História, Ecoturismo e Atrações Turísticas de Tiradentes MG

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No começo do século XVIII, a futura Tiradentes era mais um próspero povoado minerador de Minas Gerais.

Em 1718 foi elevado à categoria de vila, passando a se chamar São José, em homenagem ao príncipe português.

O atual nome veio só depois da República, numa referência ao mártir da Inconfidência Mineira, nascido na fazenda Pombal, nas cercanias da cidade.

Tiradentes MG
Tiradentes MG

A decadência do ouro jogou Tiradentes no esquecimento. Embora tenha sido tombada pelo Iphan em 1938, a cidade manteve-se isolada até a década de 1970, quando foi então redescoberta por artistas e intelectuais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Primorosamente restaurada, ela vive hoje do turismo: em seus hotéis e pousadas somam-se 8 mil leitos, número maior que o de moradores fixos (menos de 6 mil).

O casario colonial, um bem-organizado calendário de eventos culturais, boas lojas, restaurantes e pousadas charmosas, atraem um público sofisticado e de alto poder aquisitivo.

Tiradentes é uma cidade para ser percorrida a pé – as crianças talvez prefiram alugar uma charrete na praça.

Por isso, vale um lembrete: ainda que as ladeiras sejam mais suaves que as de Ouro Preto, o calçamento de pedras exige o uso de tênis ou sapatos confortáveis.

Conheça os principais pontos turísticos de Tiradentes

História de Tiradentes 

A cidade de Tiradentes foi fundada por volta de 1700, quando os paulistas descobriram ouro nas encostas da Serra de São José.

Na época, era um arraial chamado Santo Antônio do Rio das Mortes.

Em 1718 o local teve o status elevado e passou a se chamar Vila de São José, em homenagem ao príncipe D. José. Durante todo o século XVIII, a vila viveu da exploração de ouro e foi um dos importantes centros produtores do metal de Minas Gerais.

A abundância das minas de ouro financiou obras e benfeitorias na região. Igrejas, capelas e outras construções receberam os aspectos da arquitetura barroca e rococó.

Grandes nomes da arte do período colonial foram chamados para ajudar a compor as edificações, entre eles o famoso escultor Aleijadinho.

A queda das extrações do metal precioso, no início do século XIX, trouxe praticamente a decadência da vila. Esse processo fez com que a região adormecesse para o mundo, fato que colaborou para a preservação do acervo arquitetônico.

Tiradentes MG
Tiradentes dispõe de um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes de Minas Gerais.

Após a Proclamação da República, em 1889, a cidade recebeu o nome de Tiradentes, em homenagem ao alferes Joaquim José da Silva Xavier.

O oficial foi considerado um nome importante da Inconfidência Mineira, durante a década de 1780, contra o domínio português. Desde então, começou, aos poucos, o processo de valorização da cidade. Aproveite e saiba mais sobre Tiradentes e a cidade que leva seu nome.

Ainda existem no município excelentes exemplares da arquitetura civil do século XVIII, como o Sobrado Ramalho, situado na Rua da Câmara, esquina com a rua direita, local conhecido como Quatro Cantos.

Localizada no estado de Minas Gerais, região sudeste do país, Tiradentes faz fronteira com as cidades de Coronel Xavier Chaves, Prados, Resende Costa, Santa Cruz de Minas e Vilarejo do Bichinho.

A distância de Belo Horizonte, capital mineira, até Tiradentes é de aproximadamente 200 km.

Atrações Turísticas de Tiradentes MG

1. Largo das Forras

Nesta praça reuniram-se os ex-escravos para festejar o fim da escravidão, em 1888.

Largo das Forras em Tiradentes MG
Largo das Forras em Tiradentes MG

Remodelada pelo paisagista Roberto Burle Marx, em 1989, hoje ela é o coração da cidade: lá ficam a Prefeitura Municipal (uma rara construção colonial de três andares) e um grande número de lojas de artesanato, restaurantes, bares e pousadas.

Na alta temporada, o movimento é grande, e o clima, festivo.

Na lateral da praça, a velha arcada de pedras da ponte das Forras cruza o ribeirão de Santo Antônio.

2. Capela Bom Jesus da Pobreza

Capela Bom Jesus da Pobreza em Tiradentes MG
Capela Bom Jesus da Pobreza em Tiradentes MG

Singela, esta capela, construída no fim do século XVIII, sofreu várias intervenções. Sua planta é simples e os altares escassamente decorados.

A Capela do Bom Jesus da Pobreza, ou Bom Jesus Agonizante, marca o Largo das Forras. Está entre bares e restaurantes e dá certo ar colonial à Praça.

A história da igreja é bastante incerta, devido à falta de documentos sobre a construção.

Acredita-se que ela date da segunda metade do século XVIII e que a construção tenha ocorrido em pagamento a uma promessa do então Capitão-mor Gonçalo Joaquim de Barros.

A igreja tem fachada simples, em estilo barroco-rococó, e o interior marcado pela imagem de um Jesus Cristo agonizante em meio a um altar de madeira com pinturas florais coloridas.

Ela já sofreu várias intervenções desde a construção, incluindo uma grande reforma nos anos 50. 

Entretanto, ela guarda um tesouro: uma comovente imagem de Jesus agonizante, das mais belas de toda a região do ouro. Largo das Forras, s/n, Centro.

3. Capela de São João Evangelista

Capela de São João Evangelista em Tiradentes MG
Capela de São João Evangelista em Tiradentes MG

A capela, pertencente à Irmandade dos Homens Pardos, começou a ser construída em 1760, mas só foi finalizada no começo século XIX.

A fachada é ampla e simples, sem torres: o sino foi instalado em uma das janelas.

No interior, os altares têm belas talhas em estilo rococó e imagens com mais de 2 metros de altura, que descrevem o calvário do padroeiro. Rua Padre Toledo, s/n, Centro.

4. Museu do Padre Toledo

Museu Casa Padre Toledo em Tiradentes MG
Museu Casa Padre Toledo em Tiradentes MG

O solar em que viveu e conspirou o padre e inconfidente Carlos de Toledo foi convertido em museu no ano de 1971 e expõe mobiliário, objetos e pinturas de época.

O ponto alto são os forros pintados dos seus doze cômodos, alguns com motivos clássicos, como o da Sala dos Cinco Sentidos. Rua Padre Toledo, 190, Centro.

5. Igreja Matriz de Santo Antônio

As obras, iniciadas em 1710, consumiram quarenta anos, e meia tonelada de ouro, que rebrilha na magnífica talha dos sete altares.

Igreja Matriz de Santo Antônio em Tiradentes MG
Igreja Matriz de Santo Antônio em Tiradentes MG

A Igreja Matriz de Santo Antônio é o mais antigo e principal templo católico de Tiradentes e um grande exemplo de arquitetura da arte barroca e rococó. A construção se deu início no ano de 1710, quando um grupo de devotos fundou a Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Maior símbolo entre as igrejas de Tiradentes, a Matriz de Santo Antônio tem a escultura de fachada esculpida por Aleijadinho. O projeto data do início do século XVIII, porém as alterações realizadas pelo grande artista mineiro aconteceram apenas no início do século XIX.

Logo na entrada, é difícil não se impressionar com os lustres de prata e a quantidade de ouro que decora o altar e suas imagens. São, inclusive, também de Aleijadinho as esculturas da portada.

A Igreja possui 482 kg de ouro em seu interior, sendo a segunda igreja com a maior quantidade do metal precioso do Brasil, atrás apenas da Igreja de São Francisco da Penitência, em Salvador.

Interior da Igreja Matriz de Santo Antônio em Tiradentes
Interior da Igreja Matriz de Santo Antônio em Tiradentes.

Na balaustrada do coro vê-se o órgão trazido de Portugal em 1788, colocado em uma caixa de madeira com entalhes e pintura cm estilo rococó, de autoria de Manuel Vítor de Jesus, artista também responsável pela pintura do forro e da sacristia.

Destacam-se ainda as grandes arcas de madeira com ferragens de prata e as imagens do século XVIII. A fachada foi modificada em 1810, a partir de projeto de Aleijadinho.

Cartão-postal de Tiradentes, a Igreja Matriz de Santo Antônio é uma das mais lindas de Minas Gerais.

O relógio do sol, situado na área externa, é um dos principais símbolos da cidade. Ele foi esculpido em pedra-sabão e indica as horas de acordo com a posição do astro.  

No adro há um relógio de sol construído em 1785, hoje um dos símbolos da cidade.

Nos fins de semana, um espetáculo de luz e som conta a história da igreja e oferece explicações sobre seu patrimônio artístico e arquitetônico. R. da Câmara, s/n, Centro.

6. Santuário da Santíssima Trindade

Manuel Vítor de Jesus foi o autor do projeto desta igreja, construída em 1810. 

Santuário da Santíssima Trindade em Tiradentes MG
Santuário da Santíssima Trindade em Tiradentes MG

Ela abriga uma raridade: uma imagem de Deus com roupa de papa medieval e mãos espalmadas. Nos anos 1920, a igreja, destino de peregrinações, recebeu o título de santuário.
As romarias à Santíssima Trindade ocorrem todos os anos, entre os meses de maio e junho. Praça Padre José Bernardino, s/n, Centro.

7. Chafariz de São José

O “chafariz azul’’ foi construído em 1749 e é considerado o mais belo do circuito do ouro.

Chafariz de São José em Tiradentes MG
Chafariz de São José em Tiradentes MG

Cercado por uma mureta, dos três rostos de pedra lavrada que o compõem jorra água potável, proveniente de um antigo aqueduto de pedra, cujo ponto de origem é o bosque da Mãe-d’água, na base da serra de São José, para onde se pode fazer uma caminhada guiada. Rua do Chafariz, s/n, Centro.

8. Igreja de São Francisco de Paula

Igreja de São Francisco de Paula em Tiradentes MG
Igreja de São Francisco de Paula em Tiradentes MG

O grande charme desta pequena igreja, cuja construção data de meados do século XVIII, é a localização: ela fica no alto de uma colma, de onde se tem uma privilegiada vista de Tiradentes. Rua Nicolau Panzera, s/n (Largo de São Francisco), Centro.

9. Igreja de Nossa Senhora das Mercês

Igreja de Nossa Senhora das Mercês em Tiradentes MG
Igreja de Nossa Senhora das Mercês em Tiradentes MG

Construída a mando da Irmandade dos Pretos Crioulos (negros nascidos no Brasil), esta igreja tem um altar em talha policromada em estilo rococó e uma importante coleção de imagens do século XVIII, entre as quais sobressai a da padroeira, de extrema delicadeza e feminilidade. Largo das Mercês, s/n, Centro.

10. Centro Cultural Yves Alves

Centro Cultural Yves Alves em Tiradentes MG
Centro Cultural Yves Alves em Tiradentes MG

O maior centro cultural de Tiradentes é uma construção portentosa, em estilo colonial. Conta com anfiteatro, galeria, sala de reuniões, cafeteria e bar, além de uma grande área ajardinada. Rua Direita, 168, Centro.

11. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em Tiradentes MG
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em Tiradentes MG

E a igreja mais antiga da cidade, erguida no lugar da primitiva capela do arraial, em 1708.

Segundo a lenda, os escravos trabalhavam em sua construção nas noites de lua cheia, enfeitando-a com o ouro desviado das minas escondido sob as unhas.

Tem três altares ornamentados com imagens de santos negros. A pintura da nave e do forro é de Manuel Vítor dos Santos. Praça Padre Lourival Salvo Rios, s/n.

12. Museu de Santana

O prédio da cadeia pública de Tiradentes foi construído por volta de 1730.

Em 1829, sofreu um incêndio, tendo sido restaurado em 1835, conservando estrutura, portões e grades originais. No entanto, suas fachadas foram reconstruídas segundo os padrões neoclássicos que predominavam nos prédios públicos do século XIX. 

Museu de Santana em Tiradentes MG
Museu de Santana em Tiradentes MG

Praticamente desativada a partir de 1984, com o envio de presos da cidade para o distrito da Vila de Santa Cruz e São João del-Rei, a cadeia esvaziou-se, e naquele mesmo ano, em 27 de setembro, o governo do estado de Minas Gerais doou o imóvel à Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade.

A fundação decide instalar ali o Museu de Arte Sacra Presidente Tancredo Neves, que teve suas portas abertas de 1986 a 2005, com peças doadas por particulares.

Alguns anos depois, o prédio foi cedido para o Instituto Cultural Flávio Gutierrez, para ali ser instalado o Museu de Sant’Ana, inaugurado em 2014.

O museu abriga 291 imagens de Sant’Ana, a santa protetora dos lares e da família, bem como dos mineradores.

São obras brasileiras, de várias regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas, produzidas em sua maioria por artistas anônimos, entre os séculos XVII e XIX, em materiais diversos.  

Outras Atrações em Tiradentes

1. Passeio pela cidade

Tiradentes chama a atenção pelo conjunto harmônico das construções coloniais e surpreende pelo grande número de atividades culturais que oferece aos visitantes.
Ao percorrê-la, repare:

  • na Casa da Câmara (rua da Câmara, s/n), edificação de 1718 em que sobressai a ampla varanda adornada com um brasão rococó.
  • no sobrado Ramalho (rua da Câmara, 124), sede da banda da cidade e do escritório local do Iphan, que hoje abriga exposições e permanece aberto para visitação; no sobrado Aimorés, sede do Aimorés Futebol Clube (rua Direita, 159).
  • nas seis pequenas capelas espalhadas pelas ruas que compõem os Passinhos da Via Sacra.

2. Passeio de Trem

Inaugurada em 1881 por dom Pedro li, a simpática maria-fumaça ainda funciona, ligando Tiradentes a São João del-Rei.

O percurso, de 12 quilômetros, dura 35 minutos e é encantador. O passeio é especialmente agradável nos meses de abril e maio, quando a paisagem está mais florida. Av. Hermínio Alves, 366, Centro.

3. Ecoturismo

A paisagem de Tiradentes é marcada pelo maciço rochoso da serra de São José, cujos paredões abruptos podem ser vistos de qualquer ponto da cidade.

A serra, que tem cerca de 15 quilômetros de extensão e altitude média de 1100 metros, percorre ainda as terras de Coronel Xavier Chaves, Prados, Santa Cruz de Minas e São João del-Rei.

Área de proteção ambiental estadual desde 1990, em 2004 foi declarada, pelo governo do estado, Refúgio de Vida Silvestre de Libélulas: estima-se que a região abrigue 120 espécies deste inseto, ou cerca de 20% do total que existe no Brasil.

A flora é variada.

A partir do núcleo histórico de Tiradentes pode-se chegar à serra a pé, após uma caminhada de aproximadamente 40 minutos, ou de charrete, cavalo ou jipe.

Ali, as possibilidades de exploração são muitas e devem ser aproveitadas com orientação de guias – contratados na própria cidade ou em São João del-Rei.

Caminhadas – Trekking

Recomendações básicas para caminhar na serra de São José: usar calças compridas, protetor solar e repelente. levar lanche, água e binóculo (algumas agências fornecem todo o equipamento; confira antes) e tomar especial cuidado com o pequeno e desesperador micuim, espécie de carrapato, abundante sobretudo entre agosto e novembro.

Mosquitos são igualmente frequentes.

A travessia do Primeiro Paredão é uma trilha de nível médio cujo percurso dura cerca de cinco horas.

Ele se inicia no sítio do Ipê e passa pela parte baixa da São José até chegar, após 50 minutos de marcha, a calçada dos Escravos – trecho curto em aclive forte de onde se alcançam a crista da serra e o mirante com 1258 metros de altitude.

Depois da descida, contornam-se as piscinas naturais do riacho Mangue. volta-se pela parte baixa e chega-se a Tiradentes pelo bairro Pacu.

Na crista da São José encontra-se também a antiga trilha do Carteiro, que ligava todas as cidades da região, alcançando Resende Costa e uma picada que ia até Goiás; em certo ponto do percurso há uma cruz, que, segundo a lenda local, marca o lugar em que foi assassinado um mensageiro dos inconfidentes.

Nas proximidades há uma pequena cachoeira.

Quem quiser percorrer essa trilha de nível médio, com aproximadamente 6 quilômetros (ida e volta), pode contratar os serviços de uma agência, que providencia o transporte de jipe até o cume da serra.

A trilha do vale e da cachoeira do Mangue, de nível fácil, repete um trecho anterior, mas se limita à parte baixa da São José.

Ela sai do centro histórico e segue até o início da serra, a cerca de 50 minutos de caminhada; depois de mais 50 minutos, chega-se ao riacho do Mangue, com queda-d’água e diversas piscinas naturais.

Quem desejar um desafio maior pode tentar completar a travessia da serra de São José, uma trilha difícil que costuma ser vencida em dez horas.

A caminhada é iniciada na cidade de Prados, entre áreas de cerrado, e prolonga-se, em terreno de cascalho, até a crista da serra, de onde se tem uma bonita vista do distrito de Bichinho, dali segue-se para o pico Von Martins, a 1430 metros de altitude.

A descida, pela trilha dos Muares, passa pelo primeiro paredão da São José e continua até o vale do Mangue, onde se pode apreciar um belíssimo pôr-do-sol.

Mais tranquila, a trilha da Água Santa é uma caminhada de uma hora e meia, só de ida – o retorno é feito de carro.

O ponto de partida é o bairro Pacu; na sequência, passa-se por uma calçada construída por escravos, atravessa-se o mangue e cruza-se o alto da serra cm um percurso que prossegue até o balneário das Águas Santas, com piscinas naturais de águas termais a 27,5°C.

Há trilha inversa, saindo de Aguas Santas (veja São João del-Rei).

A caminhada pela Estrada Real leva aproximadamente cinco horas. O nível de dificuldade é médio, pois há algumas subidas fortes.

A trilha sai de Tiradentes, beira a serra de São José e passa por regiões de fazendas e mata atlântica até o distrito de Bichinho.

Quem leva: Caminhos e Trilhas, rua dos Inconfidentes, 218 B, centro histórico, Tiradentes.

Existem agencias de turismo em Tiradentes que oferecem roteiros de bicicleta, cavalgadas e passeios de jipe.

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