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O Forró tem origem nos bailes populares que eram realizados no final do século XIX e eram chamados de “forrobodó”, “forrobodança” ou “forrobodão”.
Naquele tempo era preciso molhar o piso do local onde essas festas aconteciam, pois eles eram feitos de “chão batido”, ou seja, não havia revestimento, somente terra.
As pessoas costumavam dançar arrastando os pés a fim de evitar que a poeira levantasse, daí o termo rastapé ou arrasta-pé.
Também foram encontradas semelhanças entre esse estilo de dança e o toré – celebração indígena onde em dado momento ritualístico os indivíduos arrastam os pés nos chão.
Há ainda certa influência de ritmos holandeses e portugueses, além das danças de salão europeias.
Vídeos sobre “História, origem e a evolução do forró”
Origem do nome forró tem algumas hipóteses:
a. historiador e folclorista Câmara Cascudo
O historiador e folclorista Câmara Cascudo sugere que o termo mais provável seja uma derivação do termo “forrobodó”.
Tal termo, por sua vez é uma variante galego-portuguesa do antigo vocábulo forbodó, originado a partir da palavra francesa faux-bourdon, que pode significar “desentoação”.
b. Outra suposição – sem comprovação histórica
É que tal nome teria sido criado a partir de uma expressão inglesa.
Segundo essa teoria, os engenheiros britânicos que se fixaram na região de Pernambuco durante a instalação da ferrovia Great Western, costumavam promover festas para figuras ilustres.
Entretanto, em determinados momentos, tais eventos eram abertos ao público e levavam em seus convites o termo for all, que quer dizer “para todos” em português. O povo local começou a pronunciar então “forró”.
c. Mas foi apenas em 1950
Na década de 1950 que se começou a usar de fato o nome “forró“.
Pois, um ano antes, o cantor e compositor Luiz Gonzaga gravou a música “Forró de Mané Vito”, produzida em conjunto com Zé Dantas. Em 1958, outra canção do músico chamada “Forró no Escuro”, também fez muito sucesso.
Apesar da popularidade alcançada com os sucessos desse ícone da música, o que realmente difundiu o estilo pelo Brasil foi a migração nordestina para outros estados do país, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970.
Atualmente, o forró é apreciado em todo o Brasil e celebrado no dia 13 de dezembro, data de nascimento do sanfoneiro Luiz Gonzaga.
Forró como gênero musical
Esse estilo musical é popularmente associado a outros gêneros: o xote, o xaxado e o baião. Neles, a base instrumental utilizada é a sanfona, o triângulo e a zabumba.
É chamados também de forró tradicional ou forró pé-de-serra e seus maiores representantes são Luiz Gonzada, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e Sivuca.
A partir dos anos 80, o forró sofreu algumas modificações. Nessa época, foram introduzidas também a bateria, a guitarra e o baixo elétrico.
Já na década de 1990, outros elementos foram incorporados por algumas bandas, como o teclado e o sax, e a zabumba foi retirada.
Esse subgênero passou a ser chamado de forró eletrônico ou estilizado e sofreu críticas por estar transformando o forró tradicional em um produto superficial da indústria cultural.
Nos anos 2000, esse tipo de música ganhou nova repaginada e surgiu na forma do forró universitário, que acrescentava ao estilo original algumas mudanças instrumentais.
Forró como dança
O forró é dançado em pares em posição de abraço fechado, com os parceiros de frente um para o outro, usando contato corporal total ou parcial.
Dependendo do estilo de música tocada – baião, xote, xaxado, forró universitário ou eletrônico – a maneira de dançar também é alterada.
Os principais destinos para quem aprecia dançar forró são: Itaúnas (ES), Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
Principais representantes do forró são Luiz Gonzaga, Carmélia Alves, Dominguinhos, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Falamansa, Rastapé, Forroçacana, Mastruz com Leite, Calcinha Preta, Frank Aguiar e Aviões do Forró.
Estilo passou por três grandes fases desde que surgiu, nos anos 1940.
Evolução causa disputa, mas formatos podem conviver, dizem críticos.
Começa nesta semana o principal momento da maratona de forró nas festas de São João no Nordeste.
Com a aproximação da noite oficial de comemoração do santo, na próxima sexta-feira (24), é quase impossível ouvir algum tipo de música diferente nesta época nas cidades que se transformam em principais focos da festa, como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).
Mas dizer que todos tocam forró não quer dizer necessariamente que a música é a mesma.
Ao longo das sete décadas desde que surgiu e se espalhou pelas mãos de Luiz Gonzaga, o estilo musical que é símbolo do Nordeste passou por transformações em sua forma.
Luiz Gonzaga deixou de ser uma música puramente regional tocada com sanfona, zabumba e triângulo, se adaptou à modernidade, incorporou elementos do pop, do axé e do tecnobrega.
Bandas de forró mais novas têm uma produção comparável a grandes shows de pop do mundo.
Um desses grupos, Calcinha Preta, fez até mesmo apresentações em 360 graus, como as do U2.
A transformação do forró gera controvérsias e disputas.
O secretário de cultura da Paraíba, o cantor Chico César, criticou as bandas mais “modernas”, que chamou de “forró de plástico”.
No mesmo tom, Dominguinhos, fiel ao forró original, já alegou que as bandas novas mudaram tanto o estilo que “não dá pra dizer que aquilo é forró”.
Apesar da evolução do forró e dos contrastes, os diferentes estilos do forró podem “conviver”, segundo Expedito Leandro Silva, autor de “Forró no Asfalto: mercado e identidade cultural”, em que trata da evolução e urbanização do estilo musical que é marca do São João no Nordeste. “O primeiro não deixa de existir, e o segundo continua a se modernizar e acentua suas diferenças em relação ao original”.
Estilo do Forró é divido em três grandes fases:
Forró tradicional (também chamado de pé-de-serra), Forró Universitário e Forró Eletrônico
Elas são marcadas pela urbanização, incrementação técnica e adaptação do estilo ao mercado em diferentes épocas.
Surgimento do Forró
Logo que apareceu, o forró era uma criação artística autêntica do universo rural do sertanejo, e teve em Luiz Gonzaga seu principal divulgador e representante.
A música era normalmente tocada com apenas três instrumentos e trazia nas letras temas saudosistas, regionais e com forte sotaque interiorano.
O forró pé-de-serra continua presente em sua forma clássica na grande festa do Nordeste.
Seja pelas mãos de artistas já consagrados nacionalmente, como Dominguinhos, ou por nomes mais locais, como Santana, ainda há quem mantenha vivo o estilo original.
Reciclagem do Forró
As primeiras grandes mudanças vieram a partir de 1975, quando músicos populares da época, como Alceu Valença, Zé e Elba Ramalho e Geraldo Azevedo se enveredaram pelo forró, adaptando o estilo à época e à forma que já tocavam. Era o forró Universitário, que tinha o nome tirado do público jovem e urbano a que apelavam.
O estilo foi retomado em estilo parecido duas décadas depois, quando grupos como Falamansa e Trio Rastapé se tornaram populares nacionalmente com o “forró pé-de-serra adaptado ao mundo atual”, como explicou Ricardo Cruz, do Falamansa.
“A semelhança entre a gente e Alceu Valença e Zé Ramalho existe por termos seguido um mesmo movimento de buscarmos nas fontes originais, tradicionais, como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, aliando ao momento que vivemos.
No meu caso, é a contemporaneidade, misturando o pé-de-serra” com influências de reggae, rock e MPB. Buscamos fazer pé-de-serra junto com nosso cotidiano, nossa realidade”, disse.
Revolução do Forró
Apesar da continuidade do forró tradicional e da mudança de sotaque sem grande transformação do universitário, nos anos 1990 o estilo passou por sua maior transformação.
Foi quando o forró incorporou instrumentos novos, bailarinas, roupagem mais colorida e elementos de músicas sertaneja, romântica, brega e até do axé para criar o forró eletrônico.
Também chamado forró estilizado ou até mesmo “oxente music”, o movimento começou no início da década, com grupos como Mastruz com Leite e Magníficos, e foi se tornando maior e mais transformador ao longo dos anos.
A mudança nas últimas décadas foi tão intensa, chegando a grupos como Aviões do Forró e Calcinha Preta, que, segundo o pesquisador Expedito Silva, mudaram tanto a proposta original que se aproximam mais do tecnobrega de que do forró propriamente dito.
O fundador da banda Magníficos, uma das primeiras do forró estilizado, explicou que o que eles fazem é música popular romântica misturada com forró. “É como se pegássemos uma música de Roberto Carlos, por exemplo, e tocássemos em ritmo de forró”, disse José Inácio, o Jotinha.
A banda Magníficos, na verdade, começou com músicas tradicionais, pé-de-serra, mas decidiu mudar. “Luiz Gonzaga nos influenciou muito, mas adaptamos o pé-de-serra tradicional ao romântico. Gostamos e respeitamos, mas não é o que queremos fazer. Você tem que acompanhar a evolução das coisas”, disse.
Segundo Silva, que estudou a evolução do forró, o principal diferencial entre o estilo clássico e o eletrônico é que as bandas novas lidam melhor com o mercado, vendem mais. “O estilo é preferido pelas pessoas mais jovens, que se identificam mais.
O que acontece é que quem gosta de forró, especialmente no Nordeste, não confunde o eletrônico com o tradicional. Ele vê o estilizado como lazer, diversão, passatempo, mas respeita o forró tradicional”, disse.
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História, origem e a evolução do forró no nordeste
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