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Quem deseja conhecer o modo de vida das famílias abastadas da São Luís dos séculos passados, seus costumes, hábitos e curiosidades não pode deixar de visitar o Museu Histórico e Artístico do Maranhão.
Sediado em um solar do século XIX, o órgão reconstrói as moradias de uma São Luís que ficou no tempo.
Com um rico acervo, composto por aproximadamente 10 mil peças, o museu foi inaugurado em 28 de julho de 1973, data em que se comemora a adesão do Maranhão à Independência do Brasil.
Na casa é possível manter contato com uma cidade que há muito deixou de existir. “Montamos o museu de forma a dar a noção de como as famílias moravam e viviam naquela época”, destaca a responsável pelo setor de museologia, Conceição Monteiro Ribeiro.
Quem chega ao solar tem, logo na entrada, a noção da suntuosidade do imóvel.
Construído com material trazido do Vale do Itapecuru pelo fazendeiro José Inácio Gomes de Sousa, que edificou o solar em 1836, a casa conserva grande parte de suas características originais.
“É claro que tivemos de adaptar alguns cômodos nos quais funcionam a parte administrativa do museu, mas o imóvel é praticamente original”, orgulha-se Conceição Ribeiro.
Vídeo sobre o Museu Histórico e Artístico do Maranhão
Museu Histórico e Artístico do Maranhão - Parte 1
Museu Histórico e Artístico do Maranhão - Parte 210:28
Museu Histórico e Artístico do Maranhão - Parte 314:10
No pavimento térreo estão situados o jardim, saguão de entrada, loja, sala de monitoria e a sede administrativa, além do Teatro Apolônia Pinto.
No piso superior os 14 cômodos apresentam sala de estar, sala de música, quartos do casal, da moças, do rapaz, além de cozinha e sala de costura.
O hall de acesso no térreo, utilizado como ponto de distribuição entre os setores do solar e como abrigo de veículos como charretes e outros, também abriga a escadaria de acesso aos salões de recepção da morada.
A planta em forma de “U” zonifica a construção em alas: a ala social, destinada a receber as visitas e as pessoas menos íntimas, que não poderiam ou não deveriam ter acesso ao resto das dependências da casa; a ala íntima, composta de quartos e salas de vestir e também a varanda, onde se faziam as refeições; e a ala de serviço, composta de cozinha, depósitos e alcovas.
Esta distribuição era somente do primeiro piso, já que no térreo era destinado ao serviço e a circulação dos escravos, com exceção do teatro, um diferencial do imóvel, onde Arthur Azevedo chegou a ensaiar algumas de suas peças.
O espaço recebeu o nome de Teatro Apolônia Pinto, em homenagem à 1ª dama do teatro maranhense. No local também há um poço.
Em 1857, o senhor Alexandre Colares Moreira, um dos proprietários do solar, comprou o terreno ao lado e abriu portas e janelas para acesso a ele, transformando-o em um belo jardim. No local, hoje, esculturas de deuses gregos e o um chafariz que foi removido da Avenida Silva Maia (Centro).
Acervo do Museu Histórico e Artístico do Maranhão
Composto em sua maioria de doações, o acervo traz peças curiosas como as escarradeiras ou cuspideiras e a cadeira trono (usada dentro do quarto, é feita em madeira e desempenhava a função de um sanitário.
“As casas de antigamente não tinham banheiros internos, então a cadeira trono era usada pelos senhores durante a noite e, pela manhã, os escravos jogavam fora os excrementos depositados no penico”, explica Conceição Ribeiro.
Além destas peças, um berço de balançar, porcelanas francesas, portuguesas e inglesas, máquinas de costura movidas à manivela, além de um rico mobiliário da primeira metade do século XIXI chamam a atenção do visitante.
Na sala de estar, uma estante em madeira, presente do então presidente da Argentina Júlio Roca, traz ricos desenhos que representam pontos turísticos de São Luís e de Buenos Aires, entalhados na madeira.
O visitante também pode ver os manuscritos da segunda edição de “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo e “Malazarte”, de Graça Aranha, entre outras raridades como partituras e um violino que pertenceu ao escritor Dunshe de Abranches.
Azulejaria de origem diversa, porcelana, coleção numismática, vidros, cristais, pinturas, esculturas, gravuras, arte sacra católica, arte de origem africana e acervo documental integram a coleção do museu.
Para montar o espaço, os organizadores tiveram como fonte de inspiração romances que relatam o modo de vida das famílias maranhense, a exemplo de “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo. Alguns ambientes foram criados de acordo com passagens do livro, como por exemplo, a cozinha.
Visite
Museu Histórico e Artístico do Maranhão
Onde: Rua do Sol, 302, Centro
Visitação: De terça-feira a domingo, de 9h às 18h
Guia de Turismo de São Luís do Maranhão e Nordeste