O Cariri, no Sul do Estado do Ceará, é uma região marcada pela rica herança cultural, herdeira das tradições de povos indígenas que ali habitaram, sobretudo os índios Kariris.
Com a miscigenação de vários povos (indígenas, europeus e africanos) e o isolamento relativo do Cariri em relação a grandes cidades brasileiras, criou-se uma identidade cultural distinta, com danças e canções folclóricas típicas e expressões religiosas e artísticas peculiares.
O Cariri se tornou conhecido como um ‘caldeirão cultural’ que mantém vivas as tradições de seus ancestrais”, descreve a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Além disso, a região do Cariri conserva um dos maiores depósitos de fósseis do Cretáceo Inferior (entre 90 e 150 milhões de anos atrás) no Brasil e no mundo.
Por esse motivo, a Unesco escolheu Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri para abrigar o Geoparque Araripe, evidenciando a importância da região para a história da humanidade.
O Cariri ainda abriga o município de Assaré, onde nasceu e viveu o poeta Patativa do Assaré.
Nós preparamos um itinerário que percorre seis municípios da região Sul do Estado do Ceará.
Turismo cultural, ecológico, de aventura e religioso. Não faltam atrativos na região do Cariri, no Sul do Estado do Ceará.
Aos pés da Chapada do Araripe, além das belezas naturais, o chamado “oásis no meio do sertão”, as cidades trazem as memórias de revoluções, marcas do coronelismo, os traços de manifestações populares e a fé.
Por isso, traçar um roteiro que contemple tanta riqueza é um desafio.
Sempre ficará alguma coisa de fora. Mesmo assim, com ajuda do guia de turismo, preparamos o seu itinerário de três dias.
O Ministério do Turismo definiu um passeio que contempla seis municípios da Região Metropolitana do Cariri.
Roteiro Turístico na Região do Cariri
PRIMEIRO DIA
Missão Velha – Cachoeira de Missão Velha – Geossítio Floresta Petrificada
Pela manhã, o turista pode conhecer Missão Velha, que fica a meia hora de Juazeiro do Norte.
Lá, surgiu o primeiro aldeamento do Cariri, no início do século XVIII, quando missionários jesuítas se agruparam no Sítio Cachoeira, que seria a célula-mãe do Município.
Em Missão Velha, a primeira recomendação é conhecer o geossítio Floresta Petrificada, que fica no Sítio Olho D’água Comprido, a 6 km da sede do Município.
O local possui troncos fósseis com aproximadamente 145 milhões de anos, que tem um valor incalculável, principalmente para o estudo da paleobotânica e da evolução geológica.
De lá, o visitante segue até o outro geossítio, a Cachoeira de Missão Velha, cartão-postal do Município, distante 11 km da Floresta Petrificada.
Formada pelo Rio Salgado, o lugar é encantador e conta com três quedas-d’água com aproximadamente 12 metros de altura.
Além da beleza, há aspectos geológicos importantes como a sua rocha sedimentar de arenito da formação Cariri, com aproximadamente 420 milhões de anos.
A estrutura também preserva icnofósseis, que são vestígios da atividade vital de antigos organismos, neste caso, invertebrados aquáticos.
Além disso, a Cachoeira de Missão Velha traz diversas lendas e histórias.
Alguns pesquisadores acreditam que o lugar serviu de cerimônia para os povos indígenas.
O turista também tem acesso a uma trilha com 1,9 km, de nível moderado, que leva até a uma casa de pedra, no Sítio Emboscada.
Estima-se que este imóvel, construído no século XVIII, seja um dos primeiros erguidos no Cariri.
Antes de ir para a próxima cidade, o visitante pode dar uma volta pelo Centro e observar alguns casarões antigos bem preservados.
Após almoçar e descansar, a próxima rota é Barbalha, que fica a 22 quilômetros de Missão Velha.
Conhecida como a terra dos Verdes Canaviais, o município é notabilizado pela maior festa em homenagem a Santo Antônio do mundo, o Pau da Bandeira.
Lá, além das ruínas dos engenhos que tornaram a economia açucareira importante no Cariri, o Centro Histórico é o que possui os casarões mais bem preservados da região.
Outro aspecto importante são as riquezas naturais. O Município conta com diversas trilhas e balneários no sopé da Chapada do Araripe.
Dentro do território do Geopark Araripe, Barbalha também possui seu geossítio, o Riacho do Meio, a 7,6 quilômetros do Centro da cidade.
Unidade de Conservação, o lugar possui trilhas, nascentes e é um dos refúgios do soldadinho-do-araripe, ave endêmica da região.
SEGUNDO DIA
Colina do Horto – Geossítio Batateiras
Logo cedo, o visitante pode conhecer a Colina do Horto, em Juazeiro do Norte, onde está localizada a estátua do Padre Cícero.
No cartão-postal do município, ainda há o Museu Vivo dedicado ao fundador da cidade, incluindo itens pessoais que pertenceram ao pároco e incontáveis ex-votos, esculturas de madeira para quem pagou promessa.
A alguns metros dali, ainda está erguido o muro da Guerra de 1914, quando os romeiros, em apoio ao sacerdote, derrotaram as forças estaduais e depuseram o governador Franco Rabelo. Ainda no Horto, há uma trilha até o lendário Santo Sepulcro, que possui uma vista deslumbrante.
À tarde, o Crato é o ponto de parada.
Além de um incontável número de trilhas, a “Princesa do Cariri” tem diversos balneários no sopé da Chapada do Araripe. “Se quiser, pode passar o dia todo fazendo trilha”, brinca o guia.
Um lugar ideal para isso é o geossítio Batateiras, que está dentro do Parque Estadual Sítio Fundão. Com cerca de 93 hectares, a unidade de conservação detém as ruínas de um antigo engenho ainda movido a tração animal. Além disso, dispõe de uma rara casa de andar feita toda de taipa. Lá, é cortado pelo Rio Batateiras.
Outro lugar de visitação que atrai os banhistas é a Cascata do Lameiro, também formada pelo Rio Batateiras. Uma queda d’água de oito metros de altura, com uma área de 2,5 metros de profundidade, é ideal para quem quer relaxar. Aberto ao público e próximo do Centro da cidade, atrai muitas pessoas nos fins de semana.
TERCEIRO DIA
Geossítio Ponte de Pedra – Fundação Casa Grande – Pedra Kariri – Parque dos Pterossauros – Pontal da Santa Cruz
Indicamos conhecer dois municípios do chamado “Cariri Oeste”.
O primeiro é Nova Olinda.
Antes mesmo de chegar na cidade, na CE-292, está o geossítio Ponte de Pedra.
Com bela vista do vale, é representado por uma formação rochosa natural que lembra uma ponte. Acredita-se que a estrutura tenha 96 milhões de anos.
Já no Centro de Nova Olinda, está a Fundação Casa Grande – Memorial Homem Kariri, que funciona como um centro arqueológico da região.
Além do trabalho fantástico com crianças do município, o prédio reúne em seu acervo diversos artefatos indígenas.
Próximo a ele fica o Museu de Couro do artesão Espedito Seleiro, vizinho a seu ateliê. Suas peças como bolsas, chinelos, carteiras são requisitadas no Brasil e no mundo.
A última parada é Santana do Cariri, onde estão três geossítios: Pedra Kariri, Parque dos Pterossauros e Pontal da Santa Cruz.
Dentro da cidade, também está o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que conta com importante acervo de fósseis e réplicas de dinossauros que viveram no Cariri há milhões de anos.
Em Santana do Cariri, está localizado o geossítio Pedra Kariri.
No Pontal da Santa Cruz, que oferta excelente almoço, o turista tem uma vista panorâmica do Cariri e pode conferir o pôr do sol que está entre os mais bonitos do Ceará.
Se ainda quiser se aventurar um pouco mais, tem a trilha para o Vale dos Buritis ou Vale dos Azedos, com 5,6 quilômetros de extensão.
Lá, há um mirante para o vale de Santana do Cariri e, descendo a encosta, encontra um ponto ideal para o banho.
O Parque dos Pterossauros, em Santana do Cariri, contém muitos fósseis.
Se quiser estender a estada, ainda pode conhecer outros municípios como Altaneira, que oferece trilhas e até rapel, Assaré, terra de Patativa do Assaré, que respira cultura e mantém memorial sobre o poeta, Milagres e Mauriti, que possuem importantes sítios arqueológicos, Porteiras e Jardim, pelos seus mirantes e levadas de água.
Guia de Turismo e Viagem do Ceará e Nordeste