Os Índios Pataxós são um dos povos indígenas mais tradicionais da Bahia, ocupando há séculos a região da Costa do Descobrimento, que se estende de Belmonte a Prado.
Apesar dos impactos da colonização e da expansão do turismo, os Pataxós mantêm vivas suas tradições, resistindo por meio da preservação cultural, da luta pela demarcação de terras e do desenvolvimento do etnoturismo, como na Reserva da Jaqueira.

Além de protegerem sua identidade, também desempenham um papel essencial na conservação da Mata Atlântica, utilizando práticas sustentáveis para garantir sua sobrevivência e reafirmar sua conexão ancestral com a natureza.
A Presença Índios Pataxós no Litoral Baiano
Os índios Pataxós estão concentrados em aldeias há pelo menos 150 anos, ocupando o litoral baiano na chamada Costa do Descobrimento.
Essa região se estende desde Belmonte e Santa Cruz de Cabrália, ao norte, passando por Porto Seguro e Monte Pascoal, até Prado, ao sul.
Vídeo sobre Índios Pataxós na Bahia
Reserva Pataxó Porto do Boi
Indios Pataxó - Documentário
Indio Pataxó - O dia do indio
Indios Kuikuro
Impactos da Aculturação e a Perda Territorial
No século XX, os Pataxós enfrentaram um intenso processo de aculturação, sendo colocados à margem da sociedade. Isso resultou na invasão de seus territórios e na perda quase total de sua cultura, agravada pela expansão de grandes fazendas de pecuária.
O Outro Lado de Porto Seguro
Porto Seguro é amplamente conhecida por seu turismo de massa, com Carnaval, axé e excursões lotadas, mas poucos conhecem seu outro lado: um espaço onde história, cultura e identidade estão sendo recuperados.
Antes da chegada dos portugueses, a região sul da Bahia era habitada por diversos povos indígenas, como Pataxós, Maxacalis e Botocudos. Entretanto, ao longo dos séculos, essas etnias foram praticamente dizimadas, impactadas pelo avanço do turismo comercial.
A Resistência do Índio Pataxó e a Reserva da Jaqueira
Apesar da crença de que a etnia Pataxó havia desaparecido, um grupo indígena tem trabalhado incansavelmente para provar o contrário. A Reserva da Jaqueira, localizada no sul da Bahia, é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica na região, com 825 hectares (o equivalente a 82 campos de futebol).
A história da Reserva é marcada pela luta dos Pataxós pela demarcação de terras, especialmente na Terra Indígena de Coroa Vermelha, próxima a Porto Seguro.
A Luta Pela Terra e a Criação da Reserva
Em 1997, após anos de conflitos fundiários, os Pataxós conseguiram reaver parte de seu território.
Foi nesse momento que Nitinawã Pataxó, junto com suas irmãs e sua mãe, tomou uma decisão radical: deixar a vida urbana e resgatar os costumes tradicionais de seu povo.
Elas passaram a viver na Reserva da Jaqueira, morando em ocas (kijemes), vestindo-se como seus antepassados e praticando seus rituais sagrados. Esse movimento inspirou outros indígenas a retornarem às suas origens.
O Etnoturismo Como Alternativa Sustentável
Para garantir sua sobrevivência sem explorar excessivamente a Mata Atlântica, os Pataxós decidiram investir no etnoturismo, unindo turismo cultural e ambiental.
Os visitantes podem:
- Percorrer trilhas ecológicas guiadas pelos próprios indígenas
- Aprender sobre o uso de plantas medicinais
- Participar de palestras sobre a cultura Pataxó
- Vivenciar o “ritual de integração com o homem branco”
- Experimentar um peixe assado na folha de patioba, iguaria típica da etnia
Sustentabilidade e Manejo da Piaçava
Além do etnoturismo, os Pataxós adotaram práticas sustentáveis, como o manejo da piaçava, uma palmeira nativa cuja fibra é utilizada para fabricar vassouras.
Em parceria com o Instituto BioAtlântico, foi feito um levantamento da vegetação da Reserva, identificando mais de 20 mil árvores de piaçava. A partir disso, um plano de manejo sustentável foi implementado, garantindo extração sem degradação ambiental.
A Associação Pataxó de Ecoturismo, criada em 1998, tem sido essencial para a organização dessas atividades, permitindo que os indígenas mantenham sua autonomia e cultura, ao mesmo tempo em que garantem sua sobrevivência econômica.
Conclusão
A Reserva da Jaqueira prova que é possível resgatar tradições ancestrais e, ao mesmo tempo, promover um turismo sustentável e educativo. Se não fosse pela resistência dos Pataxós, a cultura desse povo estaria condenada ao esquecimento.
Visitar a Reserva não é apenas uma experiência turística, mas um reencontro com as raízes do Brasil, uma oportunidade de enxergar além do turismo convencional e conhecer a verdadeira riqueza da Costa do Descobrimento.