História e Pontos Turísticos da Avenida Contorno em Salvador BA

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A Avenida Contorno em Salvador foi inaugurada em 1962, teve projeto do arquiteto Diógenes Rebouças e ligou o Campo Grande a Cidade Baixa.

A Gamboa de Baixo pode ser considerada uma das localidades mais privilegiadas de Salvador. Cercado por uma praia privativa e com uma vista única para o pôr do Sol na Ilha de Itaparica.

A Gamboa – que abriga comunidades do Solar do Unhão e da Gamboa de Cima e de Baixo – é margeado pela Avenida Contorno e é abraçado pela Baía de Todos os Santos.

Avenida Contorno em Salvador BA, a esquerda o Solar do Unhão e a Capela Nossa Senhora da Conceição.
Avenida Contorno em Salvador BA, a esquerda o Solar do Unhão e a Capela Nossa Senhora da Conceição.

Encravada entre o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) e a encosta do Campo Grande, a prainha da Gamboa de Baixo, como passou a ser chamada pela comunidade local.

Foto antiga da avenida Contorno em Salvador BA
Foto antiga da avenida Contorno em Salvador BA

No chão, os grãos dão lugar às pedras. Cercado por uma comunidade litorânea, habitada por pescadores, o local tem composição arquitetônica singular.

Foto da avenida Contorno de 1958, Salvador BA
Foto da avenida Contorno de 1958, Salvador BA

Uma das principais ligações entre a cidade alta e a cidade baixa, a Avenida Lafayette Coutinho, conhecida como Avenida Contorno, fica às margens da Baía de Todos-os-Santos.

O sucesso do local pode ser explicado não pela função de ligar bairros da cidade, e sim, pela tendência de oferecer ao público espaços atrativos.

Além isso, a região da Contorno tem sido visitada por celebridades como Anitta, Rafa Kalimann, Iza e Ivete Sangalo. O espaço também recebeu a gravação de cenas da novela “ Segundo Sol”, em 2018.

Os 4 pontos turísticos na Contorno em Salvador

1. Praia da Preguiça: da prática de esportes a bloco carnavalesco

Praia da Preguiça em Salvador BA
Praia da Preguiça em Salvador BA

Segundo informações dos historiadores, parte da região nas imediações da Praia da Preguiça era considerada área da elite soteropolitana entre o século 18 e 19. Casarões e sobrados eram requisitados por quem tinha alto poder aquisitivo. Hoje, em pleno século 21, a praia é considerada um centro esportivo a céu aberto.

Por lá acontecem aulas de futevôlei, canoagem, mergulho e pesca recreativa. “A Praia da Preguiça tem muita qualidade pela sua beleza paradisíaca proporcionada pelo mar”, explica Clayton Correia, professor de futevôlei.

A praia se tornou também um local que recebe múltiplos eventos, como o “Banho de Mar à Fantasia da Praia da Preguiça”, bloco de pré-carnaval. O cortejo, iniciado nos anos de 1930, foi interrompido nos anos 1990 e retornou em 2012. Após a pandemia, o bloco voltou a desfilar neste ano.

Outro atrativo da Preguiça é o restaurante “Mirante Tropical da Ladeira”, localizado na Ladeira da Preguiça e com vista para Praia da Preguiça. O espaço já recebeu celebridades como Lázaro Ramos, Dira Paes e Clara Buarque.

O empreendimento funciona dentro de um antigo casarão, que também foi cenário da gravação do clipe da música “Baile de Favelinha”, da dupla de rap LT e do cantor Léo Santana.

2. Praia do MAM unifica natureza, cultura e arte

Museu de Arte Moderna da Bahia
Museu de Arte Moderna da Bahia

Com águas cristalinas e mansas, a Praia do MAM é uma área de lazer e ponto turístico da região.

Localizada entre a contenção de pedras da Bahia Marina e do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), o espaço é ideal para quem deseja apreciar obras de arte e esculturas de Mário Cravo e Carybé.

Por ser uma pequena praia, o local está sujeito à lotação e tem horário de funcionamento das 8h30 às 17h. A responsabilidade e controle do local são do próprio Museu de Arte Moderna.

Praia do MAM em Salvador BA
Praia do MAM em Salvador BA

O espaço armazena também na pequena trilha de acesso a areia da praia, obras de artistas, a exemplo de Mestre Didi, Juarez Paraíso, Emanuel Araújo, José Resende, Siron Franco e Ivens Machado.

Entre os pontos instagramáveis estão as esculturas de Yemanjá e da vênus esculpida em ferro.

3. Comunidade do Solar do Unhão

Na Avenida Contorno, vale a pena conhecer as belezas que marcam a Comunidade do Solar do Unhão, localidade que tem o grafite como marca registrada, e transborda arte e cultura por meio das pinturas do Museu de Street Art de Salvador (Musas).

Comunidade do Solar do Unhão em Salvador BA
Comunidade do Solar do Unhão em Salvador BA

A comunidade é conhecida também por conta de seu belo mar e suas vistas para a Baía de Todos os Santos. Ótimas opções culinárias e a possibilidade de ver diferentes tipos de artes também dão o tom do lugar.

Além disso, o Solar do Unhão recebe também a visita de artistas plásticos que vão para a comunidade se expressar.

“Uma comunidade que se preparou para receber as pessoas de forma super agradável. A gente chama atenção por colocar nossas artes, nossos grafites dessa maneira diferente. Esse investimento de arte junto com todas as outras coisas ao redor gera esse atrativo na comunidade”, comenta o artista plástico Júlio Costas, morador do local.

4. Casa da Quinta do Unhão

O Solar do Unhão e Capela Nossa Senhora da Conceição, ou Casa e Capela da Antiga Quinta do Unhão, ou simplesmente Quinta do Unhão.

François René Moreaux - Solar do Unhão com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Salvador da Bahia
François René Moreaux – Solar do Unhão com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Salvador da Bahia

É um conjunto arquitetônico formado pelo solar, Capela de Nossa Senhora da Conceição, cais de desembarque, fonte, aqueduto, chafariz, armazéns e um alambique com tanques.

Na ponte de acesso ao solar existem barras de azulejos de ornamentação barroca, produzidos em Lisboa, nos anos 1770 a 1780. O chafariz, originalmente alimentado pelo aqueduto, é uma peça barroca em arenito escuro, formado por uma carranca de onde jorra a água, e duas conchas superpostas.

Um solar ou palacete é a casa de origem de uma família nobre. O nome também é utilizado de maneira mais ampla para uma residência antiga de grande luxo e conforto, relativo a sua época. Um solar podia ser habitado por nobres ou simplesmente uma família pertencente à elite tradicional e antiga de uma região ou cidade. Em alguns poucos casos as famílias originais continuam habitando seus antigos solares.Por vezes, alguns comerciantes e empresários muito abastados também construíram seus solares, nomeadamente no Brasil, mas, todos estes foram erguidos no início do século XX.

Descrição da edificação / conjunto:

  • Implantação: O conjunto é formado pelo solar, capela e galpões, implantados no aterro instalado ao mar da Baía de Todos os Santos.
  • Ocupação: O conjunto ocupa uma área com notavél presença paisagística, banhada por uma pequena praia de seixos, próxima a uma enconsta e ao conjunto de casas populares da Gamboa de Baixo. Há próximo a região também os arcos que sustetavam a Avenida Contorno. Ainda no período em que funcionava como complexo agroindustrial, as informações mencionam que o Solar possuía uma distribuição funcional característica do período colonial, térreo utilizado como serviço, primeiro andar ocupado pela família e água furtada utilizada como dormitório de criados.
  • Quantidade de pavimentos: 1 a 3.
  • Estrutura: Caixa do solar em alvenaria de pedra e arcadas de tijolo no térreo.
  • Cobertura: Os casarões que constituem o conjunto possuem cobertura em telhado de duas e quatro águas.
  • Esquadrias: As grandes janelas guilhotinas em estilo colonial que contornam os casarões permitem um maior aproveitamento da luz no interior dos ambientes.
  • Estilo arquitetônico e Elementos decorativos: Os edifícios apresentam uma arquitetura majoritariomente em estilo colonial.

Dados históricos

  • O conjunto atuou como complexo agroindustrial do mesmo gênero dos engenhos de açúcar, com casa grande, capela e senzala. O extenso cais e armazéns pressupõem que sua função fosse a de recolher e exportar a produção de engenhos do Recôncavo.
  • Em 1690 residia no local o desembargador Pedro de Unhão Castelo Branco.
  • No início dos anos 1700 é comprado por José Pires de Carvalho e Albuquerque.
  • No começo do século XIX, a propriedade pertencia a Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, após uma sucessão de donos até o período de 1928, a propriedade é vendida ao Estado.

Outras informações

  • O conjunto passou por algumas restaurações importantes após a compra pelo Estado:
  • 1946: Obras de estabilização, conservação e limpeza.
  • 1960: São iniciadas as obras da Avenida Contorno cujo projeto previa uma das pistas passando entre o Solar e a capela e outra que provocaria a extinção do aqueduto e da fonte. Após reações da imprensa, o arquiteto Diógenes Rebouças propõe um traçado alternativo para a avenida.
  • 1962/1963: O Governo do Estado realiza uma restauração para abrigar o Museu de Arte Popular da Bahia, com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi contando com a instalação de uma escada helicoidal e a substituição do reboco pelo chapiscado em alguns pavilhões.

História e Pontos Turísticos da Avenida Contorno ou ou Avenida Lafayette Coutinho em Salvador BA

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