História do Teatro Arthur Azevedo em São Luís do Maranhão
O Teatro Arthur Azevedo, um dos mais belos cartões-postais e importante casa de espetáculo de São Luís do Maranhão, foi construído para atender os anseios da pequena burguesia ludovicense do século XIX.
Enriquecida pela próspera produção de algodão no estado, essa classe desejava um espaço para a realização de espetáculos de arte dramática e música lírica de qualidade, em condições adequadas, semelhantes às dos principais centros culturais do mundo.
Vídeo sobre o Teatro Arthur Azevedo em São Luís do Maranhão
Teatro Arthur Azevedo em São Luís do Maranhão
1. Início da Construção
Por iniciativa de Eleutério Lopes da Silva Varela e Estêvão Gonçalves Braga, ricos comerciantes portugueses que se estabeleceram na região, o teatro, o quarto construído na cidade, começou a ser erigido em 1815 em uma das áreas mais nobres da capital maranhense, que, na época, era a quarta cidade mais importante do Brasil.
A planta original desta grandiosa casa de espetáculos previa abrir as portas do templo da arte para o nobre Largo do Carmo / Praça João Lisboa, tendo ao lado as ruas do Sol e da Paz.
Uma fachada imponente deveria mostrar toda a grandeza da obra, enquanto nos fundos situava-se a Travessa dos Sineiros.
2. Obstáculos e Controvérsias
A construção do teatro enfrentou obstáculos devido à presença da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que abrigava os padres da Ordem Carmelita.
Os religiosos alegaram ser inapropriado ter uma casa de espetáculos profanos nas proximidades, o que gerou uma contenda judicial que resultou no embargo da obra.
Para não desagradar a população, que ansiava pelo espaço, o juiz Antônio Ferreira Tezinho, também padre, permitiu a continuidade da obra, mas impôs condições que, de certa forma, desfavoreceram a suntuosidade do templo artístico.
O teatro foi então reconstruído em 1816, com sua fachada principal voltada para a Rua do Sol, perdendo a ventilação natural da cidade.
3. Características Arquitetônicas
O prédio, embora acanhado e espremido entre outras construções, era considerado um ambiente de bom gosto pelos ludovicenses. O estilo neoclássico, difundido no Brasil pela missão artística francesa trazida por D. João VI em 1816, é uma das características marcantes do teatro.
4. Inauguração e Nomeação
Foi necessário apenas um ano para que o teatro abrisse suas portas. Em 1º de julho de 1817, o Teatro União foi inaugurado, dois anos após a inclusão do Brasil ao Reino Unido de Portugal e Algarves, fato que deu origem ao nome do prédio.
Baseado no chamado teatro de plateia italiano, em formato de ferradura, a casa conta com um espaço central com excelente ângulo de visão frontal e quatro ordens de espaços verticais: frisa, camarote, balcão e galeria, além de um camarote governamental, totalizando 800 lugares.
Desde sua inauguração, o União passou por períodos de grande sucesso e crises, chegando a fechar as portas por longos períodos.
Em 1852, o teatro passou a ser chamado de Teatro São Luiz, com a vinda de uma companhia dramática de Portugal. Já em 1854, foi realizado o primeiro baile de máscaras, um evento inédito de grande repercussão na província.
5. A Vida de Apolônia Pinto
Nesse mesmo ano, no dia 21 de junho, o teatro serviu de berço para Apolônia Pinto, filha de uma atriz portuguesa que entrou em trabalho de parto durante uma apresentação.
No camarim número 1, nascia uma das grandes atrizes do teatro brasileiro, que, aos 12 anos, encantou platéias com a peça “A Cigana de Paris”.
Apolônia Pinto faleceu em novembro de 1937, aos 83 anos, e seus restos mortais estão guardados no próprio teatro, em um nicho de acesso à plateia. Ela foi homenageada com um busto em bronze e uma placa alusiva à sua trajetória cultural.
6. Mudança de Nome e Reformas
O nome definitivo, Teatro Arthur Azevedo, foi adotado na década de 1920, durante o governo de Urbano Santos, em homenagem ao ilustre teatrólogo maranhense Arthur Nabantino Gonçalves Azevedo, um dos expoentes da literatura teatral brasileira.
Durante momentos de crise, o teatro também funcionou como cinema e passou por várias restaurações que descaracterizaram alguns de seus elementos.
Na década de 1960, o governo de Newton Bello encerrou o contrato com a empresa cinematográfica Mattos Aguiar, que havia arrendado o espaço, revertendo-o ao patrimônio do Estado.
7. Reformas Recentes
Em 1969, após um longo período de reformas realizadas pelo governo de José Sarney, o Teatro Arthur Azevedo foi novamente entregue ao público, com a montagem da peça “Abraão e Sara”, encenada por artistas amadores do Maranhão. Nessa época, o teatro recebeu um famoso lustre, doado pela então primeira-dama Marly Sarney.
No governo de Edison Lobão, um grande projeto de reforma e restauração foi realizado, colocando o TAA entre os mais modernos e bem equipados do mundo.
A primeira etapa envolveu pesquisa histórica para reconstituir os detalhes originais, seguida da modernização do palco, restauração da plateia e construção de dois anexos para as partes administrativa e de serviços.
A casa foi reinaugurada no final de 1993, com várias mudanças, e a última reforma ocorreu em janeiro de 2002.
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