
Uma das formas adotadas pela Secretaria de Turismo de Pernambuco para alavancar o turismo no Estado é a criação de Rotas, caminhos que podem ser percorridos por turistas ligando cidades e locais com características comuns.
A mais nova dessas rotas (que já chegam a doze) é a Rota dos Engenhos e Maracatus em Pernambuco, que se propõe a levar os visitantes por um passeio pela região rural da Zona da Mata Norte do Estado, região tomada por, adivinhem: engenhos e maracatus; a rota abrange os municípios de Paudalho, Carpina, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Vicência, Lagoa do Carro e Itambé.
Viajar pela Rota dos Engenhos e Maracatus na Zona da Mata de Pernambuco é voltar às origens do Estado e deparar-se com o charme da tradição.
Nos antigos engenhos, casa-grande e senzala hoje abrigam charmosas pousadas. Capelas, igrejas centenárias, cavalgadas, banhos de água corrente. Entre peças sacras e mobiliário antigo, o deleite da vida no campo.
Como se sabe, o açúcar é um protagonista da História de Pernambuco; e a mão-de-obra que movia os engenhos era negra; e uma das principais manifestações culturais do negro de Pernambuco era o maracatu, um evento no qual se coroavam os reis da comunidade.

Não é surpresa, portanto, que engenhos e maracatus estejam tão entrelaçados; e não é surpresa tampouco que tenham se tornado elementos formadores de um importante roteiro turístico de Pernambuco.
Embora o cultivo do açúcar tenha se estendido por todo o litoral do Estado, foi nas cidades da Zona da Mata Norte (o trecho próximo ao litoral compreendido entre a capital Recife e a divisa com a Paraíba) que os grupos de maracatu tornaram-se mais populares, por isso é nessa região que se percorre a Rota dos Engenhos e Maracatus.
Uma placa na entrada da cidade informa que, Vicência, a 90 km do Recife, se autodeclara “a terra dos engenhos”.
Após uma estrada de barro, por entre canaviais, chega-se ao Engenho Jundiá; nele, o herdeiro da propriedade, João Antônio Correia de Oliveira Andrade, faz questão de levar os visitantes por um passeio que bem vale por uma aula de História, contado por quem a viveu: ele testemunhou a moenda triturando a cana-de-açúcar até seus 18 anos, quando o engenho encerrou as atividades.
Com o apoio da esposa, João procura preservar todo o conjunto da propriedade, mas conta que não é fácil nem barato; trata-se de uma questão de reverência à memória da família e de apego ao seu passado.
Maracatu Rural é uma manifestação cultural da música folclórica pernambucana no qual figuram os conhecidos caboclos de lança.
É conhecido também por Maracatu de Baque Solto. Distingue-se do Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado, em organização, personagens e ritmo.
O Maracatu Rural significa para seus integrantes algo a mais que uma brincadeira: é uma herança secular, motivo de muito orgulho e admiração.
É formado por pessoas simples, principalmente por trabalhadores rurais que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra e carregam peso, também bordam golas de caboclo, cortam fantasias, enfeitam guiadas, relhos e chapéus; dedicando-se ao bem mais valioso que possuem: a cultura.
Logo na entrada da casa-grande, duas relíquias estão emolduradas e penduradas na parede: são indulgências concedidas pelos frades capuchinhos, no início do século 20. Já do século 19 permanece a mobília da sala de estar, confeccionada em 1888. Por todo o espaço, há quadros que retratam a árvore genealógica do herdeiro.
Na moita do engenho, lugar onde era moída a cana, há um minimuseu com objetos utilizados na época. Tudo isso pode ser visitado, sendo necessário combinar com antecedência.

Ainda em Vicência, vale ir ao Engenho Poço Comprido, tombado como museu arquitetônico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional há quase cinquenta anos – e recentemente candidato a uma das 7 maravilhas de Pernambuco.
O engenho é hoje propriedade de uma usina local (Usina Laranjeiras), e é administrada em comodato pela Associação dos Filhos e Amigos de Vicência (Afav).
Lá, em um centro cultural, a comunidade confecciona bolsas, sandálias e carteiras feitas com a palha da bananeira; também produzem colares com sementes colhidas na mata. A visitação custa R$ 4, e também é necessário prévio agendamento.
Foi no Poço Comprido onde Frei Caneca arregimentou alguns seguidores para o levante da Confederação do Equador. A casa-grande lembra um chalé e é conjugada à capela (é o único engenho remanescente que conserva essa junção); a casa tem um estilo de construção chamado de nortenha, característico do norte de Portugal, que combina madeira com alvenaria.
Já a capela possui imagens no estilo barroco e um púlpito semelhante ao de algumas igrejas antigas do Recife e Olinda; há também um cemitério onde eram enterrados os membros da família.
Esse conjunto foi restaurado em 2002 e abriga um museu sobre engenho, ideal para o turismo pedagógico.
Em Nazaré da Mata, o Engenho Santa Fé, construído em 1942, tornou-se uma pousada engenho.
O turista pode ficar acomodado na casa-grande ou em alojamentos; e o local dispõe de tudo aquilo que é comum ver em turismo rural (café da manhã regional, passeios a cavalo, etc). Diárias entre R$ 60 e R$ 80 (sábado para o domingo), com café da manhã incluso e refeições à parte no restaurante.
A oito quilômetros de Nazaré, o Engenho Cueirinha é uma opção ainda mais rural. A proprietária Nara Maranhão faz questão de receber os visitantes e integrá-los à rotina do campo; ela oferece passeios a cavalo e de charrete, trilha na mata, banho de bica, pesca em açude, ordenha de vaca.
A casa-grande é de 1933, com ampla varanda, mobília antiga e uma condecoração assinada por Dom Pedro II.
O hóspede pode ficar acomodado num dos quartos da casa ou então num dos chalés situados no meio de uma serra.
A hospedagem fica por R$ 130, por pessoa, com pensão completa, incluindo uma mesa com diversos doces, à vontade do visitante.
Vindo a Nazaré, não se pode deixar de conhecer o maracatu; Nazaré da Mata é a terra do maracatu de baque solto, ou maracatu rural. Já na entrada da cidade veem-se esculturas de caboclos, representando os 20 grupos de maracatus existentes em Nazaré, que também abriga o Centro Cultural Mauro Mota, com exposições e produtos dos grupos de maracatu.
A cinco quilômetros de Nazaré da Mata fica o Engenho Cumbe, sede do Maracatu Cambinda Brasileira.
Fundado em 1918, o Cambinda tem 91 anos e é o mais antigo de Pernambuco; atualmente, conta com 180 integrantes e, por meio de recursos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), tem ministrado oficinas de bordado de gola de maracatu na própria comunidade.
Mais informações:
Engenho Jundiá: (81) 9982-6111
Engenho Poço Comprido: (81) 9916-9612
Engenho Santa Fé: (81) 3633-1254
Engenho Cueirinha: (81) 9948-1586
Guia de turismo e viagem nos engenhos de Açúcar de Pernambuco na zona da mata norte
Rota dos Engenhos e Maracatus em Pernambuco