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Construções modernas mesclam-se a relíquias coloniais em São João del- Rei, cuja história inicia-se no fim do século XVII.
Em 1713, o arraial fundado por bandeirantes às margens do rio das Mortes foi elevado à condição de vila com o nome atual, em homenagem ao rei de Portugal, dom João V.

A cidade prosperou graças à mineração e, ao contrário das demais, sobreviveu ao seu declínio, voltando-se para a agricultura, a pecuária e o comércio.
O preço do crescimento econômico foi a perda de parte de suas construções coloniais.
Hoje, São João del-Rei é uma cidade movimentada e ativa.
O barroco está presente nas igrejas e construções do centro histórico, que pode ser percorrido a pé.
Arquitetura barroca que remete ao estilo colonial da época da exploração do ouro no estado, no século XVIII, São João del-Rei é uma cidade que exala arte, cultura e história.
História de São João del-Rei
Em busca de esmeraldas, a bandeira de Fernão Dias Pais Leme foi, no ano de 1674, forçada a passar a estação chuvosa na Serra Negra, onde fundou o primitivo arraial das Minas Gerais – Ibituruna, distante doze léguas da atual cidade de São João Del Rei, a cujo município pertenceu até 1922.
Os cascalhos auríferos da bacia do rio das Mortes, que “assoalhavam o caminho trilhado pelos bandeirantes”, denunciaram os grandes depósitos de ouro da região. Os primeiros povoadores de São João Del Rei foram os paulistas.
Em fins do século XVII, Tomé Portes Del Rei, procedente de Taubaté, fixou-se às margens do rio da Mortes, localidade a que chamavam, por ser passagem de todas as embarcações, do “Porto Real , e teve início o primeiro arraial. Em 1702, porém, falecia Tomé Portes Del Rei, a quem, desde 1701, havia sido conferido o direito de cobrança de passagem no rio das Mortes.
Sucedeu-o seu genro Antônio Garcia da Cunha.
Até 1703, a importância do povoado decorria de sua situação como ponto de ligação com os Sertões do Caeté e a região das minas do Carmo, Ouro Preto e Sabará. De 1703 a 1704, o português Manuel João de Barcelos descobriu, nas fraldas dos montes, ricas manchas de ouro e os paulistas Pedro do Rosário e Lourenço da Costa iniciaram ali os trabalhos de faiscação.
Forasteiros e aventureiros começaram a afluir para o local.
E nas encostas das serras, atualmente denominado Morro da Forca, erigiram os paulistas a primeira igreja, consagrada à Nossa Senhora do Pilar. Assim, por sua posição geográfica e pela sua riqueza aurífera, surgiu o arraial do Rio das Mortes.
Na guerra entre os paulistas e emboabas, ainda no início do século XVIII, foi o arraial do Rio das Mortes fortemente abalado com a morte e o afastamento dos paulistas, aos quais foram usurpadas as minas.
Apesar dessas lutas e disputas, a povoação continuou a prosperar.
Em 8 de julho de 1713, foi criada a vila, que recebeu, em homenagem a D. João V e Tomé Portes Del Rei, o nome de São João Del Rei.
Atrações Turísticas de São João del-Rei MG
1. Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar
Em sua pia foram batizados Bárbara Heliodora e Tancredo Neves.
Construída em 1721 cm substituição a uma capela incendiada durante a Guerra dos Emboabas, passou por um processo de ampliação no começo do século XIX, quando sua fachada foi reformada, ganhando linhas neoclássicas.
A opulência barroca é visível na grandiosa talha dourada de seus seis altares, profusamente trabalhados; no primeiro altar da direita, por exemplo, há uma imagem de São Miguel enfeitada por diamantes e esmeraldas; na imagem da padroeira foram usados mais de duzentos quilos de ouro. Rua Getúlio Vargas, Centro.
2. Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Edificada entre 1708 e 1709.
Sofreu várias remodelações, incluindo a construção de uma segunda torre sineira, em 1936.
Seus principais atrativos são a imagem da padroeira, num trono ricamente trabalhado, a talha do arco-cruzeiro e o retábulo do altar- mor.
As imagens foram esculpidas pelo mestre do Cajuru – nome atribuído por pesquisadores a um artista setecentista de identidade desconhecida que atuou na região.
Praça Embaixador Gastão da Cunha (Largo do Rosário), s/n.
3. Igreja de Nossa Senhora do Carmo
O que mais se destaca nesta igreja construída entre 1732 e 1785 são suas torres oitavadas.
Os altares são pintados de branco; a decoração elegante, sem excessos, é típica da segunda fase do barroco.
O rico trabalho em pedra-sabão da fachada, representando Nossa Senhora cercada por querubins, é do século XIX. Largo do Carmo, s/n.
4. Igreja de Nossa Senhora das Mercês
Em 1853, uma reforma alterou a fachada e a planta da antiga capela, erguida na primeira metade do século XVIII e pertencente à Irmandade das Mercês, constituída pelos chamados “pardos”.
Com uma torre lateral um pouco afastada do corpo da construção, a igreja tem linhas elegantes e sóbrias.
Repare nos soberbos bancos de jacarandá e couro da capela-mor. Alto das Mercês, s/n.
5. Igreja de São Francisco de Assis
A distância, pode-se divisar o grandioso conjunto de palmeiras-imperiais que emoldura esta igreja em
que predomina o estilo rococó e que constitui um dos mais importantes monumentos religiosos do país.
A construção arredondada foi iniciada em 1774, segundo projeto original de Aleijadinho; entretanto, o mestre-de-obras Francisco de Lima Cerqueira introduziu várias modificações.
De autoria de Aleijadinho são os belíssimos entalhes de pedra da fachada, o projeto dos retábulos e a
imagem de são João Evangelista na sacristia.
Os altares laterais estão na cor natural porque o ouro já rareava quando foram terminados, e um imenso lustre de cristal Baccarat ilumina a nave. Praça. Frei Orlando, s/n, Centro.
6. Museu do Estanho
A John Somers, fábrica de objetos de estanho instalada em São João del-Rei desde os anos 1960, reúne peças utilitárias, decorativas e religiosas do Brasil e da Europa.
Fazem parte do acervo, por exemplo, objetos recolhidos de navios europeus que naufragaram na costa brasileira no século XVII. Avenida Leite de Castro, 1150, Fábricas
7. Museu Regional de São João del-Rei
Instalado num imenso solar de 1859, o museu tem um amplo acervo de móveis e objetos dos séculos XVIII e XIX.
Sobressaem as imagens de mármore que representam os continentes e uma primorosa liteira, toda decorada. Praça Severiano Resende
Fundação Presidente Tancredo Neves
Em uma casa do século XVIII foi instalado o memorial de Tancredo Neves, filho ilustre da cidade.
As nove salas recompõem sua trajetória por meio de documentos, fotos, vídeos e discursos.
Rua Padre Jose Maria Xavier, 7, Centro.
8. Museu Ferroviário
O museu está instalado na Estação da Estrada de Ferro Oeste-Minas, onde se toma a maria-fumaça para Tiradentes.
Fazem parte do acervo peças, equipamentos e fotos, além de antigos vagões e de uma coleção de onze locomotivas a vapor Baldwin. Av. Hermílio Alves, 366, Centro.
10. Passeios pela cidade
Mesclando construções antigas e novas, São João del-Rei é muito agradável, com boas surpresas que se revelam num passeio a pé.
E interessante prestar atenção na riqueza de detalhes da fachada de algumas construções coloniais no centro histórico, como
- Solar dos Neves (praça Emb. Gastão da Cunha, 98).
- Solar dos Lustosa (pça. Emb. Gastão da Cunha, 54), o Solar da Baronesa de Itaverava (rua Getúlio Vargas, 238), com sua linda sacada de ferro rendilhado.
- Casa do Barão de Itambé (pça. Barão de Itambé, 17).
- Ponte do Rosário – em 1800 foi construída a “ponte do rosário”, que tem de um lado a Igreja do Rosário e do outro o Memorial Tancredo Neves e a Igreja de São Francisco.
Também merecem ser apreciados o conjunto de casas térreas, mais modestas, como as da rua do Rosário, as capelas dos Passos da Paixão esparsas na cidade e o chafariz da Legalidade (praça do Expedicionário), único exemplar dos chafarizes de pedra tão comuns nas cidades coloniais.