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O Arquipélado de Fernando de Noronha é constituído por ilhas vulcânicas isoladas no Atlântico Equatorial Sul, sendo sua ilha principal a parte visível de uma cadeia de montanhas submersas (DORSAL MEDIANA DO ATLÂNTICO).
Situada nas coordenadas geográficas 03 51′ sul e 32 25′ oeste e distando aproximadamente 345 km do cabo de São Roque no estado do Rio Grande do Norte e 545 km de Recife, em Pernambuco.
O arquipélago de Fernando de Noronha é constituído por 21 ilhas, ilhotas e rochedos de natureza vulcânica, tem a ilha principal uma área de 18,4 km2 cujo maior eixo com cerca de 10 km, largura máxima de 3,5 km e perímetro de 60 km.
A base dessa enorme formação vulcânica está a mais de 4.000 metros de profundidade.
A ilha principal do arquipélago de Fernando de Noronha, cujo nome é o mesmo do arquipélago, constitui 91% da área total, destacando-se ainda as ilhas Rata, Sela Gineta, Cabeluda, São José e as ilhotas do Leão e da Viúva.
Estudos realizados demonstram que a formação do arquipélago data de dois a doze milhões de anos.
Informações Turísticas sobre o Arquipélago de Fernando de Noronha
Programar uma viagem ao arquipélago de Fernando de Noronha, pode significar a realização de um sonho da maioria dos brasileiros.
No Arquipélago de Fernando de Noronha, se tem a sensação de estar em uma parte do Brasil que deu certo, são 17 quilômetros quadrados à 545 km da costa pernambucana, onde vive uma população de apenas 3.500 habitantes e o turismo é desenvolvido de forma sustentável, criando a oportunidade do encontro equilibrado do homem com a natureza em um dos santuários ecológicos mais importantes do mundo.
Vir a Noronha requer no mínimo 5 dias, para usufruir dos inúmeros atrativos naturais e vivenciar um pouco da história da nossa colonização.
São inúmeras as opções de atividades e passeios, que atendem a todos os públicos e oferecem ao visitante a chance de ver todas as belezas naturais das ilhas.
As principais atividades em Fernando de Noronha são mergulho, snorkeling, mergulho, ver golfinhos, surf e trilhas.
Veja o mapa das praias de Fernando de Noronha
Veja o mapa do patrimônio histórico
Veja o mapa da Ilha Fernando de Noronha
Sobre as Ilhas do Arquipélago de Fernando de Noronha
O arquipélago de Fernando de Noronha é formado por vinte e uma ilhas, numa extensão de 26 km², tendo uma principal – a maior de todas também chamada “Fernando de Noronha” -, como única ilha habitada.
As demais estão contidas na área do Parque Nacional Marinho e são desabitadas, só podendo ser visitadas com licença oficial do IBAMA.
1. Ilha de Fernando de Noronha
A ilha principal, possui 17 km², com cerca de 10 km de comprimento e 3,5 km de largura máxima. Seu perímetro é de, aproximadamente, 60 km.
É acidentada, com diversas elevações, destacando-se o Morro do Pico, com 323 m de altura; o Morro do Espinhaço, com 223 m; o Morro do Francês, com 195 m; o Alto da Bandeira, com 160 m; o Morro do Curral, com 126 m; e o Morro de Sto. Antônio, com 105 m.
Nesta ilha estão os sítios históricos (Vila dos Remédios, Vila da Quixaba, ruínas dos Fortes de São Pedro do Boldró, de Sto. Antonio, de N.Sª da Conceição e Parque de Sant’Ana), as vilas residenciais de civis, a vila do Departamento de Proteção ao Vôo da Aeronáutica, o Aeroporto, a Creche, a Escola, o Hospital, a Usina Elétrica Tubarão, a Usina de Tratamento d’água Piraúna, a Usina de Dessalinização, a Usina de Tratamento de Lixo e os serviços de Telefonia.
Parte dessa ilha é Parque Nacional Marinho desde 1988, havendo uma divisão espacial identificada como Área de Proteção Ambiental – APA, com aproximadamente 08 km², e Área do PARNAMAR / FN, com 112,7 Km², incluindo-se aqui a parte marítima, até onde o mar tiver 50 m de profundidade (isóbata).
Ao redor dessa ilha maior, outras pequenas ilhas, rochedos e ilhotas compõem o cenário decantado por estudiosos e trovadores.
São as ILHAS SECUNDÁRIAS, sabendo-se hoje que todas essas ilhas estiveram ligadas, formando um só bloco, separado ao longo de milhões de anos devido à erosão marinha. Clique nos links abaixo para conhecer cada uma dessas ilhas.
Ilhas Secundárias do Arquipélago de Fernando de Noronha
2. Ilha Rata
O nome é controvertido. Seria a “Rapta” dos livros antigos, a “Ilha dos Ratos” mencionada por Fr. André Thevet (em 1556).
É a segunda em tamanho, com 6,8 Km², rochas escuras e paredões abruptos. Foi habitada por faroleiros e seus familiares, no tempo em que o seu farol de orientação precisava da manutenção humana.
A morte de crianças pelo atraso na chegada de água na Ilha Rata, devido às dificuldades de acesso, motivou a colocação do farol automático. Foi ainda base do experimento comercial da “Companhia de Guano”, que explorou o “guano” (fosfato de cálcio) abundante em toda a sua superfície, resultado do acúmulo de excrementos de aves marinhas solidificados, considerado “o maior deposito de fosfatos zoógenos do Brasil”.
Destacam-se nela o Pontal da Macaxeira e a Ilha do Lucena, que na maré alta já se configura como uma outra ilha. Escadas de ferro encravadas na rocha permitem o acesso de estudiosos e controle da Marinha.
3. Ilha do Meio
Localiza-se entre a Ilha Rata e o rochedo Sela Gineta. Possui base mais estreita do que seu topo e a arrebentação das ondas nos seus paredões formam cavidades, muito apreciadas quando é costeada nos passeios marítimos.
4. Ilha Rasa
Localizada próxima ao rochedo Sela Gineta e ao lado da ponta da Air France, na ilha principal, é arenítica, com um topo suave. É a mais baixa em altura de todas as ilhas secundárias, tendo o seu topo com solo erodido e cheio de espaços pontiagudos. Tudo indica que essa ilha já esteve associada ao corpo da ilha principal, num período de mar abaixo do que o atual.
5. Ilha São José
É composta de rochas basálticas, escura e está ligada à praia, na região da Air France, na ilha principal, por um tômbulo de seixos negros, semelhantes a um arrecife uma das provas da união entre as ilhas no passado), que permite o acesso a pé nas marés baixas.
No alto foi construído, no século XVIII, o Forte de São Jose do Morro, o único, do sistema defensivo então implantado no arquipélago, fora da ilha principal, com a função de defender a Baía de Sto. Antônio, que fica à sua frente.
6. Ilha do Cuscuz
Rocha fonolítica situada próxima ao morro de São José, tem seu nome originado na semelhança do “cuscuz nordestino”, alimento feito à base de milho.
7. Ilha do Lucena
Ponta da Ilha Rata que vem se separando, pela ação do mar. Na maré baixa, ainda se percebe a ligação com esta ilha.
8. Ilha do Chapéu do Nordeste
Pequena formação junto às rochas de acesso ao Morro de São José.
9. Ilha Cabeluda
Semelhante ao Rochedo Sela Gineta, é também uma rocha fonolítica e está situada na saída da Baía Sueste, no mar-de-fora.
10. Ilha do Chapéu do Sueste
Assemelha-se às Ilhas do Meio e Rasa na sua formação, e apresenta-se como um pequeno cogumelo. Seu topo é ampliado e a base próxima à altura das ondas é mais estreita, formando um platô logo abaixo, onde podem ser apreciados aratus e caranguejos.
11. Ilha dos Ovos
Situada em frente à Enseada do Abreu, entre a Baía Sueste e a Praia de Atalaia, é também fonolítica.
12. Ilha Trinta-Réis
Pequeno alto fonolítico esbranquiçado pela presença do guano em abundância, localizado próximo ao “Chapéu do Sueste”, no mar-de-fora.
13. Rochedo Sela Gineta
Composta por uma rocha fonolítica, está situada entre as ilhas Rasa e do Meio, destacando-se pela sua imponência topográfica. Seu nome decorre da sua semelhança com a sela de um ginete.
14. Rochedo Dois Irmãos
Duas ilhas muito semelhantes entre si, formadas por rochas vulcânicas de cor escura, sobre as quais existem depósitos de “guano”, que lhes acrescenta um ar esbranquiçado de rara beleza.
É o mais significativo formato de afloramento vulcânico do arquipélago, tendo inspirado uma das famosas lendas de Fernando de Noronha: a LENDA DO PECADO, que o considera “os seios de uma mulher gigantesca, petrificados por castigo de haver pecado”.
15. Rochedo da Ilha do Frade
Afloramento de rocha fonolítica, nela pode-se observar fraturas na sua composição. Assemelha-se a um frade sentado, de capuz, como em posição de oração. Já foi chamada “Ilha dos Sinos”, pelo barulho do mar batendo nas rochas.
16. Rochedo próximo à Ilha dos Ovos, no mar-de-fora
17. Rochedo situado próximo à Ponta das Caracas e à Baía Sueste
18. Rochedo do Morro do Leão
Rocha fonolítica semelhante ao rochedo Sela Gineta, está situado no mar-de-fora, junto à Praia do Leão, assemelhando-se a um leão-marinho, deitado, vindo daí o seu nome.
19. Rochedo do Morro da Viuvinha
É também uma rocha fonolítica, situado junto ao Rochedo do Leão, na mesma praia, no mar-de-fora. É um local de nidificação de aves, ou seja, uma área onde é comum as aves fazerem seus ninhos.
20. Rochedos das Pedras Secas
Três pequenas formações fonolíticas, localizadas no mar-de-fora, distantes do conjunto do rquipélago de Fernando de Noronha, na direção da praia de Atalaia e da Enseada da Caeira. Chamados de “escolhos” por Américo Vespúcio, em 1503, na sua carta descritiva da abordagem feita face ao naufrágio ocorrido nessa proximidade, é o lugar onde começa a história oficial de Fernando de Noronha.
História do Arquipélago de Fernando de Noronha
Além das praias, baías e natureza riquíssima, o arquipélago de Fernando de Noronha também reserva outras surpresas para os turistas.
São 500 anos de história, que tornam o Arquipélago, além de um Patrimônio Natural, um verdadeiro Patrimônio Histórico que merece ser visitado e, sobretudo, preservado.
Conheça, nesta seção, um pouco mais sobre as histórias do arquipélago de Fernando de Noronha, desde o seu descobrimento até hoje.
Períodos Históricos do Arquipélago de Fernando de Noronha
PERÍODOS DE ABANDONO, OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA E DE ABORDAGENS (1500 / 1736)
1500 – Aparece no Mapa de Cantino com o nome “Quaresma”.
1503 – Descoberta por Américo Vespúcio, integrante da Expedição Exploratória, comandada por Gonçalo Coelho.
1504 – Doada, em forma de Capitania Hereditária, ao fidalgo português FERNAN (ou FERNÃO) de LORONHA, financiador da Expedição de 1503.
1505 – Resgatados os últimos náufragos da expedição de 1503, por um navio que vinha da Normandia (de Binot Paulmier de Goneville).
1534 – Desembarque do viajante alemão Ulrich Schmidel, que lá permanece por alguns anos.
1556 – Abordada por franceses que vinham do Rio de Janeiro (Fr. André Thevet, companheiro de Villeigagnon).
1558 – Costeada por franceses que vinham do Rio de Janeiro (Jean de Lèry, companheiro de Villeigagnon).
1577 – Abordada pelo navegador inglês Francis Drake, que tentava correr o mundo.
1612 – Abordada, por 15 dias, pelos franceses que iam para o Maranhão. (Fr. Claude d’Abeville, companheiro de Daniel de la Touche, Senhor da la Ravardière).
1619 – Vigiada por uma expedição portuguesa, que desembarca na ilha e a descreve (Pedro de Castro).
1626 – Abordada por holandeses que lá param para se refrescar.
1629 / 1654 – Posse Holandesa, sob o comando de Corlizon Jol, o “Perna de Pau”.
1631 – Arrendada a Michel de Pavw (nome: “Pavônia”).
1654 – Entrega da Ilha, após rendição holandesa em Pernambuco.
1700 – Transferida a posse da Ilha para Pernambuco, que nada fez para ocupá-la.
1736 – Ocupada pelos franceses da Companhia das Índias Orientais, que nela se instalam por um ano (nome: “Isle Delphine” ou “Dauphine”).
PERÍODO DE OCUPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO (1737 / 2003) de Arquipélago de Fernando de Noronha
1737 – Retomada por Pernambuco, Construção da Vila e do Sistema Fortificado. Início da Colônia Correcional.
1739 – Desterrados para Fernando de Noronha todos os “ciganos” do Brasil, tido como “vadios”.
1745 – Passagem de Juan e Ulloa (espanhóis).
1760 – Visita de um navio sueco. Relato de Ekeberg.
1816 – Passagem da missão francesa. Debret pinta o Morro do Pico.
1817 – Rebelião de Pernambuco. Conseqüências para Fernando de Noronha: perda do que havia sido erguido e de todo o acervo, retirado por João de Barros Falcão de Lacerda.
1819 – Envio de índios das aldeias de Cimbres e Escada, para a prática da agricultura na Ilha.
1824 – Somente neste ano sabe-se, em Fernando de Noronha, que o Brasil já era Independente de Portugal.
1823 / 1827 – dministrada pelo Ministério da Guerra.
1832 – Passagem do cientista Charles Darwin. Descrição da Ilha.
1844 – Desterrados em Noronha os revoluciários da Farroupilha.
1877 / 1891 – Administrada pelo Ministério da Justiça.
1890 – Desterrados para Fernando de Noronha todos os capoeiristas do Brasil, considerados “desordeiros”.
1893 – Instalam-se os Ingleses da “South American Cables Ltda.”.
1914 – Transfere-se a concessão de cabos submarinos para os franceses (Cabo Submarino Francês).
1925 – Instalam-se os italianos da Italcable (Cabo Submarino Italiano).
1927 – Instala-se a Cia. Generale Aeropostale, (antecessora da Air France).
1930 / 1931 – Operam em Fernando de Noronha aviões alemães e franceses, no Correio Aéreo Sul.
1934 – Constrói-se a 1ª Pista de Pouso de Fernando de Noronha, pelo Departamento de Aeronáutica Civil.
1938 – Entrega da Ilha à União, para a Instalação de um Presídio Político.
1942 – Instala-se em Noronha o destacamento Misto, para ações de Guerra (II Guerra Mundial).
Instala-se uma base da Marinha Americana, próximo à Baía Sueste. É construída a segunda Pista de Pouso.
Criado o Território Federal de Fernando de Noronha
1942 / 1981 – Exército
1981 / 1986 – Aeronáutica
1986 / 1987 – EMFA
1987 / 1988 – MINTER
1946 – Criado, na ilha, um Destacamento da FAB, para controle de vôos e para serviços de metereologia.
1957 / 1965 – Instalam-se os americanos no Posto de Observação de Mísseis Teleguiados, próximo ao Boldró.]
1988 – Criado o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Reintegrado ao Estado de Pernambuco, tornando-se Distrito Estadual, comandado por um Administrador, indicado pelo Governador do Estado.
2001 – Tombada pela UNESCO como “Sítio do Patrimônio Mundial Natural”, título entregue em 2002.
2003 – Comemorações dos 500 anos do “descobrimento” do Arquipélago de Fernando de Noronha.
Resumo Histórico de Arquipélago de Fernando de Noronha
A ocupação de Fernando de Noronha é quase tão antiga quanto a do continente. Em decorrência da sua posição geográfica, o arquipélago foi uma das primeiras terras localizadas no Novo Mundo, registrada em carta náutica no ano de 1500 pelo cartógrafo espanhol Juan de La Cosa e em 1502 pelo português Alberto Cantino, neste com o nome “Quaresma”.
Sua descoberta, em 1503, é atribuida ao navegador Américo Vespúcio, participante da segunda expedição exploratória às costas brasileiras, comandada por Gonçalo Coelho e financiada pelo fidalgo português Fernão de Loronha, cristão novo, arrendatário de extração de Pau-Brasil.
“O paraíso é aqui.” Assim Américo Vespúcio descreveu o Ilha em 1503, que chamou de São Lourenço .
“O paraíso é aqui”, disse Vespúcio quando abordou aquela ilha deserta em l0 de agosto de 1503, logo após o naufrágio da principal nau das seis que compunham a expedição.
A carta que escreveu, a LETTERA, é o primeiro documento relativo à Ilha, a qual chamava de São Lourenço, fala de “infinitas águas e infinitas árvores; aves muito mansas, que vinham comer às mãos; um boníssimo porto que foi bom para toda a tripulação”.
Em decorrência da descoberta, em 1504, foi doada a Fernão de Loronha, que havia financiado a expedição. Foi a primeira Capitania Hereditária do Brasil, porém jamais ocupada pelo seu donatário.
Invasões estrangeiras no Arquipélago de Fernando de Noronha
Abandonada por mais de dois séculos e situada na rota das grandes navegações, foi abordada por muitos povos, sendo ocupada temporariamente no século XVII por holandeses (que a chamaram “Pavônia”) e no século XVIII por franceses (que a rebatizaram de “Ile Delphine”).
Esse ponto vulnerável a invasões motivou a definitiva ocupação por Portugal, através da Capitania de Pernambuco, a partir de 1737, sendo construído o sistema defensivo com dez fortificações – “o maior sistema fortificado do século XVIII no Brasil” -, dentre os quais a Fortaleza de N.Sª dos Remédios. A maioria desses fortes estão de pé ainda hoje e dos demais restam evidências arqueológicas.
Na mesma época, o Arquipélago transformava-se num Presídio Comum, para presos condenados a longas penas. Foram esses presidiários a mão-de-obra que ergueu todo o patrimônio edificado e o sistema viário que interliga vilas e fortes.
O cruel regime possuía até mesmo solitárias e leitos de pedra, nos quais o prisioneiro mal podia se virar de lado.
Por medida disciplinar, a fim de evitarem-se fugas e esconderijos de presos, desde essa época a vegetação original foi sendo derrubada, alterando o clima do arquipélago. Por essa razão, somente em alguns locais da ilha pode ser vista um pouco da cobertura vegetal original, como na Ponta da Sapata, na encosta do Morro do Pico e nos mirantes do Sancho, Baía dos Golfinhos e Praia do Leão.
Interesse Científico
Cientistas ilustres visitaram o arquipélago em diversas épocas, como o naturalista Charles Darwin, pai da Teoria da Evolução das Espécies, em 1832.
Todos foram atraídos pela sua grande biodiversidade e levantaram dados sobre o meio ambiente, descrevendo-o em trabalhos memoráveis. Também no século XIX, artistas como os franceses Debret e Laissaily registraram em tela a ocupação humana.
Período Militar no Arquipélago de Fernando de Noronha
Em 1938 o Arquipélago Fernando de Noronha foi cedido à União, para a instalação de um Presídio Político. Em 1942, durante a II Guerra Mundial, criava-se o Território Federal Militar, juntamente com o Destacamento Misto de Guerra e a aliança com a Marinha norte-americana, que instalou na ilha uma Base de Apoio, com cerca de 300 homens.
Nesse período, uma superpopulação de mais de 3.000 expedicionários condicionaram a construção de casas pré-moldadas, para abrigá-los. De 1942 a 1988, a ilha foi administrada por militares: Exército, até 1981; Aeronáutica, até 1986; e EMFA, até 1987.
Ainda território federal passou para o MINTER, tendo o seu único Governador Civil. Nesse período, entre 1957 e 1965, houve uma nova presença americana, no Posto de Observação de Mísseis Teleguiados.
Em 1988, por força da Constituinte, foi reintegrado ao Estado de Pernambuco, sendo hoje um Distrito Estadual. Também em 1988 foi criado o Parque Nacional Marinho, coexistindo, no espaço de 26 km², o PARNAMAR/FN e a Área de Proteção Ambiental estadual.
Em 13 de dezembro de 2001, a UNESCO considerou o arquipélago SÍTIO DO PATRIMÔNIO MUNDIAL NATURAL, tendo o diploma sido entregue em 27 de dezembro de 2002.
Em 2003, comemorou-se 500 anos da entrada de Fernando de Noronha na história dos homens. 500 anos da sua primeira abordagem, de sua descrição, por um dos maiores navegadores da história, Américo Vespúcio.
Patrimonio Arqueológico, Arquitetônico e Urbanístico do Arquipélago de Fernando de Noronha
Outros Conjuntos Urbanos
Vila do Trinta
Construída a partir da ocupação militar de 1942, em torno do quartel do Exército (o 30º Batalhão de Caçadores) tem seu nome originário desse “30”, pintado no telhado do quartel. Ao seu redor ficava a “Vila dos Sargentos”, datada de 1975.
O antigo quartel (o 30º BC) abriga hoje o supermercado da ilha e diversos outros serviços. Ao seu lado, está o prédio da antiga “Usina Elétrica”, de 1942, e as casas que foram sendo acrescentadas. Atualmente, o prédio é chamado de “Centro de Convivência”.
Ao lado da Vila, um grande prédio serve hoje como peixaria e padaria e foi um dos espaços de abastecimento da ilha, na época dos militares, por eles chamado de “Armazém Reembolsável”. Em frente, ficavam casas que abrigavam os oficiais.
Vila da Floresta Velha / Escola (1964)
Ocupado a partir de 1964, aí foram construídas casas para oficiais do Exército e o prédio da Escola Arquipélago (antigamente chamada “Unidade Integrada de Ensino”).
Por trás desse núcleo urbano está o cemitério da ilha, que data de 1843, ampliado em 1883. Nele existiu uma capela em louvor a Nª Sª da Conceição, hoje destruída. Próximo a ele localizam-se casas construídas sobre bases dos grupamentos de guerra.
Em frente a esse conjunto, ergueu-se a Vila para Cabos, com casas pré-moldadas e, mais tarde, aí se instalou uma das igrejas evangélicas da ilha.
Vila da Floresta Nova (a partir de 1987)
É uma vila de casas de madeira, típicas do Paraná, construída a partir de 1987, durante a gestão do Ministério do Interior e do primeiro Governador Civil da Ilha. Nessa área, no alto do morro, localiza-se o Sistema Golfinho de Rádio e TV, em construção pré-moldada.
Parque dos Flamboyant (Bosque)
Uma praça de convivência, arborizada e com equipamentos de lazer, foi definida no período militar e ganhou ampliações e ajardinamento em épocas diversas. Nas suas imediações ficava o prédio que abrigou a segunda escola da ilha, demolido durante o governo da Aeronáutica.
Casas Pré-moldadas da Rua São Miguel
Seqüência de casas pré-moldadas, da Vila de Cabos do período militar, na antiga Rua do Sol, hoje Rua São Miguel. Em frente a essa vila, algumas casas diferenciadas existem, inclusive a que serviu como Clube de Mães. Existem ainda as Vilas de Soldados (“Vila Fruta-Pão”).
Do lado esquerdo da Rua São Miguel (antiga Rua do Sol), restam marcas das antigas casas que foram demolidas para o alargamento da rua, no período do Exército.
Vila dos Três Paus
Pequeno núcleo urbano localizado fora da pista principal, é um aglomerado circular surgido neste século, provavelmente para abrigar presidiários e suas famílias. Em um período de tempo, durante a ocupação miltar, aí funcionou um pólo de lazer: a “Boite Três Paus”.
Porto
Usado como porto desde o descobrimento, a enseada de Sto. Antônio foi sempre local de carga e descarga das embarcações que chegavam ou saíam do arquipélago. Um molhe em madeira e ferro foi construído durante a II Guerra Mundial, para permitir a atracação de navios e o descarregamento de canhões.
A partir de 1987 um molhe definitivo foi erguido, com pedra obtidas com a dinamitação do Morro Boa Vista, não estando ainda totalmente concluído. Diversos equipamentos turísticos apoiam esse local, onde são colocadas as embarcações de pesca e de mergulho.
Air France
Local onde se instalaram os franceses em 1927, para apoio à navegação aérea. Possuía três edificações, para moradia dos técnicos e guarda do material de trabalho. Hoje, restaurada, a casa que resta tornou-se o “Espaço Cultural Air France”, abrigando a Associação de Artistas e Artesãos Noronhenses.
Alameda do Boldró
Área onde se instalaram os americanos em 1957, no Posto de Observação de Mísseis Teleguiados. Nessa Alameda estão a Usina Termoelétrica Tubarão, a Usina Piraúna, o Hotel Esmeralda, a sede do Projeto TAMAR, a sede do IBAMA e diversas casas de moradores diversos.
Mais adiante, de frente para o mar, fica o Bar Mirante do Boldró. Na parte baixa, junto ao mar, um outro bar atende aos que freqüentam essa praia.
Basinha
Próximo ao Forte de São Pedro do Boldró está o Hotel que abriga os técnicos da administração do arquipélago, quando a serviço na ilha. São casas de madeira, semelhantes àquelas usadas na Floresta Nova e tem capacidade para hospedar 16 pessoas.
Em frente ao hotel, outras casas do mesmo material abriga técnicos em serviço que necessitam residir na ilha, como médicos, professores, pessoal da eletricidade e tratamento d’água, entre outros.
Vila da Quixaba
Um dos núcleos urbanos primitivos da ilha, ergueu-se em torno da Capela de Nª Sª da Conceição e do “Alojamento de Sentenciados”, belo casarão que foi destruído por uma explosão, na época da II Guerra Mundial. Fora a capela e o prédio de grande porte, 28 casas serviam de residência aos presos em regime aberto.
A capela de Nª Sª da Conceição teve três sucessivas fases de construção. Erguida por sentenciados, ruiu, sendo reconstruída e novamente desabando em noite de temporal.
A face atual da capela data da segunda metade do século XVIII, sendo sua terceira construção. É uma edificação de pequenas proporções, em pedra, com uma porta central e altar em massa, com detalhes curiosos que, analisados no final de 1999, incentivaram a sua completa restauração.
Foi restaurado também todo o edifício e seu entorno. A intervenção salvou a memória da antiga Vila da Quixaba e incentivou o ínicio de uma ação, na linha de Educação Patrimonial, de pesquisa arqueológica no entorno da mesma, para identificação da antiga casa de repouso sacerdotal e do antigo “Alojamento do Presídio”, outrora existente.
Os trabalhos, realizados em 1999, orientaram a colocação de um painel informativo em cerâmica, ilustrado com fotos, apresentando uma retrospectiva completa do espaço Vila da Quixaba e das etapas de restauração.
Patrimônio Edificado Isolado
Casa grande do Sueste
No caminho velho do Sueste fica essa edificação, que é, provavelmente, a mais antiga casa construída na ilha.
Servia como residência de veraneio dos comandantes do presídio e abrigou, em dois momentos, o hospital de beribéricos, pelo clima no seu entorno e a grande quantidade de frutas cítricas existentes nas proximidades. Próximo a ela está a Barragem da Pedreira, resultante da dinamitação do morro Boa Vista, para a obtenção de pedras para a construção do molhe no porto.
Frigorífico Velho
No caminho da Praia de Atalaia está esta grande construção, do tempo da presença americana na II Guerra Mundial. Hoje sem uso, é um edifício de grandes proporções, possível de ser incluído no processo de requalificação de prédios.
Hotel de Trânsito da Aeronáutica
Uma edificação de grande porte, localizada no morro de Sto. Antônio, teve três diferentes períodos de construção e usos diversos.
Ali existiu a Estação Metereológica da Marinha, ainda de pé em 1934, quando foi retratada por Percy Lau.
Sob suas ruínas ergueu-se a casa do Governador militar do Exército, na década de 60. Mais tarde, foi demolida para dar lugar à edificação atual, também residência governamental até a reintegração do Arquipélago a Pernambuco, quando a área foi doada para o Ministério da Aeronáutica, servindo como Hotel de Trânsito para autoridades em visita a Fernando de Noronha.
Capela de São Pedro dos Pescadores
Pequena capela localizada na parte alta da região da Air France, não possui culto regular, somente sendo utilizada por ocasião da Festa de São Pedro, quando daí parte a “Buscada Marítima” em louvor ao patrono dos pescadores. A área é um excelente mirante.
Patrimônio Edificado da Vila dos Remédios
Igreja de Nª Sª dos Remédios
A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios é o principal templo católico no arquipélago de Fernando de Noronha, teve sua construção iniciada em 1737 e concluída toda a obra de estrutura em 1772, data que ostenta em sua fachada, sendo-lhe acrescidos os ornamentos e bens culturais móveis a partir de então, finalizando em 1784.
Foi essa devoção que inspirou a denominação do principal forte aí construído e de toda a Vila.
E a Virgem dos Remédios foi tomada como padroeira do presídio comum desde 1768. Em 1789 esse templo foi eclesiasticamente ligado à Paróquia de São Frei Pedro Gonçalves, como extensão da mesma. Essa dependência existe até os nossos dias.
Em 1891 acontece a sua primeira grande restauração, seguidas de novas intervenções em 1915 e em 1919. A última e fidedigna restauração aconteceu em 1988, com recursos federais, e teve sua inauguração presidida pelo Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara.
Em 1997, o templo foi revitalizado pela pintura e iluminação noturna, sobressaindo-se na paisagem à noite.
Em 1981, esta igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sendo o segundo monumento a receber esse diferencial, no arquipélago. Em 1998, ocorreu a revitalização da igreja pela pintura, quando o templo voltou a ter suas cores originais.
Palácio São Miguel
Sede da administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, foi construído em 1947/48, por sobre as ruínas da antiga “Directoria do Presídio”.
Esta era um casarão colonial situado no centro da praça d´armas da Vila dos Remédios, com janelas ogivais, um só pavimento e grande escadaria de acesso.
O palácio foi erguido por pessoas da própria ilha, sob a coordenação do ex-preso político comunista Mariano Lucena.
Sua construção e alteração arquitetônica teve como objetivo acolher a sede do governo do Território Federal Militar. Em alguns períodos de governo, o pavimento inferior serviu também como residência do Governador.
No seu interior, em algumas paredes, foram deixadas evidências da construção anterior, em pedra, fruto da mão-de-obra carcerária então existente.
Inaugurado em 1948, possui móveis de meados do século e duas telas de valor ornamental e de grande porte, obras do pintor pernambucano Wash Rodrigues, levado a Noronha exatamente para executar esse trabalho.
Há também um vitral, com a imagem do arcanjo São Miguel, em tamanho natural, feito pela vitralista Aurora Lima, discípula do artista alemão Henri Moser, restaurado no ano 2000 por seguidores da escola de Moser.
Antigo Armazém de Produtos Agrícolas
Armazém Agrícola
Uma edificação com o maior volume da arquitetura civil de Noronha, como o comprova a iconografia de muitos períodos, na qual o prédio aparece com muitos usos. É hoje objeto de interesse como marco da recuperação da cenografia da Ilha.
Entre várias funções, serviu como residência do Diretor do Presídio, armazém de produtos agrícolas, almoxarifado, padaria, marcenaria, aquartelamento de soldados no período da II Guerra Mundial e, novamente, como residência de ilhéus. Por fim, abandonado, começou a se deteriorar, sabendo-se com certeza que ele estava de pé e ainda coberto em 1972.
Os danos na edificação já são bastante significativos e precisam ser combatidos, para que não haja a perda total desse excelente exemplar da arquitetura civil da ilha. A principal proposta de requalificação é transformá-lo em um espaço cultural contemporâneo, pela sua excelente localização e proporções arquitetônicas.
Em 2003, foi registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos – CNSA -, do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Antigo Armazém de Cereais
Armazém de Cereais – uma edificação de grande porte, localizada no final da praça diante da Igreja dos Remédios, servia para a estocagem de cereais e, depois, como “garagem do presídio”.
Abandonada, foi sendo destruída e, em 1990, parte dela foi restaurada para abrigar o Terminal Turístico da praia do Cachorro, como apoio aos cruzeiros marítimos iniciados naquele ano e hoje abriga o famoso “Bar do Cachorro.
Antiga Aldeia de Sentenciados
Única edificação remanescente do sistema carcerário que funcionou em Fernando de Noronha por mais de 200 anos, a “Aldeia dos Sentenciados” é uma construção notável, de grande porte, com espaços internos bem definidos, projetado para abrigar presos solteiros.
Localizado na Vila dos Remédios, na antiga Praça d´Armas, próxima ao Palácio São Miguel, teve – no século passado e a partir da permissão para serem enviadas mulheres presas ao arquipélago – também a denominação de “Presídio Feminino”, por abrigar as sentenciadas.
No seu interior, existiram celas coletivas, espaços para presos confinados, padaria, refeitório, cozinha, setores administrativos e pátios internos “a céu aberto”.
Diante dessa edificação os presos de bom comportamento, que residiam com suas famílias, eram obrigados à chamada matinal a cada dia. Ao seu lado ficam as ruínas do Clube Atlântico, erguido sobre o que restava do antigo chalé do Cabo Francês. Durante a II Guerra Mundial, o edifício abrigou soldados. Depois, abandonado, passou a servir como residência improvisada, situação que mantém até hoje.
Jardim Elizabeth
Espaço utilizado como local de aclimatação de plantas, desde o século XVII, foi também a “Horta da Vila”, pensada para abastecer a Vila dos Remédios de produtos agrícolas. Possui ainda pontes, terraços apropriados para a agricultura, estradas em pedra, fora a farta vegetação.
É também um marco funcional de Noronha, como porto de reparo de navios, usando-se o material abundante nessas áreas de reflorestamento permanente.
Redescoberto em 1997, quando do levantamento dos elementos que orientariam a implantação do “Projeto Trilhas Ecoturísticas”, constitui-se um aprazível recanto, que tem hoje um fluxo turístico constante.
Vias Seculares
Núcleo original, erguido no século XVIII, a Vila dos Remédios exigiu a construção de acessos por toda a ilha, interligando-a aos outros pontos ocupados e gerando um sistema viário feito em pedra, com a mão-de-obra carcerária.
Destacam-se a Estrada do Pico, a Estrada da Porto, a Rua da Estrela, a Estrada da Ponte. Todos esses caminhos aparecem na planta de José Fernandes Portugal, feita em 1798.
Essas vias de acesso foram se degradando com o uso e, sobretudo, com a introdução do veículo para locomoção na ilha. Grandes trechos sem pedra, apresentam problemas de decomposição do calçamento, ameaçados no seu uso pela fragilidade de todo o sistema.
Bica da praia do Cachorro
Uma bica secular, que serve para banho de água doce daqueles que usam a Praia do Cachorro como lazer. Localiza-se ao lado do Reduto de Sant’Anna, implantado no século XVIII.
Está parcialmente arruinada, não existindo mais a cara de cachorro que lhe deu o nome e que era em bronze, num belo trabalho artístico. Existem registros dessa área desde o começo do século passado, sendo a bica utilizada ainda hoje.
Antiga Escola
As primeiras experiências de ensino, em Noronha, foram improvisadas. Usou-se a sacristia da igreja como ponto de apoio à escola. No final do século passado, algumas edificações simples, erguidas para serem residências, foram improvisadas como escolas para meninos e para meninas.
Já neste século, na Praça d´armas, defronte à “Directoria do Presídio”, uma edificação foi construída para ser escola, com duas salas de aula (classe feminina e classe masculina) e a diretoria escolar.
Um solário completava a bela edificação, com o brasão da República no alto. No período da II Guerra Mundial, essa casa foi usada como sede da Rádio PTI, acrescentando-se no solário os espaços que atendiam a esse fim e uma antena na parte posterior.
Para acesso ao solário uma escada foi colocada também na parte posterior do prédio.
Abandonada, a edificação arruinou-se quase que completamente, sendo salva pelo Banco Real, já implantado na ilha desde 1975 (em sala do Palácio São Miguel), que o adaptou para abrigar a agência bancária. Na impossibilidade de restaurar-se o solário, foi-lhe colocado um telhado em telha canal, semelhante ao que foi utilizado na igreja vizinha. Dentro da agência, um painel retrospectivo demonstra, iconograficamente, as faces dessa edificação, através dos tempos.
Vila dos Remédios
Apesar de descoberto em 1503 e doado como Capitania Hereditária em 1504, o Arquipélago de Fernando de Noronha permaneceu abandonado por mais de dois séculos, recebendo abordagens passageiras de navegadores de várias nacionalidades.
No século XVII os holandeses ali permaneceram por 25 anos. Quase nada existe como marca desse tempo, afora uma parte das muralhas da atual Fortaleza dos Remédios (onde um reduto fora por eles construído, em 1629) e os espaços dos experimentos agrícolas.
Os relatos desse tempo falam de “armazéns”, “casas de moradia”, “entrepostos de mercadorias”, “curral”, “hortas”, uma pequena “Congregação Reformada Calvinista” entre outras evidências construtivas para uma ocupação tão longa.
Além dos “Jardins Elizabeth”, onde culturas eram experimentadas, sobretudo o anil. E o espaço dessa “Vila” holandesa foi justamente onde se fez a VILA DOS REMÉDIOS, no século seguinte, após a definitiva ocupação por Portugal, através da Capitania de Pernambuco.
A Vila dos Remédios foi o local escolhido tanto pelos holandeses como pelos luso-brasileiros como principal núcleo urbano no arquipélago de Fernando de Noronha.
As condições estratégicas deste local eram evidentes: próximo a uma corrente d’água denominada Riacho Mulungu e de outras nascentes; de fácil acesso à Enseada do Cachorro, que servia eventualmente de ancoradouro; a nascente de água potável transformada depois na Bica do Cachorro; o acesso direto à nova fortaleza (Remédios).
Tudo fazia crer ser esse o local ideal para a implantação da principal Vila.
Desenvolvimento Urbanístico da Vila dos Remédios
Fortaleza Nossa Senhora dos Remédios
O traçado urbanístico da Vila dos Remédios no arquipélago de Fernando de Noronha, com sua estrutura planejada, era composto por dois pátios (duas unidades espaciais). No espaço superior, ficava a Administração, o poder civil, e no inferior, a igreja, o poder religioso.
Toda a área foi calçada em pedra e as edificações construídas foram sempre de grande porte. Vale destacar que uma das principais funções da Vila, na sua origem, foi dar suporte ao sistema carcerário também implantado a esse tempo. Estrategicamente a vila não deveria ser vista do mar.
A VILA DOS REMÉDIOS no arquipélago de Fernando de Noronha despontou como o principal núcleo urbano da ilha.
Nela ficavam, a partir do século XVIII, a administração, com seus prédios públicos, os alojamentos carcerários e oficinas para presidiários, a Igreja, a praça de comando ou praça d’armas, as casas de moradia, o almoxarifado, a escola, o hospital e os armazéns para estocagem da produção agrícola e gêneros vindos do continente.
Também fez surgir o sistema viário calçado por toda a ilha, utilizando o modelo “cabeça de nego”, havendo sempre a preocupação com a drenagem das águas pluviais e a conservação do solo, procedimento este adotado nos pátios e ruas que definem a vila.
Durante mais de duzentos anos esse núcleo foi sendo usado e conservado na sua estrutura original, com pequenas modificações e inclusões. Em 1938, quando da entrega do arquipélago à União, arquitetonicamente a vila estava extremamente bem cuidada.
As grandes interferências e desfigurações foram sentidas, na sua maior parte, a partir de 1942, com a ocupação ocorrida na II Guerra Mundial.
Perdeu-se, então, parte da face urbana antiga, surgindo a influência da construção pré-fabricada, pela sua praticidade em tempos de emergência, tornando-se um referencial nessa tecnologia.
História, Geografia e Turismo do Arquipélago de Fernando de Noronha