Rota dos Engenhos e Maracatus em Pernambuco

Rota dos Engenhos e Maracatus em Pernambuco, levam os visitantes por um passeio pela região rural da Zona da Mata Norte de Pernambuco, região tomada por  engenhos e maracatus.

Viajar pela Rota dos Engenhos e Maracatus na Zona da Mata de Pernambuco é voltar às origens do Estado e deparar-se com o charme da tradição.

Nos antigos engenhos, casa-grande e senzala hoje abrigam charmosas pousadas. Capelas, igrejas centenárias, cavalgadas, banhos de água corrente. Entre peças sacras e mobiliário antigo, o deleite da vida no campo.

Como se sabe, o açúcar é um protagonista da História de Pernambuco; e a mão-de-obra que movia os engenhos era negra; e uma das principais manifestações culturais do negro de Pernambuco era o maracatu, um evento no qual se coroavam os reis da comunidade.

Não é surpresa, portanto, que engenhos e maracatus estejam tão entrelaçados; e não é surpresa tampouco que tenham se tornado elementos formadores de um importante roteiro turístico de Pernambuco.

Embora o cultivo do açúcar tenha se estendido por todo o litoral do Estado, foi nas cidades da Zona da Mata Norte (o trecho próximo ao litoral compreendido entre a capital Recife e a divisa com a Paraíba) que os grupos de maracatu tornaram-se mais populares, por isso é nessa região que se percorre a Rota dos Engenhos e Maracatus.

Uma placa na entrada da cidade informa que, Vicência, a 90 km do Recife, se autodeclara “a terra dos engenhos”.

Rota dos Engenhos em Pernambuco
Rota dos Engenhos e Maracatus em Pernambuco

Características da Zona da Mata de Pernambuco

A Zona da Mata é uma região geográfica e cultural localizada no estado de Pernambuco, no Brasil. Este nome é utilizado para descrever uma área específica da parte leste do estado, que abrange uma faixa de terra entre a Zona da Mata e o Agreste.

Geografia e Clima

  • Localização: A Zona da Mata se estende ao longo da costa atlântica do estado de Pernambuco, indo desde o litoral até o início da região do Agreste.
  • Clima: O clima é tropical úmido, caracterizado por altas temperaturas e precipitações regulares ao longo do ano. A região apresenta uma vegetação densa, com áreas de mata atlântica e plantações de cana-de-açúcar.

Veja o mapa de Pernambuco

O que é Maracatu?

O Maracatu é uma manifestação cultural afro-brasileira que combina música, dança e desfile, e é particularmente associada à cidade de Recife e à região de Pernambuco. É uma forma de celebração vibrante e tradicional que tem suas raízes na época colonial e é fortemente influenciada pelas culturas africanas trazidas pelos escravizados.

1. História e Origem

  • Origem: O Maracatu tem origens no período colonial, quando as tradições africanas começaram a se mesclar com as culturas europeias e indígenas no Brasil. Ele reflete a herança cultural dos africanos escravizados, especialmente daqueles que vieram da região do Congo e de Angola.
  • Desenvolvimento: Inicialmente praticado nas zonas rurais, o Maracatu evoluiu ao longo dos anos e se tornou uma forma de expressão cultural popular também em áreas urbanas, especialmente no Recife e em Olinda.

2. Tipos de Maracatu

2.1. Maracatu de Baque Virado
  • Descrição: É o estilo mais conhecido e associado com o Carnaval urbano. Caracteriza-se por uma estrutura de desfile mais elaborada e uma apresentação mais formal.
  • Características: Inclui grandes orquestras de percussão, dançarinos com trajes extravagantes, e uma realeza simbólica (como o Rei e a Rainha do Maracatu).
2.2. Maracatu Rural
  • Descrição: Também conhecido como Maracatu de São Benedito, é praticado principalmente em áreas rurais e pequenas cidades.
  • Características: Menos formal que o Maracatu de Baque Virado, é caracterizado por suas apresentações vibrantes, com foco na tradição e na comunidade. Inclui figuras como os “caboclos de lança” (figurantes com lanças) e os “afoxés” (personagens dançantes). É formado por pessoas simples, principalmente trabalhadores rurais que, com as mesmas mãos que cortam cana, aram a terra e carregam peso, também bordam golas de caboclo, cortam fantasias, enfeitam guiadas, relhos e chapéus; dedicando-se ao bem mais valioso que possuem: a cultura.

3. Música e Dança

  • Música: A música do Maracatu é marcada por ritmos africanos e brasileiros, com uma forte ênfase em percussão. Instrumentos típicos incluem o alfaia (tambor), o gonguê (sino), e a caixa (tambor pequeno). Os ritmos são intensos e hipnóticos, acompanhados por cantos e coros.
  • Dança: As danças são enérgicas e muitas vezes acompanham o ritmo dos tambores. As coreografias podem variar entre as diferentes formas de Maracatu, mas frequentemente incluem passos sincronizados e movimentos dramáticos.

4. Tradições e Figuração

  • Realeza: No Maracatu de Baque Virado, a presença de figuras de realeza, como o Rei e a Rainha do Maracatu, é um elemento central. Eles são acompanhados por uma corte, que inclui o “Porta-Estandarte” e o “Cabeleireiro”, entre outros.
  • Figuras Folclóricas: No Maracatu Rural, figuras como os “caboclos de lança” e os “afoxés” são comuns. Estas figuras desempenham papéis simbólicos e cerimoniais durante as apresentações.

5. Eventos e Festividades

  • Carnaval: O Maracatu é especialmente associado ao Carnaval, um dos maiores eventos culturais do Brasil. Durante o Carnaval, grupos de Maracatu desfilam pelas ruas, participando de competições e festas.
  • Festividades Locais: Além do Carnaval, o Maracatu também é celebrado em outras festas e eventos ao longo do ano, refletindo sua importância na cultura local e regional.

Rota dos Engenhos e Maracatus abrange os municípios

  1. Paudalho
  2. Carpina
  3. Tracunhaém
  4. Nazaré da Mata
  5. Vicência
  6. Lagoa do Carro
Mapa rota dos engenhos e maracatus em Pernambuco
Mapa rota dos engenhos e maracatus em Pernambuco

1. Rota do Maracatu na Zona da Mata de Pernambuco

O Maracatu é uma manifestação cultural rica e vibrante originária de Pernambuco, com profundas raízes na cultura afro-brasileira. Na Zona da Mata de Pernambuco, o Maracatu é uma parte importante da herança cultural local, refletindo a influência histórica e cultural da região.

1.1. Zona da Mata Sul PE

  • Cidade de São Benedito do Sul e outros municípios da Mata Sul, o Maracatu Rural é praticado e celebrado em festivais locais. A tradição é mantida viva por grupos e comunidades que realizam desfiles e apresentações. O Carnaval é um dos momentos mais importantes para as celebrações de Maracatu, com desfiles e apresentações em várias cidades da Mata Sul.

1.2. Zona da Mata Norte PE

  • Cidade de Carpina e outras cidades da Zona da Mata Norte também têm uma forte tradição de Maracatu, com eventos que frequentemente apresentam o Maracatu Rural. Além do Carnaval, há festas e eventos culturais durante o ano em que o Maracatu é celebrado.
  • Nazaré da Mata é conhecida por sua rica tradição cultural e sua prática de Maracatu, especialmente o Maracatu Rural. O município realiza eventos culturais que destacam a dança e a música do Maracatu, preservando e promovendo essa tradição.

2. Rota dos Engenhos na Zona da Mata Norte PE

Um engenho é uma unidade de produção agroindustrial histórica típica das colônias de exploração portuguesa e espanhola, especialmente no Brasil. Originalmente, esses engenhos eram focados na produção de açúcar a partir da cana-de-açúcar e desempenharam um papel crucial na economia colonial, especialmente durante os séculos XVI a XVIII.

Aqui estão alguns dos engenhos mais bem preservados na região.

1. Vicência é a terra dos engenhos

1. Engenho Jundiá

A propriedade surgiu no ano de 1750, e o engenho, em 1817. A capela de Nossa Senhora da Conceição é de 1905, e na década de 1930 foi parcialmente destruída por um raio e precisou ser reconstruída.

A casa de purgar preserva a arquitetura original, além dos equipamentos para a fabricação do açúcar.

Na entrada da propriedade existe um pé de Sapucaia (árvore nativa da Mata Atlântica) que tem entre 350 a 400 anos, de acordo com o proprietário do Engenho.

Você vai notá-la também em algumas fotos antigas da família que fazem parte da decoração da Casa Grande.

O engenho Jundiá tem um museu com mais de 120 anos de história através de registros de fotos, móveis e objetos que se encontram na casa-grande. Apresenta em seu conjunto arquitetônico: capela, moita e casa de purgar.

O Jundiá oferece diversas atividades de ecoturismo e aventura, como caminhadas e até voo-livre e parapente.

A visita guiada à casa-grande do século 19, ao antigo engenho e casa de purgar, proporciona uma explicação sobre o ciclo da cana-de-açúcar no Estado há 400 anos.

Trilhas pela mata, com caminhada por riachos e banho em bica são outras atrações do Jundiá.

2. Engenho Água Doce

A Cachaça Engenho Água Doce é produzida no município de Vicência, às margens da PE 74, Km 10 – Zona da Mata Norte de Pernambuco, distante 87 km de Recife. Seus produtores são membros da Família Andrade Lima, dona do local.

O engenho adquirido a mais de um século pela família era produtor de açúcar bruto, rapadura, mel de engenho e cachaça. Até 1958 as moendas estiveram em atividade, até que por motivos financeiros o negócio parou.

Em 2003 reiniciaram a produção de cachaça artesanal, procurando desenvolver um produto com a tradição da família Andrade Lima e com o princípio da qualidade.

Toda a produção obedece a critérios de qualidade. Em 2006 iniciaram a produção de licores, utilizando a cachaça e frutas tropicais, produzidas no próprio engenho e região.

3. Engenho Iguape

O Engenho Iguape, situado no município de Vicência, Mata Norte de Pernambuco, nasceu de terras cedidas do Engenho Poço Comprido. O seu fundador foi o Bel. Antônio Flávio Pessoa Guerra, que, em 1884, construiu a sua “moita” (local onde se moía a cana-de-açúcar para fabricação do açúcar bruto e aguardente).

Tempos depois, com o apurado da sua produção, ele finalmente construiu o restante da sede do engenho e a casa grande, moradia dos seus familiares.

A construção é do século XIX, porém, as acomodações obedecem aos padrões do turismo rural ecologicamente correto, destacando-se os alpendres, onde se pode deitar em redes para uma boa leitura, ouvir um bom disco de vinil e em noites, principalmente de lua cheia, provar um saboroso vinho.

O Iguape é um dos poucos engenhos da época do apogeu do ciclo do açúcar em Pernambuco o seu proprietário atual é o vereador Josenildo Amorim, e continua com muita dedicação, em preservar a sua originalidade, a sede do engenho Iguape é considerada pelo município de Vicência área de preservação ambiental e cultural, fazendo parte de todas as rotas do turismo rural do estado, sendo elas: Consórcio Engenhos do Norte, rota dos Engenhos e maracatus e Civilização do Açúcar.

4. Engenho Poço Comprido

O museu integra as edificações casa-grande, capela e moita do engenho de açúcar, Engenho Poço Comprido, único remanescente do século XVIII em Pernambuco, com tombamento federal, pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN; recebe visitantes mediante pré agendamento, diariamente, nos horários entre 9h e 16h.

O Engenho Poço Comprido, tombado como museu arquitetônico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional há quase 50 anos – e recentemente candidato a uma das 7 maravilhas de Pernambuco.

O engenho é hoje propriedade de uma usina local (Usina Laranjeiras), e é administrado em regime de comodato pela Associação dos Filhos e Amigos de Vicência (Afav).

Lá, num centro cultural, a comunidade confecciona bolsas, sandálias e carteiras de palha de bananeira; também produz colares com sementes colhidas na mata.

Foi no Poço Comprido que Frei Caneca reuniu alguns seguidores para o levante da Confederação do Equador. A casa-grande lembra um chalé e é conjugada com a capela (é o único engenho remanescente que preserva essa junção); a casa tem um estilo de construção chamado nortenha, caraterístico do norte de Portugal, que combina madeira com alvenaria.

A capela possui imagens barrocas e um púlpito semelhante ao de algumas igrejas antigas de Recife e Olinda; há também um cemitério onde foram enterrados familiares.

Este conjunto foi restaurado em 2002 e abriga um museu do engenho, ideal para o turismo pedagógico.

Durante 1h30min, o visitante dispõe de informações sobre a cultura do açúcar, a história do Engenho Poço Comprido e suas edificações oitocentista, partes integrantes de um engenho de açúcar, e, exibição de filmes de curta metragem.

No local há serviços de “almoço de engenho” para grupos a partir de 40 pessoas com pré-agendamento. Integra: o Casarão ligado à Capela São João Batista, a Moita (fábrica) e o Auditório Frei Caneca, onde acontece eventos de fomento e formação sobre a cultura popular e educação patrimonial.

2. Nazaré da Mata – PE

1. Engenho Bonito

A Capela de São Francisco Xavier, em Nazaré da Mata-PE, foi tombada por sua importância cultural.

O complexo do Engenho Bonito situa‐se a 7 km da sede do município de Nazaré da Mata. Seu primeiro templo foi construído pelos jesuítas em 1606, tendo restado dessas obras apenas os alicerces laterais, aproveitados para a construção da nova capela, concluída em 1747.

Atualmente, este edifício compõe o espaço edificado do engenho, juntamente com a casa‐grande, ocupando uma área de topografia acidentada. Dedicada a São Francisco Xavier, a capela do Engenho Bonito está localizada no alto de uma colina, numa região afastada das demais construções.

É notoriamente um exemplar remanescente da arquitetura religiosa rural do século XVIII, apesar de sua composição volumétrica denunciar aspectos de uma construção mais antiga, com características da arquitetura jesuítica.

No ano de 1759, a capela foi reformada, recebendo decoração com traços barrocos.

O forro da capela‐mor é abobadado, as janelas das galerias com sanefas e guarda‐corpos em talha dourada. Em uma outra intervenção ocorrida em 1862­, foi acrescentada a pintura do forro do coro e da nave, sendo o desta última em madeira com pintura policromada, assim como o da sacristia.

Sua imaginária é composta por figuras de natureza múltipla, com figuras humanas, da fauna e da flora.

A linguagem arquitetônica e decorativa da capela, que remonta ao estilo D. João V (especialmente os ornatos do arco‐cruzeiro, do púlpito e do altar‐mor), é um exemplar único da Zona da Mata pernambucana, sendo reconhecida como monumento pelo IPHAN desde 1949.

2. Engenho Ventura

Representa uma parte da história da cana-de-açúcar de Pernambuco. Sua casa-grande retrata a arquitetura do final do século 19. Hoje, a sua estrutura é composta por: albergue rural, auditório, campo de futebol e açude para pesca.

3. Engenho Santa Fé

O Engenho Santa Fé, construído em 1942, transformou-se em uma pousada engenho.

Os turistas podem se hospedar no casarão ou em alojamentos, e o local tem tudo o que é comum no turismo rural (café da manhã regional, passeios a cavalo, etc.).

4. Engenho Cueirinha

A oito quilômetros de Nazaré, o Engenho Cueirinha é uma opção ainda mais rural. A proprietária Nara Maranhão faz questão de receber os visitantes e integrá-los à rotina do campo; oferece passeios a cavalo e de charrete, trilhas na mata, banho de bica, pesca em lagoa, ordenha de vaca.

A casa grande é de 1933, com ampla varanda, móveis antigos e decoração assinada por Dom Pedro II.

Os hóspedes podem se hospedar em um dos quartos da casa ou em um dos chalés localizados no meio de uma serra.

5. Engenho Cumbe

A cinco quilômetros de Nazaré da Mata está o Engenho Cumbe, sede do Maracatu Cambinda Brasileira.

Fundada em 1918, a Cambinda tem 91 anos e é a mais antiga de Pernambuco; atualmente, conta com 180 integrantes e, através de recursos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), tem ministrado oficinas de bordado de gola de maracatu na própria comunidade.

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