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A História da Ilha de Itaparica, situada na Baía de Todos os Santos, é marcada por um rico entrelaçamento de culturas e eventos significativos desde os tempos pré-coloniais até os dias atuais. Inicialmente habitada pelos Tupinambás, a ilha se tornou um ponto estratégico para os portugueses no início do século XVI, com a chegada de Diogo Álvares Correia, conhecido como Caramuru.
Ao longo dos séculos, Itaparica foi palco de importantes acontecimentos, como as invasões holandesas e a luta pela Independência da Bahia. Com suas belezas naturais e patrimônio histórico, a ilha não só atrai turistas, mas também carrega um legado cultural que reflete a diversidade e a resistência de seu povo.
As praias banhadas pelo mar azul, calmo e de águas mornas da Ilha de Itaparica na Baía de Todos os Santos.
A Ilha de Itaparica é maior ilha da Baía de Todos os Santos, na Bahia, são destino certo para quem procura tranquilidade em meio à natureza exuberante para longos dias de descanso.
Com céu azul e sol forte, os dias tardam a passar e o turista terá tempo suficiente para conhecer belas praias, degustar a gastronomia local e ainda aproveitar para relaxar e esquecer a correria das grandes metrópoles.
Com mais de 40 quilômetros de praias, a Ilha de Itaparica é dividida em dois municípios: Itaparica e Vera Cruz, cujo centro comercial é mais conhecido como Mar Grande.
Veja o mapa da Ilha de Itaparica
Cercada por uma extensa barreira de recifes, a ilha – cujo nome deriva do tupi, “Itaparica” significa “cerca de pedras” – tem águas brandas e piscinas naturais formadas em grande parte das praias, principalmente na maré seca.
Veja o mapa da Baía de Todos os Santos
Em sua extensão é possível encontrar ainda enseadas praticamente desertas, dentre elas destaca-se Berlinque na extremidade de Vera Cruz.
Para quem gosta de um pouco mais de agitação e infraestrutura, as praias de Ponta de Areia e Itaparica (em Itaparica) reúnem quiosques “pé na areia” que servem delícias da gastronomia local como o tradicional acarajé e porções de peixe como filé de agulinha e pititinga.
Localizada no coração da Baía e há apenas 13km de Salvador, a ilha proporciona paisagens deslumbrantes e diversificadas.
As praias voltadas para o leste (ou seja, nascentes), por exemplo, como a do Duro e Gamboa (em Vera Cruz), encantam pela bela vista da silhueta de Salvador.
Vídeos sobre as Praias e História da Ilha de Itaparica
História da Ilha de Itaparica
Voltar à história da Ilha de Itaparica é retornar aos primórdios da nossa civilização.
O descobrimento do Brasil ocorreu em terras baianas, onde hoje é Porto Seguro.
Um ano mais tarde, a 720 km do ponto do descobrimento, Américo Vespúcio avistou a Ilha de Itaparica em 1º de novembro de 1501. Na época, a ilha era habitada pelos Tupinambás.
A história da Ilha de Itaparica é singular, embora muitos documentos e relatos antigos tenham se perdido, sendo necessário conservar o que ainda resta. A história pretérita da ilha envolve a ocupação pelos Tupinambás, que dominavam a área com seus costumes antropofágicos.
Em seguida, veio a ocupação pelos portugueses, iniciada com a chegada de Diogo Álvares Correia em 1509, o Caramuru, que se casou com a índia Paraguassu, posteriormente batizada como Catarina, filha do Tubixá (Morubixaba), o chefe mais poderoso da área chamada Taparica.
Passados dez anos, em 1510, Diogo Álvaro Correia registrou sua passagem pela ilha, e ao se casar com a princesa tupinambá Paraguaçu, formou a primeira família genuinamente brasileira.
As invasões holandesa e francesa fazem parte dessa disputa pelo novo território extrativista, e a instalação da caça às baleias, em 1603, marca o início dos conflitos pelo uso dos recursos ambientais.
Com a ocupação do Brasil por Portugal, em 1534/1536, a Ilha de Itaparica foi concedida a D. Antônio de Ataíde, segundo Conde de Castanheira, dentro do regime das Capitanias Hereditárias. Em 1552, o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, doou a Ilha de Itaparica e Matarandiba como sesmaria a António de Ataíde, 1.º Conde da Castanheira.
Mais tarde, em 1556, a ilha foi convertida em capitania hereditária pelo rei João III de Portugal, passando a integrar o morgado instituído em 1526 por Dona Violante de Távora, mãe do Conde da Castanheira.
Os jesuítas foram responsáveis pela colonização de Itaparica em 1560, estabelecendo-se na contra-costa onde hoje se localiza Baiacu, uma rústica vila de pescadores.
Do ponto de vista econômico, a ilha sobreviveu principalmente da pesca. De Itaparica eram retiradas cem a duzentas baleias anualmente, pois a ilha era um local de reprodução e alimentação de suas crias.
A caça às baleias trouxe mudanças para o comportamento dos pescadores e na comunidade local, além de influências culturais.
O nome do padroeiro de Itaparica, São Lourenço, está associado às baleias, e o impacto dessa caça na baía levou à extinção dos animais. A valorização do curtume também contribuiu para a destruição quase total dos manguezais.
Antes da pesca de baleias, que predominou até o final do século XIX, a ilha era voltada para a plantação de cana-de-açúcar e a criação de gado bovino por mais de um século.
A partir de 1600, ingleses e holandeses tentaram ocupar a ilha diversas vezes, sendo finalmente expulsos pelos portugueses em 1647.
Ainda hoje, no município de Itaparica, é possível observar monumentos daquela época, como o Forte São Lourenço, que abriga a única área de desmagnetização de navios do país, e o Solar do Rei, que hospedou D. João VI, D. Pedro I, e D. Pedro II.
Até 1833, a Ilha de Itaparica fazia parte de Salvador, mas com o crescimento da cidade e o aumento do turismo, foi dividida, e em 1962 surgiu o município de Vera Cruz.
Entre as arquiteturas mais antigas da região está a Igreja de São Lourenço (1610), construída em estilo barroco, cujo nome homenageia São Lourenço, guardião das chuvas e ventos e padroeiro da Ilha. Outras construções importantes incluem a Capela de Nossa Senhora da Piedade (1622) e a Fortaleza de São Lourenço (1711), onde foi hasteada a bandeira do Brasil Independente em 1823 e que está sendo preparada para se tornar o primeiro memorial da Guerra da Independência do Brasil na Bahia.
Monumentos Históricos na Ilha de Itaparica
1. Centro histórico e Casa do escritor João Ubaldo Ribeiro
Na cidade de Itaparica, você encontra um centro histórico que foi tombado inicialmente como parte do Centro Histórico de Salvador, em 1980. O local preserva construções erguidas entre os séculos XVII e XVIII, com destaque para as casas antigas, que, em sua maioria, seguem o estilo Neoclássico.
Entre os principais elementos do conjunto histórico, destacam-se:
- Igreja do Santíssimo Sacramento (também conhecida como Igreja Matriz)
- Igreja de São Lourenço
- Casarão Tenente João das Botas (que foi um combatente na guerra de independência de Itaparica)
- Casarão Solar Del Rei
- Fortaleza de São Lourenço, erguida pelos portugueses e posteriormente tomada pelos holandeses.
É neste local, em frente ao forte, que, durante o século XVII, ocorria o comércio de baleias, atividade que foi a principal base da economia da época.
No centro histórico, você também encontra a casa de João Ubaldo Ribeiro, um dos maiores escritores brasileiros. A Praça da Quitanda, localizada a 10 quilômetros no sentido de Nazaré das Farinhas, foi uma de suas fontes de inspiração para escrever seus livros.
2. Forte de São Lourenço
A Fortaleza de São Lourenço, construída no século XVII, foi erguida com o objetivo de deter as invasões holandesas. Mais de um século depois, o forte desempenhou um papel crucial durante a Independência da Bahia, servindo como cenário de importantes batalhas.
Atualmente, o forte abriga o Memorial da Independência da Bahia, que foi inaugurado este ano e está aberto para visitação gratuita, oferecendo aos visitantes uma oportunidade de conhecer de perto um dos marcos históricos mais significativos da região.
3. Fonte da Bica
A fonte é considerada a primeira instância mineral do Brasil e teve grande destaque nos anos de 1940, quando foi amplamente utilizada como forma de incentivo ao turismo. Muitos acreditam que a água da fonte possui benefícios para a saúde, sendo especialmente recomendada para os rins, e os moradores locais afirmam com convicção que as substâncias minerais presentes nela ajudam na recuperação da saúde.
A água é reconhecida por sua propriedade medicinal diurética, e os nativos também a consideram rejuvenescedora. Um ditado popular na região expressa essa crença: “Água fina faz velha virar menina“.
Além disso, a fonte gera cerca de 24.000 litros de água por dia, e seu nome surgiu porque o fluxo de água descia por um bambuzal, o que inspirou sua designação local.
4. Forno e Igreja da Penha
Localizado na própria região da Penha, na Ilha de Itaparica, o forno era utilizado para a cremação de corpos trazidos por embarcações, vítimas de doenças como a varíola.
Além do forno, a região abriga a Igreja Nossa Senhora da Penha, um casarão e uma fornalha de cal. Quando a maré está baixa, é possível se aproximar das ruínas do forno, mas, com a maré alta, é necessário acessar o local através do campo, em direção à Penha.
5. Igreja de Baiacu
Essa igreja, também conhecida como Igreja de Nosso Senhor de Vera Cruz, é considerada a terceira igreja construída no Brasil. Apesar de hoje existirem apenas ruínas, ela permanece um dos monumentos mais importantes de Vera Cruz.
O que torna o local ainda mais inusitado é a presença das gameleiras, árvores cujas imensas raízes e troncos envolvem as paredes da igreja. Nesse processo de simbiose, as árvores literalmente sustentam a estrutura, de forma que não se sabe onde começa a árvore e onde terminam as paredes da antiga edificação.
Localizada na Praia de Baiacu, cerca de 10 quilômetros da estação de ferry-boat, essa combinação de natureza e arquitetura é um dos pontos mais fascinantes da história local.
6. Igreja de Nossa Senhora da Piedade
Esta é a igreja da padroeira da cidade, erguida em 1854 e reedificada em 1923. Embora seja um santuário pequeno, destaca-se por ter sido construída em estilo gótico, o que lhe confere uma beleza única.
A igreja, apesar de sua simplicidade, é encantadora e está localizada na Praça da Piedade, nas proximidades do Forte de São Lourenço.
7. Igreja de São Lourenço
Diferente da Igreja de Nossa Senhora da Piedade, a Igreja de São Lourenço foi erguida em estilo barroco e apresenta uma alvenaria mista de pedra e tijolo.
Ela é considerada uma das igrejas mais antigas do Brasil, tendo sido aberta para cultos religiosos no ano de 1610.
Sua fachada se destaca pela presença de uma torre volumosa com terminação em formato de pirâmide, conferindo à igreja uma aparência imponente e singular.
Praias da Ilha de Itaparica
Veja o mapa da Ilha de Itaparica
Cercada por uma extensa barreira de recifes de corais, a Ilha de Itaparica conta com mais de 40 km de praias com águas azuis, calmas e mornas.
Em sua extensão é possível encontrar enseadas agitadas e com infraestrutura completa, como em Ponta de Areia, e também praias praticamente desertas, como a de Berlin
que.
Na maré seca formam-se piscinas naturais e o turista pode desfrutar de um tranqüilo banho de mar com segurança. A vegetação de Mata Atlântica compõe a paisagem de quem vem relaxar em meio à natureza da Ilha.
1. Ponta de Areia
Uma das enseadas mais turísticas da “Ilha”, a praia de Ponta de Areia conta com diversas opções de barracas de praia para quem gosta de petiscar entre um banho de mar e outro.
Também há tendas de aluguel de caiaque – o valor pode variar de acordo com a estação do ano.
É possível encontrar charmosas pousadas e pequenos hotéis na região.
À noite, há algumas opções de restaurantes e bares, principalmente na alta temporada.
2. Praia de Itaparica
Com quiosques à beira mar, a enseada de águas calmas localizada no norte da Ilha de Itaparica conta com infraestrutura completa com restaurantes, padarias, farmácias, hotéis, etc.
Nela, encontra-se a única área de desmagnetização de navios do país.
3. Praia de Cacha-Pregos
No outro extremo da Ilha de Itaparica, ao sul, encontra-se o povoado que leva o nome desta enseada tranquila na maior parte do ano.
É possível encontrar porções de peixes frescos trazidos pelos pescadores locais nas barracas ao longo da enseada mais próxima ao continente.
4. Praia de Berlinque
Uma das praias mais desertas e distantes dos centros, tanto de Itaparica quanto de Vera Cruz, Berlinque presenteia os turistas com sua vegetação preservada.
Ótima pedida para quem quer relaxar e fugir de praias muito cheias.
5. Praia da Penha
Cercada por um condomínio de alto padrão, a praia da Penha é uma das mais belas da pacata Ilha de Itaparica.
A enseada de águas azuis tem como pano de fundo o Farol da Barra, em Salvador.
6. Praia de Barra Grande
Por conter pequenos corais próximos a areia, é fácil de se deparar com piscinas de águas mornas na praia de Barra Grande.
À noite, principalmente na temporada, acontecem shows de bandas locais, predominantemente de axé e pagode.
7. Praia do Duro
Ao lado do Porto Marítimo de Vera Cruz, onde atracam os barcos que fazem a travessia Salvador-Ilha de Itaparica, fica a agitada e sempre cheia Praia do Duro.
A pequena enseada conta com poucos quiosques que estão sempre lotados e com música alta.
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