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O Pantanal Matogrossense é uma planície inundável mais rica em espécies de aves do planeta e é um lugar perfeito para a observação de aves.
O Pantanal conta com cerca de 650 aves já catalogadas por pesquisadores.
Trata-se de uma diversidade ainda mais formidável porque a imensidão pantaneira é famosa por abrigar populações numerosas de uma mesma espécie.
Durante as primeiras horas do dia ou nos fins de tarde, por exemplo, não é difícil ver pousados em manduvis e em palmeiras bandos com até vinte araras-azuis – ave presente na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Brasil, elaborada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nesses horários, o que mais chama a atenção é a sinfonia composta de uma grande variedade de espécies, com destaque para os sons marcantes (graves, fortes e bem ritmados) emitidos pelo carão e pelo aracuã.
Observações de Aves no Pantanal Mato-grossense
1. Adaptação ao Ambiente
Ao longo da história evolutiva das espécies, as aves desenvolveram mecanismos biológicos e ecológicos capazes de assegurar a sobrevivência em seu ambiente natural.
Assim, animais de regiões alagadas têm necessidades diferentes dos que habitam áreas de cerrado, os quais sofreram adaptações distintas daqueles que vivem nas florestas.
O ambiente pantaneiro é influenciado pelos três grandes ecossistemas que o cercam:
- o cerrado, ao leste
- a floresta tropical, ao norte
- o chaco da Bolívia e do Paraguai, a oeste — este último marcado pela aridez
A confluência desses biomas, em conjunção com o ciclo das águas que inundam e encharcam áreas extensas para depois dar lugar a terras completamente secas, criou condições para abrigar aves bem diferentes entre si.
No Pantanal, avistam-se com facilidade tanto espécies acostumadas a locais quentes e úmidos da Amazônia, como outras habituadas a campos abertos e matas baixas do cerrado, assim como as que são comuns em áreas castigadas pela seca.
A despeito da rica diversidade de sua avifauna, a região tem apenas uma espécie endêmica: o papa-formigas-do-pantanal, ave rara, de cor cinza-escura com pequenas manchas brancas. Vive no sub-bosque e, por isso, é difícil observá-la.
2. Melhor época
O padrão de comportamento das aves varia, claro, de acordo com as espécies. Apesar disso, o melhor período para observá-las é nas primeiras horas da manhã, ao do nascer do sol, quando elas, em busca de alimento e ocupadas em marcar território, estão mais ativas.
Nos dias mais frios, as aves costumam se agitar um pouco mais tarde e são vistas sobretudo onde possam ficar expostas ao sol.
Ao final da tarde, com o sol mais fraco e a temperatura mais amena, a movimentação matinal é repetida, porém com menor intensidade.
O período de reprodução é o mais notável para a observação de pássaros. Nessa fase, eles estão naturalmente mais ativos, e os filhotes, escoltados pelos pais, ensaiam seus primeiros voos.
E o que ocorre entre julho e novembro, quando as águas estão baixas e as aves dirigem-se aos bandos às proximidades de baías (denominação local para lagoa) e corixos (canais por onde as águas das próprias baías, vazantes, brejos e campos baixos escoam para os rios).
Esse também é o principal momento de migração ou de passagem de pássaros vindos da Amazônia e das regiões mais ao norte das Américas.
Em busca da generosa oferta de alimentos na região, algumas espécies migratórias chegam para se reproduzir, outras para se hospedar durante poucos dias antes de rumar em direção ao sul do continente: um fenômeno que se repete todos os anos e que pode ser facilmente apreciado nas planícies pantaneiras.
Entre dezembro e junho, com as áreas alagadas, a observação é mais difícil, pois as aves estão mais dispersas.
3. O que levar
Em geral, as aves podem ser observadas a olho nu, sobretudo na região pantaneira, onde é comum o agrupamento de muitas delas em um só lugar. No entanto, o uso de equipamentos adequados permite identificar detalhes importantes das espécies.
Por isso, binóculos e lunetas são dois dos instrumentos mais utilizados pelos birdwatchers.
Especialistas recomendam que os binóculos não sejam escolhidos apenas por seu potencial de aumento, mas também por sua leveza e luminosidade. Binóculos muito grandes são mais difíceis de segurar com firmeza – e o tremor das mãos atrapalha o bom desenvolvimento da atividade.
Os ideais são os aparelhos menores, com aumento entre sete e dez vezes e boa entrada de luz.
Para observar os animais a distância, em especial os pássaros que têm o hábito de permanecer pousados, como os gaviões, recomendam-se lunetas com aumento entre vinte e sessenta vezes, que exigem o uso de tripé ou monopé.
Para os que já fizeram da observação de aves um hobby, os gravadores com microfones direcionais – capazes de registrar o som proveniente de um ponto específico, reduzindo ruídos do ambiente – são úteis para a identificação posterior de pios e cantos, além de servir para atrair aves (por meio da técnica do playback).
Essa prática, contudo, pode provocar irritação nos pássaros.
4. Vestuário
A prática do birdwatching no Pantanal exige cuidados especiais com o que se deve vestir.
Extremamente sensíveis a qualquer movimento não habitual ao seu ambiente, os pássaros também são capazes de perceber a distância cores muito vibrantes ou que refletem a luz solar.
Por essa razão, evite usar roupas de tons fortes (como o laranja, o vermelho, o amarelo e o azul), além do branco, cujo poder de reflexão é absoluto.
O ideal é que a vestimenta, incluindo o boné, seja camuflada ou tenha cores discretas, como o verde-musgo e suas variações, o marrom-claro e o bege – artificio que “disfarça” a silhueta humana na mata e nos campos.
Apesar do calor, não use bermudas nem camisetas do tipo regata; calças e camisas de mangas compridas são quase obrigatórias, por causa da presença de mosquitos e de outros insetos.
Como a observação de aves pode requerer muitas horas de caminhada, é igualmente recomendável que as roupas sejam leves e confortáveis – porém, não esqueça de levar um agasalho, pois costuma fazer frio na madrugada, quando em geral os passeios têm início.
No Pantanal, botas impermeáveis ajudam a vencer as áreas que permanecem alagadas mesmo durante os períodos de seca. O boné está longe de ser uma peça complementar: é indispensável.
Além de evitar queimaduras provocadas pelo sol, ele corta a sua luminosidade quando se usa o binóculo.
5. Regras de observação
A observação de pássaros exige que se atente para alguns aspectos importantes.
Mantenha uma distância dos ninhais de. no mínimo 400 metros.
Desobedecer a essa regra pode trazer sérios prejuízos à natureza: muitas espécies se sentem ameaçadas com a presença humana e podem abandonar seus ninhos, deixando ovos e filhotes. Provocar revoadas é outro risco.
Sem os pais por perto, aves jovens ficam vulneráveis aos predadores.
O uso abusivo do playback também pode perturbar os adultos em períodos de reprodução. Grupos reduzidos, de no máximo seis pessoas, conduzidas por um guia experiente, são ideais para a prática do birdwatching.
6. Profissionais e guia de campo
Algumas agências dispõem de profissionais especializados na observação de aves.
Em muitas fazendas também se pode contratar um guia local com bons conhecimentos da região e dos pássaros.
Outro auxílio imprescindível para os observadores de aves são os guias de campo — catálogos de identificação de aves, ilustrados com desenhos ou fotografias, e de tamanho pequeno, para que possam ser carregados com facilidade nas caminhadas pelas matas.
Alguns deles, como os indicados a seguir, embora não sejam fáceis de encontrar, podem ser encomendados a livreiros, pela internet ou nas editoras.
Veja as seguintes publicações sobre o pantanal
- Observação de Mamíferos e Répteis no Pantanal
- Pescar no Pantanal – Melhores lugares, iscas, modalidades e épocas
- Espécies de peixes mais encontrados no Pantanal
- Observações de Aves no Pantanal Matogrossense
- Espécies de aves mais comuns no Pantanal Matogrossense
- Flora do Pantanal Matogrossense
- Fauna do Pantanal Matogrossense
- Pantanal Matogrossense – Geografia, Clima, Solo e Rios
- História do Pantanal Matogrossense – Descoberta e Desenvolvimento Econômico
- Região do Pantanal Sul
- Região do Pantanal Norte
- Por que ir ao Pantanal Matogrossense?