História do Solar do Unhão em Salvador
A história e a arquitetura do Solar do Unhão remontam ao século XVIII, situado às margens da Baía de Todos os Santos, em Salvador, Bahia.
O conjunto arquitetônico é composto pelo solar principal, a Capela de Nossa Senhora da Conceição, um cais privativo, aqueduto, chafariz, senzala e um alambique com tanques.
Atualmente, o complexo do Solar do Unhão abriga o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA).
1. Primeiros Proprietários e Desenvolvimento
Em 1690, a propriedade era ocupada pelo Desembargador Pedro Unhão Castelo Branco, que, em 1700, a vendeu a José Pires de Carvalho e Albuquerque (o velho). Este estabeleceu um morgado na área, conduzindo o Solar à sua fase áurea. Dessa época datam os painéis de azulejo português e o chafariz em cantaria, ambos do século XVIII, que se destacam pela qualidade artística e importância histórica.
2. A Capela de Nossa Senhora da Conceição
A referência mais antiga à Capela de Nossa Senhora da Conceição remonta ao ano de 1740, em registro do batismo de uma neta do proprietário. O espaço religioso integra harmonicamente o conjunto arquitetônico e revela os traços da religiosidade associada à casa-grande.
3. Declínio Econômico e Novas Funcionalidades
Com o declínio da economia açucareira, o Solar foi arrendado, entrando em um período de desvalorização funcional. No início do século XIX, passou a pertencer a Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, futuro Visconde da Torre de Garcia D’Ávila, sendo utilizado como residência urbana da família.
4. Fábrica, Trapiche e Usos Diversos
A estrutura do antigo engenho foi adaptada para abrigar uma fábrica de rapé, em atividade entre 1816 e 1926, e posteriormente, em 1928, transformou-se em trapiche.
Em etapas seguintes, o imóvel serviu como depósito de mercadorias destinadas ao porto de Salvador e, durante a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado como quartel dos fuzileiros navais.
5. Tombamento e Restauração
O conjunto arquitetônico foi tombado na década de 1940 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em reconhecimento à sua importância histórico-cultural. Em seguida, foi adquirido pelo Governo do Estado da Bahia para instalação do Museu de Arte Moderna da Bahia.
6. Fundação do Museu de Arte Moderna da Bahia
Após minucioso processo de restauração, sob responsabilidade da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, o museu foi inaugurado em 1969. Sua estrutura atual compreende oito salas de exposição, teatro-auditório, sala de vídeo, biblioteca especializada e banco de dados sobre arte contemporânea.
7. Acervo Artístico
O MAM-BA dispõe de um acervo diversificado de arte contemporânea, reunindo cerca de mil obras. Entre os artistas representados, destacam-se nomes como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Rubem Valentim, José Pancetti, Carybé, Mário Cravo e Sante Scaldaferri.
8. Programação Cultural
A programação do museu inclui exposições temporárias, encontros com artistas, ciclos de debates, oficinas, palestras e atividades culturais como o reconhecido projeto “Jazz no MAM”. Tais ações reforçam o papel do museu como centro de difusão da cultura contemporânea na Bahia.
9. Parque das Esculturas e Espaços Complementares
Na área externa, encontra-se o Parque das Esculturas, uma exposição permanente a céu aberto inaugurada em 1997, além da Sala de Cinema MAM e um café. À beira-mar, estão dispostas obras de autores como Bel Borba, Carybé, Chico Liberato, Emanoel Araújo, Fernando Coelho, Juarez Paraíso, Mário Cravo Júnior, Mestre Didi, Sante Scaldaferri, Siron Franco, Tati Moreno e Vauluizo Bezerra.
10. Contribuição de Carybé
O artista Carybé também foi responsável pelo projeto do gradil em ferro que cerca o espaço, bem como por um painel de concreto localizado ao final do jardim e no portal de entrada. Esta obra traz uma composição com o símbolo do Sol e elementos estilizados do acarajé, promovendo um diálogo entre arte, cultura afro-baiana e identidade regional.
11. Vídeo sobre a História e Arquitetura do Solar do Unhão em Salvador
História do Solar do Unhão am Salvador BA05:14
Vista de cima do Solar Unhão em Salvador01:41
Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM
Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA)
Se você vai passar o fim de semana em Salvador, gosta de arte moderna, de contemplar o belo e se deixar envolver pelo clima da cidade, com um pôr do sol inesquecível sobre o mar da Bahia, ao som de um bom jazz ao vivo, seu destino é o Museu de Arte Moderna da Bahia.
Um espaço para os sentidos
Além de abrigar inúmeras obras de arte, o MAM-BA está localizado em um dos lugares mais bonitos da cidade, com uma vista espetacular para a Baía de Todos os Santos.
Aos sábados, o espaço ganha ainda mais vida com a famosa JAM no MAM, que atrai visitantes e moradores para curtir jazz de qualidade em um cenário deslumbrante.
História e projeto arquitetônico
O museu está instalado no Solar do Unhão, uma construção do século XVI, banhada pela Baía. O MAM foi fundado em 1960, no foyer do Teatro Castro Alves, e só em 1963 passou a ocupar o solar como sede definitiva.
A renomada arquiteta italiana Lina Bo Bardi foi responsável pelo projeto do museu. Sua proposta era criar um museu-escola, que incentivasse e desse visibilidade à produção cultural do Nordeste.
Uma das principais intervenções de Lina foi a demolição do segundo piso do casarão para instalação de uma escada de madeira monumental, feita apenas com encaixes, sem pregos, inspirada nas carroças de boi.
Referência em arte contemporânea
Hoje, o MAM-BA é o mais importante espaço para a arte contemporânea da Bahia e um dos mais reconhecidos do Brasil. O museu recebe cerca de 200 mil visitantes por ano e conta com:
- Cinco salas expositivas
- Galeria ao ar livre – o Parque das Esculturas
- Sala de cinema
Características e arquitetura do Solar do Unhão
O Solar do Unhão, também conhecido como Quinta do Unhão, é um sítio histórico do século XVIII, situado às margens da Baía de Todos os Santos. O complexo é composto por:
- O solar
- A Capela de Nossa Senhora da Conceição
- Um cais privativo
- Aqueduto
- Chafariz
- Senzala
- Um alambique com tanques
Foi construído sobre um aterro, no sopé da falha geológica de Salvador, e atuava como entreposto comercial, onde se despachava o açúcar dos engenhos baianos.
Implantação e entorno
A localização privilegiada oferece uma paisagem integrada à pequena praia de seixos, encosta verdejante e ao conjunto de casas populares da Gamboa de Baixo.
O acesso ao solar se dá por uma ponte de quatro arcos, adornada com azulejos policromados barrocos, produzidos em Lisboa (1770-1780).
Detalhes arquitetônicos
- O solar possui três pavimentos: térreo, pavimento nobre e segundo andar (adicionado no século XIX).
- Estrutura em alvenaria de pedra e arcadas de tijolo.
- Telhado de duas e quatro águas.
- Janelas guilhotinas em estilo colonial, pensadas para o máximo aproveitamento da luz natural.
A capela possui fachada em estilo rococó tardio e uma planta típica das igrejas do início do século XVIII. A nave e a capela-mor têm a mesma largura e altura – um traço arquitetônico incomum.
Transformações e usos
No passado, o solar foi utilizado como:
- Fábrica de rapé
- Trapiche
- Serraria (capela)
- Indústria de descasque de arroz, movida por uma queda d’água natural ainda visível.
O complexo funcionava como um engenho urbano, com casa-grande, capela e senzala.
Aspectos históricos
- 1690: residência do desembargador Pedro de Unhão Castelo Branco
- Início dos anos 1700: comprado por José Pires de Carvalho e Albuquerque
- Século XIX: propriedade de Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
- 1928: vendido ao Estado da Bahia
Restaurações e preservação
- 1946: obras de estabilização e limpeza
- 1960: construção da Avenida Contorno ameaçava o solar. O arquiteto Diógenes Rebouças propôs um traçado alternativo.
- 1962/1963: reforma para abrigar o Museu de Arte Popular da Bahia, com projeto de Lina Bo Bardi.
Outros elementos notáveis
- O chafariz barroco em arenito escuro, com carranca e conchas, era alimentado por um aqueduto.
- Os galpões inferiores eram usados para armazenar mercadorias e abrigar os escravizados, que também eram comercializados no local.
- Trilhos e carrinhos de carga ainda são visíveis como testemunhos do passado como entreposto.
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