História e Pontos Turísticos de Sabará em Minas Gerais

O Arraial de Sabarabuçu, fundado em 1674 com a chegada da bandeira de Fernão Dias, sob o comando de Borba Gato, foi elevado a Vila Real de-Nossa Senhora da Conceição de Sabarabuçu em 1711.

0 ouro de aluvião que brotava do hoje poluído e pálido rio das Velhas lhe proporcionou uma próspera fase – foi perto dali que as primeiras descobertas de ouro se deram; de Sabará partiria em 1867, em viagem até o Atlântico, o explorador-britânico Richard Burton, que-descreveu o no das Velhas como piscoso, e a vegetação, como frondosa.

Situada no vale que resulta do-encontro desse rio com o Sabará, a cidade – hoje populosa, movimentada e com tráfego intenso – manteve preservado o considerável acervo-barroco do interior de suas igrejas, a maior parte dele tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Centro da cidade de Sabará MG
Centro da cidade de Sabará MG

Ainda-sobrevive, na zona rural e nos distritos-de Sabará, uma profusão de pequenas-capelas setecentistas.

O conjunto-arquitetônico da antiga rua Direita, atual rua Dom Pedro II, merece ser-explorado em uma caminhada.

HISTÓRIA DE SABARÁ

A história de Sabará tem suas raízes nos primórdios da colonização do Brasil e está intimamente relacionada à lenda do sabarabuçu, região de limites.

O sabarabuçu fervilhou na imaginação dos colonizadores, que buscavam no sertão “uma serra feita de prata e pedras preciosas”.

O sertanista paulista capitão Matias Cardoso de Labuquerque foi eleito, por Fernão Dias Paes, o lider da equipe de vanguarda da Bandeira das Esmeraldas. Seu objetivo era preparar o caminho, abrir picadas implantar roças e pouso.

Depois de muito viajar, Matias de Albuquerque encontrou um local favorável para a implantação de roças, com fonte de água, livre de perigo das enchentes e um ponto de travessia do rio a pé. Assim, Sabará passou a ser local de pousada para a travessia do sertão.

Em 1674, chegou à região a bandeira de Fernão Dias Paes, dando início ao que tornar-se-ia o mais importante arraial fundado pelo bandeirante paulista.

Entretando, insigne publicação do historiador professor Zoroastro Viana Passos cita que os baianos chegaram aos sertões de Sabará, em 1555, muito antes dos bandeirantes paulistas. Existem algumas citações de que Borba Gato, quando aqui chegou, assistiu missa em uma pequena capela já existente.

O Arraial da Barra do Sabará, foi o centro comercial estratégico diretamente ligado à Estrada Real, já por volta de 1700, possuia intensa movimentação, sendo um dos mais populosos das Minas.

Em 1711, foi elevado à condição de Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, tembém conehcida como Vila do Sabará.

Três anos depois, tornou-se sede da extensa Comarca do Rio das Velhas, cuja jurisdição alcançava os limites de Goiás, Pernambuco e Bahia.

O fastio de ouro fez a Coroa Portuguesa instalar as casas de Fundição, a fim de serem cobrados os impostos sobre a produção aurífera.

Contudo, terminado o Ciclo do Ouro, Sabará manteve uma relativa atividade comercial até boa parte do século XIX e, ainda hoje, o ouro é explorado no município.

Em 1822, Sabará contribui com uma significativa importância em dinheiro e com voluntários para a luta pela Independência.

A chegada da Ferrovia Central do Brasil à Sabará, inaugurou Ciclo do Ferro, que também persiste até os dias atuais.

Muitos resquícios do periódo colonial esperam por serem descobertos.

Recentemente, foram feitas prospecções ao longo da Estrada Real e do Caminho da Bahia e algumas edificações e ruínas merecem destaque, como é o caso do Calçamento e do Forno de Cal, encontrados no Conjunto Paisagistico do Morro São Francisco, das ruínas do Arraial Velho e do dito Cemitério dos Ingleses, na mata da Serra da Piedade, próximo ao Arraial de Pompéu.

No Centro Histórico está localizada a maioria dos atrativos históricos e arquitetônicos: igrejas do século XVIII, o Teatro Municipal, Museu do Ouro, chafarizes e o casario de arquitetura colonial.

Há igrejas em Sabará que mesclam características artísticas de diferentes fases do barroco mineiro.

A Matriz de Nossa Senhora da Conceição apresenta características de três períodos da Arte Barroca, fato raro nas cidades históricas de Minas Gerais.

Cidade de Sabará MG
Cidade de Sabará MG

CURIOSIDADES HISTÓRICAS

  • Primeiro povoado colonial de Minas
  • Foi a maior comarca do Brasil colonial
  • Mãe da Capital do Estado
  • Terra da Jabuticaba e do Ora-Pro-Nobis
  • Cidade referência da Cozinha Mineira (Abrasel)
  • Possui o 2º teatro mais antigo Brasil
  • Terra da Palma Barroca e da Renda Turca de Bicos
  • Possui a única casa de Intendência e Fundição ainda de pé no país
  • Uma das poucas cidades mineiras que possui as três fases do Barroco 

NOME SABARÁ

O nome Sabará tem várias interpretações. Uma das mais prováveis é a corruptela do tupi-guarani sabaá (enseada, curva do rio) e buçu (grande), designando o encontro do rio Sabará com o rio das Velhas. Outra interpretação é que o nome Sabarabuçu é uma derivação de Itaberabuçu, isto é, montanha grande que resplandece, numa alusão à atual Serra da Piedade.

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PONTOS TURÍSTICOS DE SABARÁ

Situada na Estrada Real, a apenas 25 km de Belo Horizonte, Sabará é uma pequena cidade com inúmeros atrativos.

1. TEATRO MUNICIPAL DE SABARÁ

Teatro Municipal de Sabará
Teatro Municipal de Sabará

Um dos mais antigos do país, este-pequeno e charmoso teatro-inaugurado em 1819 ocupou o lugar da antiga Casa da Ópera, abandonada-em 1783 com a decadência da-localidade dado o rareamento aurífero.

Povoam sua história a visita dos dois-imperadores (dom Pedro I e dom Pedro II) e uma prática curiosa da população: quando o teatro ainda não tinha assentos, cada habitante levava a sua cadeira de casa.

Interior do Teatro Municipal de Sabará
Interior do Teatro Municipal de Sabará

Bem preservado, nele são realizadas apresentações de-balé, recitais, peças e óperas.

Pode ser-visitado durante o dia. Rua Dom Pedro II, Centro.

2. IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

Jamais terminada devido à falta de-recursos da Irmandade dos Homens Pretos da Barra do Sabará, ela ainda-mantém em sua nave principal a capela que seria a provisória; a interrupção das obras permite ver, no final das contas, como era o processo de construção de uma igreja.

IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS DE SABARÁ
IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS DE SABARÁ

De 1767 a 1780 foram concluídas apenas as obras da sacristia e da capela-mor; várias retomadas e interrupções se-sucedem desde aquela década até o abandono.

A ornamentação interna, apesar de simples, exibe imagens-relevantes, com a pintura do teto da-capela-mor um pouco mais-requintada.

Próximo a ela-está uma fonte pública-importante: o chafariz do-Rosário, de 1752. Praça Melo Viana.

3. MUSEU DO OURO

Está instalado, desde 1946, antiga casa da intendência e fundição, estabelecimento responsável, durante o ciclo do-ouro, pela pesagem, fundição e-transformação do metal em barras, assim como pelo-recolhimento do quinto.

MUSEU DO OURO EM SABARÁ
MUSEU DO OURO EM SABARÁ

Uma das primeiras em funcionamento-e a única remanescente do Brasil, a intendência funcionou até 1833.

Em seu acervo de mais de trezentas peças expõem-se instrumentos originais-do processo de extração aurífera e da produção do metal (bateia, antiga prensa, balança, estojo com peso), maquetes, algumas peças sacras c prataria, além da Santana Mestra, escultura de Aleijadinho.

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No primeiro pavimento – onde morava o intendente -, vê-se a reprodução de um quarto com mobília de época e, no-pátio ajardinado, um engenho de triturar-minério de ouro.

O acervo histórico bibliográfico pertencente ao museu está na Casa Borba Gato (rua Borba Gato, 71, Centro.

4. IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO

Construída entre 1763 e 1818 por decisão da Ordem Terceira do Carmo com projeto de Tiago Moreira, é a única igreja em Sabará com obras de Aleijadinho.

IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO EM SABARÁ
IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO EM SABARÁ

São de sua autoria o projeto da portada (1770) e sua ornamentação escultural em pedra-sabão (1774); a planta das balaustradas (1779); a ornamentação policromada da nave em talha dourada (1781) – belo coro, os púlpitos, as colunas e as pilastras as, e os pequenos atlantes de São Simão Stock e São João da Cruz (1779) que suportam o coro.

Destaca-se ainda a talha dos dois altares do arco-cruzeiro, mais bem executada que a do altar-mor.

Compõem o conjunto o adro, a capela Passo do Calvário e um cemitério. Rua do Carmo, s/n.

5. IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Considerada por alguns estudiosos a mais antiga matriz de Minas (1701-10), a edificação apresenta duas torres, fachada equilibrada e singela.

IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM SABARÁ
IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO EM SABARÁ

As talhas douradas que lhe revestem o interior, característica da primeira e da segunda fases do barroco, não poupam exuberância.

Merecem atenção os belos púlpitos, com parapeitos vazados, os painéis do forro da capela-mor, as figuras em relevo no arco-cruzeiro e cada uni dos oito altares laterais.

As pinturas nas portas que ligam as-sacristias à capela-mor denotam-influência oriental, lembrando o-interior da igreja de Nossa Senhora do Ó. O teto da nave invoca a ladainha de Nossa Senhora.

No coro, veem-se quadros que retratam cenas da vida de Cristo. No altar-mor, repousa a grande imagem-da Imaculada Conceição que teria sido trazida de Portugal por volta de 1750.

A festa de Nossa-Senhora da Conceição, padroeira da cidade, ocorre de 1° a 8 de dezembro. Praça Getúlio Vargas.

6. IGREJA DE NOSSA SENHORA DO Ó

Preciosa edificação que levou três anos para ser concluída, de 1717 a 1720, é das mais expressivas da primeira fase do barroco mineiro. Na fachada, uma única torre central e detalhes orientais.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO Ó EM SABARÁ
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO Ó EM SABARÁ

No interior, sobressaem ricos entalhes e as pinturas com dourado, vermelho e azul dos painéis na nave e nos forros – são passagens sobre Maria e o nascimento de Jesus que merecem contemplação.

Repare na riqueza dos traços orientais-do arco-cruzeiro e dos seis painéis que-ladeiam o altar-mor, cujos motivos-achinesados, em que se retratam pássaros-e árvores, teriam sido inspirados em-porcelanas de Macau e feitos por volta de 1725 pelas mãos de artesão vindo-daquela possessão portuguesa no-Oriente. No trono, vê-se a-imagem da padroeira.

Como a igreja está afastada do centro, recomenda-se-que o visitante vá até a igreja de carro. Largo Nossa Senhora do Ó (saída para Cacté).

CHAFARIZ DO KAQUENDE

CHAFARIZ DO KAQUENDE EM SABARÁ
CHAFARIZ DO KAQUENDE EM SABARÁ

Para o abastecimento de água nas vilas mineiras, no início da colonização, os chafarizes foram os primeiros equipamentos públicos implantados. Em Sabará, foram construídos pela Câmara, inúmeros chafarizes, num total de onze, possíveis identificar documentalmente, entre os séculos XVIII e XIX.

Mas, depois de muitos anos servindo, precariamente, à população com água sempre límpida e cristalina, os chafarizes perderam sua função, com a implantação, no início do século XX, do abastecimento domiciliar, com água encanada, restando no presente, apenas quatro deles, públicos, além de dois, particulares.

Destes, três tornaram-se apenas elementos de decoração dos espaços públicos, com suas belas formas escultóricas.

Um único, o Kaquende, continua jorrando água.

Ele foi construído em 1757, em pedra, com duas torres e a tradicional cruz, ao alto, com uma grande bacia desgastada pelo tempo, pintado na cor cinza, uma das cores da Casa de Bragança.

A água é transportada através de um canal fechado, também em pedra.

A sua captação, entretanto, é feita no antigo beco que sai atrás do chafariz, numa grande bacia, coberta de pedra e argamassa, em local fechado por muro alto. 

7. ARTESANATO

A antiga prática de adornar altares e-oratórios de igrejas com as palmas-portuguesas foi resgatada em Sabará, por isso até hoje artesãos locais-confeccionam réplicas de palmas em papel laminado ou cobre, algumas-banhadas em ouro ou prata e encontradas em diversas lojas da-cidade.

A renda turca, com que se-fazem toalhas, entre outros artigos, é mais um exemplar do artesanato de Sabará: transmitida de geração em geração, sobretudo entre as mulheres.

Essa técnica tombada como bem cultural de natureza imaterial requer agulha e um bastão que-demarca a distância dos pontos. É vendida no Centro de Artesanato-(rua Borba Cato, 3, Centro).

8. POMPÉU

No bairro de Pompéu, um antigo arraial, o principal atrativo é a pequena capela de Santo Antônio do Pompéu (rua Raimundo Francisco Ferreira, 26. Pompéu.

Capela de Santo Antônio do Pompéu em Sabará
Capela de Santo Antônio do Pompéu em Sabará

Tombada como patrimônio histórico nacional, é representativa do início do barroco em Minas.

Não se sabe ao certo quando foi erguida, mas há registros de sua existência desde 1731.

Possui fachada simples e um único altar, e sua talha guarda semelhanças com as de Nossa Senhora do Ó e com os altares iniciais da matriz da Conceição.

A capela-mor é bem ornamentada: observe a policromia em dourado, vermelho e azul do retábulo formado de colunas torsas e Moldura que sobressai no contorno de um arco com anjos em relevo de feições orientalizadas.

A pintura do teto alude à vida de santo Antônio.

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