Arquipélago de Alcatrazes é laboratório vivo de estudos evolutivos

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O Arquipélago de Alcatrazes era um antigo alvo de tiros de canhão, Alcatrazes é laboratório vivo de estudos evolutivos.

O Arquipélago de Alcatrazes está a poucos quilômetros da costa do estado de São Paulo, um pequeno conjunto de ilhas de importância estratégica para o Brasil tem sido alvo de interesses distintos.

Arquipélago de Alcatrazes
Arquipélago de Alcatrazes

Isolados do continente há cerca de 20 mil anos, animais terrestres do Arquipélago de Alcatrazes localizado a 35 km do litoral paulista guardam segredos sobre o processo de evolução.

Localização do Arquipélago de Alcatrazes
Localização do Arquipélago de Alcatrazes

O arquipélago de Alcatrazes é formado por cinco ilhas maiores e várias pequenas ilhotas e afloramentos rochosos menores que apontam sobre o azul intenso do Atlântico.

Mapa do Arquipélago de Alcatrazes
Mapa do Arquipélago de Alcatrazes

A cerca três horas de barco do porto de São Sebastião, a maior ilha do conjunto, também conhecida por Alcatrazes, possui uma grande diversidade de plantas e animais, muitas ameaçadas de extinção e que não ocorrem em nenhum outro lugar do planeta.

Esse santuário da vida selvagem, seus animais e plantas, são estudados há décadas.

A história da ilha, sua beleza cênica, bem como a facilidade com que se observa algumas das espécies mais icônicas que habitam essa enorme montanha no mar, continuam a atrair o interesse de conservacionistas e apaixonados pela natureza, como observadores de aves, mergulhadores e biólogos de todo o mundo.

Duas espécies são especialmente abundantes por lá – a fragata-comum (Fregata magnificens), também conhecida como tesourão, e o atobá-pardo (Sula leucogaster).

Logo na chegada da ilha, e bem antes do desembarque, já é possível ver centenas de aves sobrevoando a floresta rala que que surge imponente sobre o enorme afloramento rochoso.

O desembarque é, portanto, feito sob o olhar atento das fragatas e atobás de Alcatrazes, o maior sítio de reprodução de aves insulares do Sudeste brasileiro.

Mas o arquipélago não é casa somente de aves marinhas.

Dentre os moradores, outros três merecem destaque, e foram o motivo da minha visita, acompanhado de um grupo de cientistas do Instituto Butantan, em novembro de 2020: uma serpente (Bothrops alcatraz), uma perereca (Ololygon alcatraz) e uma rã (Cycloramphus faustoi).

A serpente e a rã só foram descritas depois da virada do milênio – em 2002 e 2007, respectivamente. Por estarem restritas à Alcatrazes, uma área pequena e frágil, as três espécies estão na categoria criticamente em perigo, a mais alta da Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção.

Embora pesquisadores tenham visitado esporadicamente o arquipélago no início do século 20, essas descobertas e descrições foram resultado da intensificação das pesquisas na ilha nas décadas de 1980 e 90, mesmo período em que a ilha começou a ser bombardeada, literalmente.

Marinha do Brasil usava a Ilha de Alcatrazes como alvo em exercícios de tiro de canhão

No início da década de 1980, Alcatrazes passou a ser utilizada pela Marinha do Brasil como alvo em exercícios de tiro de canhão de embarcações.

Apesar de protestos dos ambientalistas que começavam a descobrir a biodiversidade do lugar – inflamados depois que um incêndio causado por um tiro destruiu 20 hectares da ilha em 2004 –, as práticas militares continuaram até 2016, quando foi criado o Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes.

A visitação por turistas foi aberta no fim de 2018 e é bastante controlada – o desembarque nas ilhas ainda é proibido.

Hoje, a ilha principal está protegida integralmente e os exercícios de tiro, quando ocorrem, são realizados na Sapata, uma ilha menor e não tão densamente habitada por espécies da fauna e flora.

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