Este post também está disponível em: Português English
Diogo Álvares Correia, mais conhecido como Caramuru, é uma figura central na História Secreta de Salvador da Bahia.
Existem fragmentos históricos ocultos no coração da cidade. São relatos escondidos que dormem diante dos nossos olhos, nas esquinas, nas ruas, nas praças e nos monumentos urbanos.
A cidade está sempre nos chamando, com suas histórias secretas na selva de cimento que, hoje, vamos descobrir.
Bela e segura, a rota passa a ser frequentemente visitada por esquadras de caravelas em trânsito (a vocação turística de Salvador já se fazia presente). No entanto, não se instalou nenhum princípio de povoação logo no início da descoberta.
Vídeo sobre a História Secreta de Salvador da Bahia
Veja também a História da Baía de Todos os Santos
História Secreta de Salvador da Bahia
Nossa história começa em 1501, quando Américo Vespúcio descortina a Baía de Todos os Santos. Sua posse foi oficializada com a colocação do marco da coroa portuguesa, onde hoje estão localizados o Forte e o Farol da Barra.
Em 1510, Diogo Álvares Correia, que destinava-se às Índias, termina naufragando na Baía de Todos os Santos.
Os índios Tupinambás “pescam” a tripulação e a devoram. Apenas um sobrevive, poupado pela tribo por ser extremamente magro e alto, não sendo, portanto, um bom “prato”, fato que explica o apelido que lhe foi dado e como passou a ser mais conhecido: Caramuru.
Ele conquista a confiança dos índios e casa-se com a filha do cacique Taparica, a Paraguaçu, que recebe posteriormente o nome Catarina, em seu batismo na França. Surge daí o primeiro núcleo de povoamento da Baía de Todos os Santos.
Localizava-se entre o bairro da Graça e a Vitória, e, acreditam alguns historiadores, foi chamado de Salvador em alusão ao naufrágio. Considerado um patriarca, sua prole foi tão numerosa que Gregório de Matos o chamou de “Adão de Massapê”.
A miscigenação, hoje traço marcante da cidade, tem aí seu início. Portugal, no entanto, pouco estava interessado no que se passava por aqui.
Não tendo encontrado metais preciosos, como a Espanha em suas colônias, ocupava-se com o ainda rentável comércio de especiarias da Índia. Apenas com a ameaça dos recém-formados estados nacionais da França, Inglaterra e Holanda, que, por terem sido tardios, ficaram de fora do tratado que dividia o mundo entre os países ibéricos, Portugal decide ocupar a colônia para evitar a perda.
D. João III, monarca português, divide, então, o Brasil em capitanias hereditárias, medida colonizadora mais adequada para a situação – reduzia os investimentos diretos da coroa, já que cabia ao donatário zelar pela defesa e geração de riqueza explorável na colônia e, evidentemente, pagar imposto.
A capitania da Bahia foi doada a Francisco Pereira Coutinho, que chegou aqui em 1536 e fundou a vila da Bahia, no lugar onde ainda se localizam o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra.
Conta-se que a tripulação que o acompanhava assustou-se com a presença de um branco entre os nativos; era Caramuru, agora seu mais próximo vizinho.
Pereira plantou algodão e cana-de-açúcar na Bahia, mas seus esforços de povoamento chegaram ao fim um ano depois, com um naufrágio também na Baía de Todos os Santos.
Neste dia, a refeição foi farta na tribo tupinambá, prato principal: Francisco Pereira Coutinho.
Caramuru funde as duas vilas que passam a denominar-se Vila Velha, em contraposição à cidade posteriormente fundada. A capitania da Bahia não foi a única a fracassar.
A falta de recursos para investimentos e de segurança, o isolamento das capitanias entre si, foram fatores que se somaram, definindo o malogro.
D. João, também preocupado com o poder absoluto dos donatários em suas capitanias e desconfiado da sonegação dos impostos, implanta um governo geral que pudesse centralizar os interesses da coroa.
A família de Pereira Coutinho, não querendo dar continuidade ao empreendimento, vende a capitania a Portugal, onde, então, seria fundada a sede do governo geral. A ideia de D. João era “mandar fazer uma fortaleza e uma povoação grande e forte, em lugar conveniente”.
O encarregado da missão era Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, que chega aqui em 1549, no dia 29 de março, data oficial de nascimento da capital (no calendário católico, dia do São Salvador, fato a que outro grupo de historiadores atribui o nome da cidade).
Nos primeiros dias, sua tripulação ocupou a Vila Velha (liderada por Caramuru), povoado pouco próspero e cuja localização parece não ter agradado Tomé de Souza, que veio a estabelecer a primeira cidade do Brasil, onde hoje é a Praça Municipal.
Os desenhos e plantas de construção vieram do reino. Seus limites eram os seguintes:
- Ao Sul: pela porta de Santa Luzia, no sítio onde hoje a Rua Chile encontra-se com a Praça Castro Alves.
- Ao Norte: na porta de Santa Catarina, no limite atual entre a Praça Municipal e a Rua da Misericórdia, junto à esquina com a ladeira da Praça.
- Pela face Leste: uma barroca pequena – chamada Barroquinha.
Nascia Salvador, que seria a porta do Brasil, capital do Atlântico Sul até 1763. Começava assim a efetiva ocupação do Brasil pela administração lusitana.
História Secreta de Salvador da Bahia.
Guia turístico de Salvador, Bahia e Nordeste