
As ruas de Alcântara, distante apenas 22 quilómetros de São Luís do Maranhão, conduzem o turista a um mergulho na história.
Nelas se alternam ruínas e casas que documentam o apogeu e o declínio da cidade, cujo nascimento remonta ao começo do século XVII.
Nos séculos seguintes, Alcântara cresceu graças à lavoura, sobretudo de cana-de-açúcar e, depois, de algodão, apoiada na mão-de-obra escrava – a presença maciça de descendentes de africanos é herança dessa época.
No início do Oitocentos, Alcântara era a terceira em importância na região, perdendo apenas para Belém e São Luís.
Como aconteceu com São Luís, o fim do modelo escravagista contribuiu para sua decadência; diferentemente da capital, porém, muitas de suas construções transformaram-se em ruínas.
Dos séculos de fausto, restou um conjunto de mais de trezentos prédios que a elevaram, em 1948, à condição de património nacional.
A placidez da antiga cidade contrasta com o fato de que, desde 1980, ela abriga uma base de lançamento de foguetes, a 7 quilómetros do centro.
A visita ao local ocorre às terças-feiras, a partir de São Luís, somente sob agendamento com a Secretaria de Estado do Turismo.
Faltam a Alcântara bons hotéis e guias credenciados, por isso a cidade vale um passeio de um dia para quem está em Sào Luís.
A melhor forma de alcançá-Ia a partir da capital é tomar uma lancha no terminal hidroviário: embora esteja no continente, o acesso de carro até ela – em uma estrada de condições muito ruins – pode levar até duas horas, contra uma hora e quinze minutos de navegação.
As lanchas saem às 7 e às 9 horas e retornam por volta das 17 horas, conforme as condições da maré.
Vídeo sobre a cidade de Alcântara no Maranhão

Alcântara no Maranhão
PONTOS TURÍSTICOS DE ALCÂNTARA
Alcântara já foi uma das cidades maranhenses mais ricas entre os séculos 18 e 19. Para conhecer esse reduto histórico, é preciso fazer uma travessia de barco. Os passeios partem do bairro Praia Grande, no centro histórico de São Luís.
A grande atração da cidade são os vestígios de épocas passadas, como as ruínas do mercado de escravos Palácio Negro e do prédio da prefeitura, onde funcionava uma cadeia pública no século 18.
Outras atrações são: Praça do Pelourinho, Museu Histórico e as ruínas da Igreja Matriz de São Matias, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, onde estão os restos de dois palacetes construídos por famílias que rivalizavam para receber o imperador Dom Pedro II e as praias da região.
MUSEU HISTÓRICO
Por pouco este sobrado de azulejos azuis e brancos não teve a honra de abrigar dom Pedro II.
Quando se anunciou que o imperador viria a Alcântara, a família Viveiros, que nele residia, começou a se preparar para hospedá-lo; o mesmo se deu com os Ferreira, que moravam do outro lado da praça da Matriz.
Com a proclamação da República, a visita foi cancelada. Sobrou, na antiga residência dos Viveiros, que desde 1977 funciona como Museu Histórico, uma cama de ferro que serviria ao imperador.
É um dos destaques da casa, onde viveu o jurista Clóvis Beviláqua. A escrivaninha dele, quadros, fotos antigas da cidade, jóias da igreja de São Matias e uma coleção de santos de pau oco completam o acervo. Pça. da Matriz , s/n, Centro Histórico.
CASA HISTÓRICA DO IPHAN
Constam em seu acervo objetos de ingleses e portugueses datados do período compreendido entre os séculos XVII e XIX. Uma bela coleção de azulejos, pinturas, móveis e porcelanas são as principais atrações. Pça. da Matriz, 7, Centro Histórico.
IGREJAS DE ALCÂNTARA
O cartão-postal de Alcântara mostra as ruínas de uma igreja – a de São Matias (pça da Matriz, Centro Histórico). Há relatos de que em 1662 já se erguia no local uma capela dedicada àquele santo.
A igreja propriamente dita começou a ser construída em 1648, mas nunca foi concluída e deixou de ser utilizada em 1884.
Já na igreja de Nossa Senhora do Carmo (lgo. Do Carmo, r. Grande, Centro Histórico), datada de 1665 e cujo interior foi restaurado em 2000, o altar-mor, a sacristia , o púlpito, a tribuna e os balcões chamam a atenção pela exuberância do estilo rococó.
A nave principal abriga jazigos antigos e azulejaria portuguesa.
Na igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (lgo. do Rosário, r. Dr. Silva Maia, Caravelas), o altar-mor se sobressai.
Como em todo o Brasil, também no Maranhão esta é a santa de devoção dos negros; ainda hoje é no seu adro que ocorre a festa em honra de são Benedito – outro santo negro – , celebrada na primeira lua cheia de agosto.
PELOURINHO DE ALCÂNTARA
Quando a notícia de que a escravidão fora abolida chegou a Alcântara, o pelourinho, que ficava diante da igreja de São Matias, na praça principal, foi arrancado a marteladas – e desapareceu.

Só em 1948 ele voltaria ao local, reencontrado por uma equipe do Projeto Rondon, que trabalhava na cidade por ocasião do seu tombamento.
Feita em pedra , essa coluna cilíndrica de quase 5 metros de altura e 40 centímetros de diâmetro é, hoje, o símbolo de um tempo que passou, mas não se apaga – como tudo o que é história.
FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
De origem portuguesa, a celebração do Divino Espírito Santo chegou ao Maranhão no século XVII, trazida por açorianos. Hoje, ela se estende por duas semanas sempre no mês de maio (a data é móvel) e mobiliza toda a população, em especial os descendentes de africanos.
A festa , uma das mais expressivas do Brasil, começa na quarta-feira que antecede o domingo de Pentecostes, quando o Mastro do Divino, com seus 10 metros de comprimento, é conduzido do porto até a praça da Matriz, onde ficará fincado enquanto perdurarem os festejos.
No topo do mastro é colocada a bandeira do Divino. Na chamada Quinta da Ascensão, um colorido e animado cortejo, formado por mestre-sala, caixeiras, bandeirinhas e uma orquestra, se dirige até a Casa do Divino, residência do imperador ou da imperatriz – os personagens se alternam anualmente – , que se junta ao grupo, acompanhando-o na caminhada rumo à igreja do Carmo onde é rezada missa e sào cantadas ladainhas.
Lá, coroa-se o(a) soberano(a), e uma pomba branca, que simboliza a paz, é solta. O cortejo volta, então, para a Casa do Divino onde, ao séquito, são servidas as ofertas: cálices de licor, xícaras de chocolate, bolos e o tradicional doce de espécie, feito por quituteiras de Alcântara, que mantêm a receita em segredo.
A festa prossegue com a participação de vários personagens: no sábado e no domingo, o “mordomo régio” recebe a corte e os brincantes em casa; na semana seguinte, os “mordomas baixos” fazem o mesmo.
Na sexta , vários bois enfeitados com flores percorrem a cidade, antes de serem mortos, na manhã do sábado, dia em que o imperador ou a imperatriz e os mordomos distribuem esmolas.
No domingo, depois de uma grande missa e de um almoço na casa do(a) soberano(a), elege-se o imperador ou a imperatriz da festa seguinte.
Guia de Turismo e Viagem de Alcântara no Maranhão