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A Bahia, com quase 80% da população afrodescendente, é o primeiro Estado brasileiro a estruturar o segmento do turismo étnico.
A intenção, segundo Billy Arquimimo, coordenador de Turismo Étnico da Bahiatursa, é tornar o Estado mais atraente para os turistas afrodescendentes norte-americanos, um público interessado em reatar suas raízes com a África.
“Os afro-americanos respondem atualmente por cerca de 12% do PIB dos Estados Unidos, embora, representem aproximadamente 13% da população do país. Portanto, há condições favoráveis para o desenvolvimento do turismo étnico, principalmente entre os afro-americanos, que querem buscar sua identidade”, completa Arminindo.
A importância do projeto para a Bahia já está constatada devido ao grande interesse dos afro-americanos enfatiza o coordenador. Além do candomblé e da capoeira, como atrativos, muitos vêem à Bahia todos os anos para prestigiar eventos específicos como a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira, como forma de retomar as suas origens.
A festa da Irmandade da Boa Morte, principal manifestação cultural da cidade de Cachoeira, a 110 km de Salvador, foi o cenário para o lançamento das ações da Coordenação de Turismo Étnico-Afro da Secretaria de Turismo. Na capital, bairros como Curuzu, Liberdade, Pelourinho, Engenho Velho da Federação e Itapuã farão parte do corredor turístico.
A Ilha de Maré também entra no roteiro, assim como cidades do recôncavo como Maragogipe, São Francisco do Conde, Santo Amaro e Euclides da Cunha. O projeto teve um aporte inicial de R$ 1,2 milhão para pesquisa e qualificação profissional.
“Agora vamos partir para a segunda etapa do programa, que é colocar as idéias na internet, onde o público terá acesso. Ter um roteiro determinado vai fazer o diferencial, pois a cada dia os turistas terão um lugar para visitar”, destaca Arminindo.
Primeiro passo – A primeira medida para estreitar a relação da Bahia com os turistas afro-americanos já foi iniciada. Apesar do governo manter uma parceria com uma empresa norte-americana, que já atua no Brasil neste seguimento, Arminindo destaca que um dos pontos principais é a criação de um programa permanente de vôos regulares de qualquer ponto dos EUA para a Bahia.
“O turista afro-americano busca constantemente na Bahia o resgate étnico-cultural, pois a Bahia favorece uma ligação muito forte com a sua origem e tradição. Vôos diretos iriam encurtar ou diminuir em até sete horas o tempo em que os passageiros vão levar no avião. Essa é uma das grandes dificuldades apontadas por esses visitantes para virem para Salvador.”, completa o coordenador.
O programa vai ainda oferecer cursos de capacitação e qualificação, a partir de setembro, e levantar todas as atividades culturais que existem em cada município, para que seja estabelecido um calendário de eventos.
Instalações – Outra medida ressaltada por Billy Arminindo é a construção de “home-stays”, unidades de hospedagem que serão instaladas anexas a centros culturais e terreiros de candomblé de Salvador e do recôncavo baiano. Segundo ele, essa fase do projeto terá o investimento de R$ 6 milhões.
“A infra-estrutura e qualificação profissional devem impulsionar investimentos privados em unidades habitacionais hoteleiras para hospedagem de turistas nos principais centros de candomblé e bairros culturais, identificando e trabalhando em conjunto com as lideranças da comunidade”.
O presidente do bloco afro Ilê Aye, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô destaca a importância do programa para a Bahia e afirma que o Estado tem espaço e um grande potencial voltado para o turismo étnico.
“Desde 1998, que mantemos conversas com o governo para fazer um turismo mais voltado para a comunidade negra. No Curuzu, onde mantemos a sede do Ilê, já existe um roteiro cultural e recebemos turistas de todas as partes do mundo. A comunidade precisa aprender a defender sua cultura. Precisamos de iniciativas como essa, que reforçam a luta pela cultura e valores do negro”, afirma.
Para a filha de santo, Maria Souza, do Terreiro do Gantois, o programa deve funcionar como um atrativo para que o turista se interesse em conhecer melhor o que realmente existe no estado. “Os terreiros de candomblé são grandes atrativos para a valorização da nossa cultura”.
Já o guia turístico Josuel Queiroz, que trabalha há cerca de cinco anos diretamente com o público afro-americano, acha o programa do governo significativo para a Bahia “Estou torcendo muito para que este programa dê certo, desde que as comunidades sejam beneficiadas”.
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