História do Centro Cultural São Francisco em João Pessoa na Paraíba

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O Centro Cultural São Francisco está localizado no Centro Histórico de João Pessoa na Paraíba.

O Centro Cultural São Francisco é formado por magnífico complexo arquitetônico que inclui:

  1. Igreja de São Francisco
  2. Convento de Santo Antônio
  3. Capela da Ordem Terceira de São Francisco
  4. Capela de São Benedito
  5. Casa de Oração dos Terceiros (chamada de Capela Dourada)
  6. Claustro da Ordem Terceira
  7. uma fonte e um grande adro com um cruzeiro constituindo um dos mais notáveis legados do Barroco no Brasil.
Centro Cultural São Francisco em João Pessoa
Centro Cultural São Francisco em João Pessoa

Por inúmeras razões a cidade teve vários nomes até se firmar no atual.

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Os compêndios de história contam que, por ocasião da dominação espanhola chamou-se Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao rei da Espanha, D. Felipe II.

Já à época da invasão e conquista do território paraibano pelos holandeses, recebeu o nome de Frederickstadt (Frederica), numa homenagem ao príncipe de Orange, Frederico Henrique; bem mais tarde, no início de 1654, passou a Parahyba e depois a Parayba do Norte, denominação esta que permaneceu até 1930, quando a Capital da Paraíba se tornou João Pessoa, em homenagem ao presidente da atual Parayba do Norte assassinado em Recife.

A cidade começou a sua edificação na parte mais elevada, o que permitia maior visibilidade quando da aproximação de qualquer ataque inimigo ou qualquer navio que adentrasse o rio Sanhauá, facilitando sua defesa. A proximidade com o rio era também de grande importância para o escoamento e transporte de mercadorias.

A cidade de João Pessoa, como em boa parte do Brasil, tem uma herança cultural muito heterogênea, pois antes de ser “fundada”, pelos portugueses, ai existiam os índios que viviam na região da cidade conquistada e fundada.

As primeiras edificações localizavam-se na atual rua General Osório, então conhecida como rua Nova, onde existiram na mesma: cadeia, açougue, Casa da Câmara e as primeiras igrejas. Já nas imediações do rio Sanhauá, na parte baixa, foram construídos armazéns.

Mapa da Paraíba de 1662 - Excelente mapa do litoral brasileiro incluindo as capitanias da Paraíba e do Rio Grande. O mapa foi desenhado após pesquisas reais de Georg Markgraf, Elias Herckmanns e outros, e estava entre os primeiros mapas do Brasil baseados em dados não portugueses. O mapa é ricamente gravado com uma enorme cena de uma procissão de índios tupinambás carregando uma bandeira holandesa, parte de um engenho de açúcar e três grandes batalhas navais retratadas no mar. Adornado ainda com brasões, rosa dos ventos e cartela de título em tiras. A série de mapas das capitanias do Brasil é diferente de qualquer outro mapa dos atlas de Blaeu. Blaeu emitiu pela primeira vez este e seus mapas complementares em 1647 para Gaspar Barleus' Rerum per octennium in Brasília. Eles também foram reunidos em um grande mapa de parede, Brasília qua parte paret Belgis; os locais onde as folhas se sobrepõem são marcados por linhas tênues à esquerda. Os mapas então apareceram no Atlas Maior a partir de 1662. "Praefecturae de Paraiba, et Rio Grande", Blaeu, Johannes
Mapa do litoral brasileiro incluindo as capitanias da Paraíba e do Rio Grande. de 1662

Não foram só os portugueses que contribuíram com a herança cultural, pois existiram: os índios; os espanhóis que por um tempo a governaram; e os holandeses que permaneceram aqui durante 20 anos.

Todos eles pois, foram responsáveis pela construção do patrimônio cultural que hoje existe nessa localização do Centro Histórico a antiga cidade alta.

Muitos dos prédios edificados pelos portugueses, hoje são considerados como patrimônio histórico e cultural.

O que motivou a edificação de muitos desses prédios foi a vinda de religiosos para a cidade de Felipéia de Nossa Senhora das Neves, com a missão de catequizar os nativos.

A cidade foi fundada em 1585, tendo sido escolhida como o seu sitio inicial a colina situada à margem direita do rio Sanhauá.

Com a construção dos prédios que abrigavam os órgãos administrativos bem como das igrejas e conventos, nascia um núcleo urbano obedecendo assim a uma ação planejada estrategicamente. 

Na cidade opõem-se os bairros onde o dédalo das ruas estreitas e os becos limitam a vista – meios favoráveis à residência de grupos preocupados em preservar sua integridade e fechados à curiosidade dos outros.

Cidade Baixa e Cidade Alta eram os dois planos, marcadamente separados, em que o núcleo urbano se dividia. A primeira, ocupada pelo comércio, quase sempre de portugueses, com firmas de exportação, tanto no atacado como no varejo.

A segunda, erguida para exaltação de Deus e o exercício do poder, através de Igrejas, Mosteiros, Palácios e edificações de alto padrão, sempre em contraste com o casario miúdo que descia pelas ladeiras.

Onde edificou-se a igreja da padroeira Nossa Senhora das Neves, foram de onde saíram as ruas, a primeira descendo a encosta, assegurava a ligação com os armazéns do porto da escadaria para embarque das mercadorias, ás margens do Sanhauá, a segunda, atual General Osório, ganhou denominação de rua Nova, onde tinha a câmara, o açougue e cadeia.

Nesta mesma rua os Beneditinos levantaram seu mosteiro, os Carmelitas em seguida.

A cidade tinha um formato de cruz, seis ruas e igrejas principais, onde o convento franciscano situa-se ao norte , no ponto que no seu topo seria a igreja da misericórdia ao sul, em sua base o convento Carmelita, a leste os beneditinos e a oeste os pontos de extremidade de seus braços.

Um pouco da sua história do Centro Cultural São Francisco e a relação com a cidade de João Pessoa

A primeira comunidade religiosa a pisar em terras paraibanas foi a dos franciscanos, que vieram no intuito de catequizar os indígenas da região, atendendo a Frutuoso Barbosa, que teria pedido a frei Melchior sua contribuição, já que o mesmo teria ajudado na fundação de alguns conventos como em Olinda, Salvador e outros.

Logo após, chegou o Frei Antônio Campo Maior e mais alguns franciscanos com o objetivo de ajudar ao frei Melchior na fundação do primeiro convento da capitania.

O trabalho dos franciscanos não se ateve a um único fator, pois além da catequese com os índios eles também deram apoio aos que vieram para esta terra, vindos de Portugal, e trabalharam para construção do vasto conjunto arquitetônico que é a igreja e o convento.

Frei Antônio Maior fora o primeiro guardião do mesmo, mas só ocupou este cargo durante 2 (dois) anos, pois foi transferido para Igarassu.

Ele tratara com muito cuidado os nativos da região em catequeses e era muito bem visto por todos, tanto nativos (os índios tabajaras), quanto os colonizadores.

Ressalte-se que o mesmo foi quem procurou um local mais adequado para a construção do convento. Tanto que preferiu local próximo a área onde começara a fundação da cidade, em virtude de existir ali muita madeira, pedra calcária e água em suas fontes naturais, uma localizada no próprio convento.

A construção da igreja/convento demorou um pouco para ser iniciada, e de imediato construíram uma habitação para doze frades e funcionamento dos cultos que ficaram prontas em meados de 1591, não eram definitivas servindo apenas para dar o suporte aos franciscanos que aqui estavam.

Em 1599, a construção foi interrompida, devido a desavenças entre os franciscanos e o então governador Feliciano Coelho de Carvalho e a sua forma de lidar com os nativos.

Dessa forma: A ação dos missionários franciscanos na Paraíba foi assim, cheia de sacrifícios e incompreensões, sempre envolvida em conflitos, ora com religiosos, com políticos, mas sempre voltada ao esforço da catequese e da proteção dos mais fracos.

Quando ocorreu a invasão dos holandeses na Capitania da Parayba, estes tomaram o convento e o transformaram em quartel general e residência para o governador holandês, durou este domínio de 1634 a 1655.

Nesta época as obras ficaram paradas, voltando quando os portugueses retomaram a capitania, com muito apoio do Frei Manuel dos Martírios. Arrastouse esta construção ainda por mais 123 anos, quando em 1779 ocorreu a finalização da fachada da igreja.

A construção da Igreja só veio terminar no século XVIII, levando cerca de 200 (duzentos) anos aproximadamente até como se encontra hoje.

A reorganização do território religioso constitui uma tomada de consciência coletiva de que fatos religiosos são componentes importantes da cultura e devem ser levados em consideração como estudo da geografia.

O monumento teve várias utilizações ao longo de sua construção, pois além de convento e seminário, tinha a casa dos exercícios onde realizavam um momento de silêncio; vigília; cemitérios para pessoas ilustres serem enterradas.

Nesse local, ainda hoje é um ponto que aguça nas pessoas a curiosidade sobre a existência de uma passagem, que teria sido construída pelos holandeses, para possibilitar a fuga para Cabedelo, o que não passa de uma lenda.

Em meados de 1894, o convento foi ocupado pelo governador da época que lá mantinha um hospital militar e uma escola de aprendizes de marinheiros, mas não durou muito pois o bispo retomou o convento.

Foi hospedaria para imigrantes, seminário diocesano e colégio.

O uso da interpretação das imagens e os cenários conservam a sua centralidade num universo geográfico, gerando de um ponto de vista uma dimensão desse uso para uma questão de análise geográfica.

Onde Essa territorialidade religiosa na abordagem da geografia cultural significa o conjunto de práticas desenvolvidas por instituições, grupos religiosos no sentido de controlar pessoas, objetos num determinado tempo/período.

“A religião constitui um objeto de interesse de diversas disciplinas acadêmicas como a história, a sociologia, a antropologia e a geografia”.

Desde meados de 1979, a igreja e convento foram transformados em um museu de arte sacra barroca, moderna e popular, aberto à visitação.

É tradicional o uso desta igreja para casamentos das pessoas que moram na capital (na capela Casa da Casa de Oração Ordem Terceira de São Francisco), e ainda atende a grupos religiosos da população para retiro, devido ao local ser bucólico.

Este museu, conhecido como Centro Cultural São Francisco, é onde se desenvolve com muita propriedade o aspecto turístico da visitação a um dos atrativos marcantes do turismo cultural e histórico na cidade de João Pessoa.

Este conjunto é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938.

No começo do século passado, o escritor Mário de Andrade reconheceu a construção do Centro Cultural São Francisco como ‘a mais bonita e original do Nordeste à Bahia’.

O mais importante conjunto de arte barroca da Paraíba, que começou a ser erguido em 1589, é um programa imperdível. A visita, que pode ser guiada (40 minutos), começa pela área mais antiga do complexo, o claustro (concluído por volta de 1730), e segue na Igreja de Santo Antonio, onde está um dos mais belos púlpitos do mundo segundo a UNESCO.

Na sacristia, azulejos, pisos e móveis do século 18. Na sequência vem a parte mais rica da construção: a capela da Ordem Terceira de São Francisco, que impressiona pela quantidade de ouro nos altares.

Em seu teto, a pinturas ilusionista barroca a Glorificação dos Santos Franciscanos chama a atenção. Subindo pela escadaria, adornada com mármore de Carrara, chega-se a dois museus simples, de arte popular e sacra, com imagens e esculturas de madeira. Feito de jacarandá, o coro, de 1791, conserva as características originais.

O tour termina no pátio, onde estão a Fonte de Santo Antônio e o Relógio de Sol talhado em pedra.

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