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O Parque Nacional Monte Pascoal está localizado no extremo sul da Bahia, entre as cidades de Porto Seguro e Prado, e abrange 22.383 hectares.
Sua área natural apresenta uma grande diversidade de paisagens e belezas cênicas únicas, como a praia da Aldeia de Barra Velha com águas cristalinas e vegetação de restinga conservada, manguezais, florestas de restinga e as praias pluviais dos rios Caraíva e Corumbau, além dos campos de Mussununga.
O Monte Pascoal, com seu cume a 356 metros de altitude, garante uma vista panorâmica de 360º da região, além de uma encantadora área de Mata Atlântica, mais especificamente a floresta denominada Ombrofila Densa, com árvores de até 40 metros de altura e folhas sempre verdes, em um clima úmido.
A cada quilômetro percorrido, o Monte Pascoal torna-se mais imponente, evocando a sensação de como foi avistar ao longe a primeira porção de terra de um continente ainda desconhecido durante o descobrimento do Brasil.
Logo na portaria, é possível observar que o parque está passando por um momento de transição, no qual os índios Pataxó praticamente ocuparam todos os limites da unidade, reivindicando a propriedade dessas terras, outrora ocupadas por seus antepassados.
Há um processo tramitando em Brasília que, segundo a diretora da unidade, possivelmente concederá a posse desta área aos índios, o que resultaria na perda do título de Parque Nacional Monte Pascoal, um dos mais antigos do Brasil, criado em 1961.
Existem cerca de 13 aldeias no interior do parque, algumas com energia elétrica, outras com geradores, e algumas ainda sem luz.
A maior delas, a Aldeia de Barra Velha, conta com uma boa infraestrutura, incluindo escola, computadores, área de lazer e outras facilidades.
Veja o mapa Costa do Descobrimento
Vídeos “Parque Nacional de Monte Pascoal” e “Índios Pataxó”
Parque Nacional Monte na Bahia
O Parque Nacional do Monte Pascoal tem grande relevância na história do Brasil, pois foi a primeira porção de terra avistada pelos portugueses em 1500, durante o “Descobrimento do Brasil”.
Localizado no sul da Bahia, o parque preserva uma área de Mata Atlântica e é lar da comunidade indígena Pataxó, que habita a região há séculos. Além de sua importância ecológica, o Monte Pascoal é um símbolo da chegada dos colonizadores e da resistência indígena.
Hoje, o parque combina a preservação ambiental com o resgate cultural e histórico do Brasil.
1. Principais Atrativos Turísticos
1. Subida ao Monte Pascoal
- A principal atração do parque é a subida ao próprio Monte Pascoal. Embora seja necessário um bom condicionamento físico, especialmente para a parte final que é íngreme, a recompensa é uma vista espetacular do topo. De lá, é possível observar o mar, os montes vizinhos e a mata densa, em um panorama impressionante. Com sorte, é possível avistar o ballet aéreo dos urubus-rei, que voam ao redor do monte em busca de correntes térmicas.
Trilhas na Mata Atlântica
- As trilhas ao redor do monte permitem que os visitantes caminhem pela densa vegetação da Mata Atlântica, acompanhados por guias indígenas. Embora a fauna local seja bastante escassa devido à caça, ainda existe a possibilidade de avistar animais típicos da região. As árvores de grande porte, como o jequitibá, jacarandá da Bahia, pequi, paraju e joerana, são abundantes e impressionam pelo tamanho e imponência.
Centro de Visitantes
- Localizado aos pés do Monte Pascoal, o Centro de Visitantes oferece uma visão das atividades e trabalhos manuais dos índios da região. O centro é um ponto de interesse para quem deseja aprender mais sobre a cultura indígena local.
2. Comunidade Indígena
Os índios Tupinambás já ocupavam essas terras muito antes da colonização portuguesa, mas, no século XVI, foi a comunidade Pataxó que passou a habitar a região, onde permanecem até hoje.
Sobrevivendo principalmente das atividades de visitação ao parque, da agricultura de subsistência (mandioca, aipim, banana, jaca) e da criação de galinha caipira, são esses indígenas que gerenciam o turismo no Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, graças ao envolvimento da comunidade no ecoturismo de base comunitária, desenvolvido em parceria com o Governo Federal.
Atualmente, o Ibama estabeleceu uma parceria com os índios, trazendo benefícios à unidade, como o combate a incêndios, realizado por uma equipe PrevFogo composta exclusivamente por indígenas.
Eu acompanhei um desses combates, registrei as imagens e, após algumas horas no meio de um imenso fogaréu, fiquei coberto de cinzas, com a roupa e os equipamentos cheios de fuligem.
Assim, constatei de perto o árduo trabalho que é realizado em quase todos os parques do Brasil.
Por outro lado, a exploração exagerada e descontrolada da madeira-de-lei pelos índios para a confecção de artesanato deve ser revisada, para que não cause danos irreversíveis à região.
O artesanato é a principal fonte de renda para muitas famílias indígenas nas aldeias. Portanto, é essencial tomar providências para garantir a sustentabilidade e a preservação dos ecossistemas que existem desde a época do descobrimento.
Originário da Aldeia de Barra Velha (conhecida como Aldeia Mãe), uma área indígena do Monte Pascoal, o povo pataxó está distribuído em várias aldeias pelos municípios de Prado, Itamaraju, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro. Sempre guerreiros, os pataxós lutam desde a invasão portuguesa, por volta de 1500, para se firmar em um lugar e preservar sua história, cultura, língua, costumes e tradições que foram se perdendo ao longo do tempo.
No passado, os pataxós foram reunidos à força com tribos Maxacalis e Botocudos em uma aldeia da qual não podiam sair. “Em 1861, os povos foram aldeados à força em Bom Jardim, atual Reserva Barra Velha, perto do Monte Pascoal.
Mais tarde, houve um grande massacre, e muitos índios fugiram para não serem mortos”, conta Nitynawã Pataxó, cacique de sua tribo.
A matança de 1951, conhecida pelos índios mais velhos como o “Fogo de 51”, ocorreu na aldeia de Barra Velha e é uma parte dolorosa da história pataxó. Segundo relatos, a violência foi causada por policiais militares do estado. Meninas foram estupradas e homens, espancados. Muitos pataxós foram forçados à escravidão devido à falta de opções.
Oito anos antes, o governo havia criado o Parque Monumento Nacional do Monte Pascoal, expulsando os índios de suas terras, iniciando a dispersão do povo pataxó em pequenos povoados.
“Muitos decidiram se esconder na mata para preservar a cultura”, explica Nitynawã. A comunidade mantém seus rituais como o da Lua Cheia, do casamento, e do batismo, além de estar tentando recuperar a língua Patxohã. “Já catalogamos mais de duas mil palavras e montamos um dicionário, mas ele está dentro da comunidade porque precisamos da aprovação dos anciãos”, afirma Nitynawã.
Assim como os rituais de canto e dança (com destaque para o Awê), e a medicina tradicional baseada em plantas (raízes, cipós, folhas, sementes, cascas e resinas), a preservação da língua é um dos trabalhos que Nitynawã executa ao lado de suas irmãs Jandaya e Nayara na escola bilíngue montada na Reserva da Jaqueira.
Em 1998, ano de fundação da Reserva da Jaqueira, também foi homologada a Terra Indígena Coroa Vermelha, localizada ao sul da Bahia. Compreendendo uma área de 1.493 hectares nos municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, ela é reservada ao usufruto da população pataxó.
O turismo tornou-se uma alternativa econômica para os pataxós, complementando a pesca, o artesanato e o manejo da piaçava. “Para viver e preservar a mata e os povos, abrimos nossas terras para o turismo desde 2000. A agricultura é mais para consumo próprio, e faz muito tempo que não matamos animais.
Hoje, temos aqui onça-pintada e jaguatirica. Trabalhamos essa consciência ambiental, pois, sem ela, não teríamos mais animais”, conclui Nitynawã.
O Parque Nacional do Monte Pascoal é uma área de grande importância ecológica e histórica, localizada no sul da Bahia. Seus pontos turísticos principais estão concentrados nas proximidades da portaria, onde os visitantes têm acesso permitido.
3. Acesso ao Parque
O acesso ao parque é feito pela BR-101, seguindo 76 km de Eunápolis ou 16 km de Itamaraju. No trevo, deve-se pegar à direita e percorrer mais 14 km de asfalto até a portaria do parque.
4. Preservação e Sustentabilidade
Mesmo com a possibilidade do parque deixar de ser administrado pelo IBAMA, há a expectativa de que os indígenas da região se conscientizem sobre a fragilidade dos ecossistemas locais.
O parque abriga um dos últimos trechos de Mata Atlântica no sul da Bahia, e sua preservação é crucial tanto por seu valor histórico quanto para garantir o sustento e o futuro das gerações vindouras.
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