exploravam o diamante clandestinamente, pois a Coroa Portuguesa, logo em 1731, mandou despejar todos os mineradores das lavras diamantinas, para demarcá-las e redistribuir os lotes das minas a indivíduos abastados.

Mais tarde, em 1771, a exploração diamantífera foi totalmente proibida, passando a ser monopólio da Coroa.

A história da população garimpeira na Serra do Sincorá não foge a essa regra.

Os garimpeiros viviam em condições de extrema pobreza na sua região de origem: sem terras, sem recursos financeiros, excluídos do mercado de trabalho.

Mesmo na Serra do Sincorá, os garimpeiros não passaram da condição de pobreza e marginalidade social.

Aqueles poucos que bamburraram não souberam conservar as riquezas obtidas.

A primeira fase de prosperidade durou apenas 25 anos.

Nas décadas de 1860 e 1870, a exploração das minas da África do Sul fez cair o preço do diamante, o que causou a decadência do comércio local. Nesses anos, os garimpos de Lençóis estavam praticamente abandonados.

Analisando-se o papel da região num contexto mais amplo, verifica-se que o diamante teve expressão na economia provincial na década de 1850.

Entre 1850 e 1878 o diamante foi um dos cinco principais produtos de exportação da Bahia, em praticamente todos os anos.

Em 1855 e 1856, chegou a contribuir com 15,2% da exportação provincial. Ainda assim, o diamante não deslocou o eixo da hegemonia econômica do Recôncavo Baiano para o interior.

O açúcar era o principal produto da Província, embora sua produção estivesse em plena decadência.

No contexto nacional, a exploração diamantífera na Bahia não repetiu o ciclo da mineração em Minas Gerais.

No século XVIII, o diamante e o ouro foram os principais produtos de exportação do Brasil Colônia, mas, no século XIX, coube ao café esse papel, que participava com aproximadamente 50% do valor das exportações, entre 1850 e 1886.

No mesmo período, os diamantes contribuíram com menos de 4% da exportação nacional, em praticamente todos os anos.

Um novo ciclo de diamantes ocorreu a partir de 1883, quando passou a ter valor o carbonado, diamante negro empregado na perfuração de rochas que, aquela época, constituía produto exclusivo da região.

A produção começou a declinar em 1900, mas a baixa produção e a alta demanda garantiram a ascensão dos preços até a Primeira Guerra Mundial. A partir de então, novos produtos industriais substituíram o carbonado, e a mineração voltou a cair na região.

Em 1917, os seus habitantes já estavam em êxodo para “os sertões, para o Estado de São Paulo, para as obras de barragem do rio Paraguaçu e para o Estado do Paraná, onde foram descobertas minas de diamantes no rio Tibagi”.

Ainda assim, o diamante continuou sendo o principal produto da região até as primeiras décadas do século XX.

Em 1920, havia em Lençóis 1651 garimpeiros, correspondendo a 21% da população municipal (7789 habitantes) e 45,5% de sua massa trabalhadora

Herberto Sales, em seus romances Cascalho e Além dos Marimbus, oferece um retrato socioeconômico e paisagístico da região de Andaraí por volta dos anos 1930.

As terras, divididas em grandes latifúndios, estavam sendo desmatadas para a implantação de pastagens. Mas o comércio de diamantes ainda consistia na base da economia regional e o garimpo continuava atraindo boa parte da mão-de-obra.

Em Lençóis na Chapada Diamantina, havia uma grande concentração de garimpeiros nos garimpos Bororó e Pulgas, por exemplo, entre 1935 e 1938, cuja produção atraía grande número de jovens.

Dos 3.747 garimpeiros aí registrados nesses anos, em torno de 67% tinha entre 15 e 29 anos.

Com o passar dos anos, a exploração manual entrou em colapso.

A decadência foi inevitável, dada a falta de atividades econômicas alternativas, e as famílias passaram a emigrar.

Dos 22230 habitantes presentes no Município de Lençóis em 1900, restaram 5.640 em 1980.

Na década de 1980, quando o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi criado, a garimpagem manual estava praticamente extinta.

No Município de Lençóis, por exemplo, não havia mais que 50 homens em atividade, todos com mais de 40 anos de idade.

Esses garimpeiros eram, então, meros “faiscadores” circulando de uma área para outra, revolvendo garimpos antigos, próximos à cidade e ao longo da margem direita do rio São José.

Já não havia garimpeiros trabalhando nas serras mais interiores, difíceis de garimpar.

A produção extremamente reduzida desestimulava totalmente o interesse daqueles mais abastados e os jovens já não viam no garimpo um meio de vida.

A roça, a pesca, a caça e a criação de animais eram, então, as atividades que sustentavam os garimpeiros, muito mais do que a própria garimpagem.

A lavra de diamantes mecanizada nunca alcançou sucesso na região.

Em 1926, foi criada a Companhia Brasileira de Exploração Diamantina, para exploração dos aluviões do Paraguaçu, em Andaraí, mas a empresa não prosperou, devido à baixa produção das jazidas.

Na década de 1980, a área mais favorável a exploração diamantífera encontrava-se nos rios São José e Santo Antônio.

Ainda na década de 1970, havia sido criada a PARADISA (Diamantes Paraguaçu SA), destinada a exploração dos aluviões diamantíferos dos rios Santo Antônio e Paraguaçu.

Os depósitos aí localizados eram acessíveis apenas mediante lavra mecanizada, que provocava grandes danos aos ecossistemas locais, pelo desmatamento, destruição do solo e assoreamento dos rios.

Em 1986, a Secretaria das Minas e Energia da Bahia registrou a produção de 1.800 quilates oriunda tanto do garimpo manual como de alguns garimpos mecanizados que tinham se instalado na região de forma totalmente irregular.

Entretanto, o garimpo mecanizado foi definitivamente proibido dez anos depois, em 1996, pela União e pelo governo estadual, devido aos impactos ambientais que gerava.

Antes disso, porém, seguiram-se muitos conflitos entre donos de draga, de um lado, e, de outro, órgãos governamentais e uma parcela da comunidade local que viam na conservação da natureza e no turismo o melhor caminho para a economia da região.

A agricultura, tampouco, tornou-se atividade econômica forte na região.

O café foi introduzido em 1870 e sua produção foi intensificada em 1970, principalmente no Planalto de Rio Bonito, em Afranio Peixoto, fora da área do parque nacional, com a política do Instituto Brasileiro do Café de incrementar sua produção na Chapada Diamantina.

A baixa fertilidade dos solos dificultou o desenvolvimento agrícola na Serra do Sincorá.

Ainda assim, quando o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi criado, a agropecuária era a principal atividade econômica da região, sendo o café, a mandioca e o gado os principais produtos.

A expansão da pecuária intensificou o desmatamento das áreas florestadas a leste do parque.

O extrativismo vegetal, baseado, sobretudo, na coleta de Syngonanthus mucugensis, uma sempre-viva de 50 cm de altura, endêmica da região de Mucugê, foi a principal atividade econômica desse Município, durante 30 anos, após o declínio do garimpo de diamantes.

A coleta intensiva colocou a espécie em risco de extinção e está proibida pelo IBAMA.

Na década de 1980 e princípio dos anos 1990, o comércio da cidade de Lençóis, outrora centro econômico regional, estava reduzido a pequenos armazéns de artigos variados, bares, padarias e farmácia, e o abastecimento de gêneros alimentícios dependia da feira semanal.

O turismo ainda era atividade incipiente.

Em 1980, 47% das famílias residentes em Lençóis tinham rendimento igualou menor que um salário-mínimo ou não tinham rendimento.

3. Chapada Turística

O turismo tornou-se uma atividade emergente na região a partir da década de 1980. O primeiro passo, entretanto, ocorreu em 1973, com o tombamento da cidade de Lençóis como Monumento Histórico Nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Mapa turístico da Chapada Diamantina
Mapa turístico da Chapada Diamantina

Em 1980, Mucugê e Rio de Contas também foram tombadas.

Posteriormente, a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina deu novo impulso à divulgação das belezas da região.

No início da década de 1990, a região ainda carecia de infraestrutura capacitada para abarcar um fluxo intenso e constante de visitantes.

Não havia, também, maior divulgação de suas belezas arquitetônicas e paisagísticas e de sua importância histórica, em nível nacional, e a estruturação da atividade turística fazia-se lentamente.

Mas seus efeitos transformadores já eram perceptíveis, pela construção de novas casas e hotéis na cidade.

Nos anos 90, foi construído o Aeroporto de Lençóis, com capacidade para pouso e decolagem de jatos de grande porte de linhas comerciais. Atualmente, a cidade conta com voos regulares para Salvador.

Foram construídos, ainda, bons hotéis e diversas novas pousadas e restaurantes, principalmente na cidade de Lençóis, considerada o principal portal de entrada para a Chapada e para o Parque Nacional da Chapada Diamantina.

Também nessa época, a região tornou-se conhecida nacional e, mesmo, internacionalmente.

Muitos turistas do Sudeste do Brasil e estrangeiros aportam à Chapada Diamantina por meio de pacotes agendados em seus locais de origem.

As belezas da Chapada Diamantina - Guia de Turismo

Reportagens sobre a região em revistas de turismo, jornais e televisão tornaram-se frequentes.

O “Guia Quatro Rodas de 2006” indica a Chapada Diamantina entre seus roteiros de “Brasil Imperdível”.

Inúmeras são as atrações da região.

Veja também o Guia de Turismo da Chapada Diamantina

Além do casario colonial das principais cidades (Lençóis, Mucugê, Andaraí e Palmeiras), são muitos os passeios no interior da serra, incluindo cachoeiras, piscinas naturais, paredões rochosos, paisagens, corredeiras, grutas, locais de interesse histórico etc.

Alguns pontos de visitação situam-se no interior do Parque Nacional da Chapada Diamantina e outros, nas suas proximidades.

As principais bases de apoio para o acesso mais fácil às atrações situadas nas porções norte e sul do parque e entornos são, respectivamente, as cidades de Lençóis, dotada de boa e variada infraestrutura hoteleira e de alimentação, e Mucugê, de dimensões mais reduzidas, mas, ainda assim, dotada de quatro boas pousadas e outras menores, além de alguns restaurantes.

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